FIIs
No Brasil, o desejo de investir em imóveis — seja comprando para alugar ou para montar um patrimônio sólido — é uma tradição que muitos entendem bem. Porém, os tempos mudaram e, com eles, surgiram novas formas de rentabilizar o dinheiro, como os Fundos Imobiliários (FIIs). Em anos recentes, esses fundos se tornaram uma alternativa que combina a previsibilidade dos aluguéis com a agilidade da bolsa de valores, tornando o acesso à renda passiva e ao planejamento financeiro de longo prazo muito mais fácil e atrativo.

Da Propriedade ao Fundo: Entenda a Transformação
De acordo com Marcos Baroni, analista e professor, os FIIs trazem a solidez que um portfólio precisa. “Os fundos imobiliários têm um papel fundamental, proporcionando estabilidade e previsibilidade ao investimento”, afirmou durante a live Ação Investidora, organizada pela Suno. Ele enfatiza que esses fundos são adequados para todos os perfis de investidores e planejamento financeiro.
Mais especificamente, os fundos de tijolo adquirem imóveis diretamente (como prédios, galpões e shoppings), oferecendo um fluxo de caixa previsível, vinculado a contratos de aluguel. Em contrapartida, os fundos de papel investem em recebíveis, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que estão atrelados à inflação, juros ou CDI. Embora esses fundos de papel possam proporcionar retornos melhorados, a rentabilidade é mais volátil, variando com os indicadores. Baroni ressalta a importância de manter uma abordagem disciplinada: “É essencial permanecer como investidor a longo prazo, independentemente da volatilidade do mercado”.
Embora a ideia de ter a “escritura na gaveta” ainda ressoe forte culturalmente, a flexibilidade e a gestão que os FIIs proporcionam oferecem vantagens significativas. Baroni acredita que “o fundo imobiliário se torna um veículo mais acessível e democrático para que os brasileiros comecem a investir”. Além disso, ele recomenda o reinvestimento: mesmo ao se aproximar da aposentadoria, é crucial alocar uma parte dos rendimentos para garantir que a renda continue a crescer ao longo do tempo — uma necessidade presente, mesmo que em graus variados, tanto em tijolo quanto em papel.
Integrando FIIs ao Seu Portfólio Sem Preocupações
Na visão de Baroni, o perfil de risco do investidor varia conforme a fase da vida, a renda e os objetivos financeiros, deixando claro que não existe uma abordagem “certa” ou “errada”. O investidor conservador busca preservar seu capital, o moderado procura um equilíbrio, e o arrojado aceita maiores oscilações em busca de retornos mais elevados. Um termômetro eficaz para saber se a alocação está correta é simples: “Se você perde o sono com sua carteira, isso pode indicar que algo está fora do lugar”.
A análise do portfólio como um todo é mais relevante do que a avaliação de cada fundo isoladamente. Enquanto alguns FIIs podem passar por flutuações nas distribuições, ao integrá-los em uma carteira maior, com 10 ou 15 fundos, a volatilidade tende a se equilibrar.
Os investidores que mantêm uma postura de compra a longo prazo podem enxergar oportunidades durante períodos de baixa. Baroni sugere: “Adquirir unidades durante essas quedas pode se traduzir em retornos melhores”. Ele conclui com uma mensagem de consistência: “Historicamente, aqueles que mantêm um plano de investimento a longo prazo conseguem colher os frutos de um crescimento estável nas suas rendas passivas.
Por outro lado, é importante lembrar que questões como tributação e o cenário econômico de juros e inflação podem alterar a atratividade entre os imóveis diretos e os FIIs. Por isso, é essencial reajustar a alocação, focar na qualidade dos ativos e ser disciplinado em termos de reinvestimento.
Em resumo, o sonho de “viver de aluguel” ainda está bem vivo. Porém, ao integrar os FIIs à sua estratégia de investimentos, ele se transforma em algo mais flexível, líquido e diversificado, adequando-se às demandas contemporâneas do investidor.




