### A Nova Era de Stefan Bollinger no Julius Baer
Em seu primeiro dia como CEO do Julius Baer, Stefan Bollinger lançou um convite à sua equipe: não tenham medo de se expressar e procurem-no para discutir mudanças necessárias. Essa atitude inicial desencadeou uma avalanche de mais de 1.000 e-mails, revelando um clima de apreensão e expectativa em uma instituição com uma história rica, mas marcada por escândalos recentes.
### Desafios no Caminho
Bollinger, um profissional com duas décadas de experiência no Goldman Sachs, foi escolhido para sanar as feridas da organização. Desde que assumiu em janeiro, ele já implementou mudanças significativas, incluindo a reestruturação da equipe de gestão e a introdução de um modelo de co-liderança, semelhante ao que praticava no gigante de Wall Street. No entanto, os desafios ainda são muitos.
Após cinco meses no cargo, a situação permanece tensa. Análises apontam que suas reformas são vistas como “insatisfatórias”, complicadas ainda por um histórico de problemas financeiros, como a perda de US$ 700 milhões devido ao colapso do império imobiliário de Rene Benko e penalidades por lavagem de dinheiro herdadas. Essas questões precisam ser resolvidas antes que Bollinger e o novo presidente, Noel Quinn, possam estabelecer o Julius Baer como “o gestor de patrimônios mais admirado do mundo”.
### Uma Cultura em Transição
Em conversas com ex-funcionários e colaboradores atuais, fica claro que o banco se encontra em um momento de luta interna. Enquanto o novo estilo de gestão de Bollinger promove a responsabilidade e o controle de riscos, ele esbarra em uma cultura mais tradicional, que valoriza o consenso. Essa energia renovadora gerou entusiasmo em alguns setores, mas também causou descontentamento em outros, levantando questões sobre o quanto a cultura do banco pode mudar e qual será a receptividade dos investidores a esses novos rumos.
> “Nenhuma organização pode ser bem-sucedida sem a cultura certa”, afirmou Bollinger durante o recente dia de investidores, reforçando sua intenção de focar em “desempenho e responsabilidade”.
### Novos Rumos e Desafios Persistentes
Bollinger, que é o primeiro CEO de fora do Julius Baer desde 2009, busca corrigir falhas que persistem há anos na cultura organizacional do banco. Desde 2015, o Julius Baer tem enfrentado o escrutínio das autoridades americanas devido a seu envolvimento em escândalos de lavagem de dinheiro, incluindo o caso da FIFA e a corrupção na PDVSA, a estatal venezuelana. Após a saída de Philipp Rickenbacher do cargo, os desafios permanecem, especialmente em relação à investigação da reguladora suíça Finma, que examina lapsos significativos na gestão de riscos da empresa.
### O Impacto das Investigações
Quando a investigação da Signa foi divulgada em fevereiro, as ações do banco despencaram 13%. O mercado percebeu que um programa de recompra de ações, que era esperado, poderia estar ainda mais distante. Para investidores que mantêm ações há uma década, o retorno foi apenas modesto, com ganhos mínimos, o que gera pressão sobre Bollinger para que a situação mude rapidamente.
Dentro do banco, garantir que a investigação avance de forma eficaz e que os acionistas vejam retorno em seus investimentos é uma prioridade. Contudo, o peso das questões regulatórias pode dificultar a implementação do plano de redução de custos, levando a uma suavização das metas de eficiência herdadas da administração anterior.
### Resistência Interna e Dinâmicas de Poder
A nova missão de Bollinger é complexa, especialmente com interesses enraizados em todo o banco, que se estendem até o conselho de administração. A chegada de Noel Quinn, ex-CEO do HSBC e agora presidente do Julius Baer, traz uma dinâmica que pode desafiar a mentalidade do “sempre fizemos assim”. Quinn reconheceu que há uma cultura que precisa ser transformada, uma evidência de que a necessidade de mudança é amplamente reconhecida.
### Um Convite à Ação
A carreira de Bollinger tem sido marcada por um foco no cliente, essencial no setor de gestão de patrimônio. No entanto, ele ainda carece de experiência na gestão de um grande banco. Desde sua chegada, tem se empenhado em conhecer os clientes e a construir relacionamentos com investidores e reguladores, com viagens rápidas a locais estratégicos como Genebra, Cingapura, Hong Kong e Dubai.
Embora tenha se esforçado para se tornar visível, alguns stakeholders internos sentem que a presença de Bollinger não é tão forte quanto deveria ser, o que pode ter alimentado certa resistência a suas propostas. A tentativa de reformar a estrutura de remuneração dos gerentes de relacionamento, por exemplo, não avançou como ele esperava.
### Mudanças Culturais e Estratégicas
As inovações características do estilo Goldman de Bollinger visam enfrentar desafios culturais. A introdução de co-lideranças em alguns setores foi uma estratégia para compartilhar poder e evitar rivalidades internas. Além disso, promover a propriedade de ações em níveis mais baixos e encorajar uma comunicação aberta são exemplos de como ele busca transformar a cultura do banco.
Enquanto alguns colaboradores aplaudem as mudanças, outros argumentam que Bollinger não tem compreendido completamente a cultura do Baer e que sua adaptação poderia ser mais profunda. O apoio de Quinn se torna uma peça chave nesse quebra-cabeça, já que sua experiência em lidar com stakeholders complexos pode ser essencial para a transição.
### Abordando os Fantasmas do Passado
Recentemente, o banco teve que lidar com os resquícios de um caso de lavagem de dinheiro de seis anos, que resultou em uma penalidade financeira, além de revelar uma baixa não divulgada de 130 milhões de francos suíços (aproximadamente US$ 160 milhões) em empréstimos imobiliários. Esses eventos ativaram memórias do escândalo envolvendo Benko.
Um cenário de nervosismo e inquietação começou a se formar entre os colaboradores da instituição, refletindo um ambiente em que muitos hesitam em questionar a autoridade, seja por acreditar que nada mudará, seja por medo de represálias.
### Superando Obstáculos e Oportunidades no Horizonte
Apesar das dificuldades, a nova liderança do banco ainda pode se considerar otimista. O índice preço/valor patrimonial (PVP) da instituição, uma indicação da confiança dos investidores no futuro, permanece superior ao de seu concorrente UBS. Para Bollinger, o Julius Baer tem em mãos uma marca forte, uma equipe talentosa e um modelo de negócios robusto.
### O Caminho para o Futuro
À medida que Bollinger caminha por essa fase de transformação, sua capacidade de cultivar um ambiente focado na responsabilidade e no desempenho será crucial. O futuro do Julius Baer está em suas mãos, e a maneira como ele navegará os desafios e aproveitará as oportunidades definirá o sucesso de sua gestão.
Agora, mais do que nunca, o time está em busca de um novo começo. Será que as mudanças propostas por Bollinger trarão os resultados esperados? O que você acha? Compartilhe suas opiniões e juízos sobre essa nova fase no Julius Baer!




