O Futuro do Emprego em Economias em Desenvolvimento

O Banco Mundial está empenhado em descobrir quais empresas serão as maiores geradoras de emprego no futuro. Este mapeamento é fundamental para garantir novas oportunidades para a força de trabalho nas economias em desenvolvimento. O estudo, que abrange países como Brasil, Indonésia e Hungria, revela cinco temas essenciais que podem moldar a criação de empregos nos próximos anos.

1. A Importância da Adoção Tecnológica

No cenário atual, uma fração reduzida de empresas responde por uma quantidade significativa de novos postos de trabalho. Empresas mais dinâmicas, frequentemente mais jovens, apresentam melhores chances de sucesso, independentemente de seu tamanho inicial. Mas o que justifica esse crescimento?

• Conexões Eficientes: Empresas situadas em áreas bem conectadas costumam prosperar, principalmente quando estão integradas em cadeias de valor ou atuam como fornecedores de multinacionais.
• Gestão e Inovação: Habilidades gerenciais mais aprimoradas e a adoção de novas tecnologias têm se mostrado cruciais para o sucesso dessas empresas.
• Investimentos Estratégicos: Direcionar capital privado para empreendimentos que criem empregos em larga escala pode ser um diferencial significativo.

Curiosamente, um pequeno grupo de empresas, conhecido como “empresas de alto crescimento”, é responsável por até dois terços de todos os novos postos de trabalho. Apesar de representar menos de 20% das firmas formais, essas empresas geram entre 60% e 65% dos novos trabalhos em economias emergentes.

No Brasil, o volume de emprego cresceu quase ininterruptamente desde 2023.

2. O Panorama Brasileiro

O Brasil destaca-se nesse contexto, onde 64% das firmas de alto crescimento têm menos de cinco anos de atuação. Essas empresas aparecem em diversos setores, como:

• Fabricação de alimentos processados na Costa do Marfim e Indonésia;
• Indústrias têxteis no Brasil;
• Fabricantes de móveis na Etiópia;
• Empresas de informática e eletrônicos no México.

Um dado impressionante é que, em países como Camarões, Ruanda e Gana, 50% dos empregos são oriundos de empresas com menos de 10 funcionários. No Brasil, essa porcentagem salta para mais de 60%, enquanto na Índia chega a incríveis 80%. Empresas mais novas têm se mostrado mais ágeis em sua adaptação, frequentemente modernizando-se e recrutando nativos digitais.

3. Crescimento das Empresas Jovens

As empresas de alto crescimento, que geralmente têm menos de cinco anos, estão acelerando de maneira notável. Na Colômbia, por exemplo, empresas com até quatro anos conseguem crescer de duas a três vezes mais rápido do que as mais antigas. No entanto, essa fragilidade também as torna mais suscetíveis a altas taxas de fechamento.

A localização das empresas é um fator determinante na contratação, mesmo em tempos de conectividade remota. Negócios estabelecidos em regiões industriais possuem vantagens, como:

• Logística de fornecedores mais barata;
• Acesso a mão de obra qualificada;
• Difusão rápida de conhecimento prático.

Assim, vínculos externos são catalisadores do crescimento e da criação de novos empregos. Empresas que expandem suas atividades para o mercado externo ou se conectam a cadeias de suprimentos globais geralmente registram um aumento mais acelerado em receita e produtividade, além de oferecer maior capacidade de folha de pagamento quando comparadas àquelas que permanecem em um espaço local.

4. Casos de Sucesso: Moçambique e Costa Rica

No contexto internacional, podemos observar exemplos positivos. Em Moçambique, o investimento estrangeiro direto gerou um impacto impressionante, com um multiplicador de empregos estimado em 5,4 após a descoberta de recursos naturais. Já na Costa Rica, fornecedores locais que conseguiram seu primeiro contrato com uma multinacional elevaram suas equipes em 27% em apenas quatro anos.

Outra evidência relevante vem da África do Sul, onde empresas que se juntaram a cadeias de valor globais apresentaram crescimento significativo na contratação. Na maioria dos casos, essas novas contratações foram feitas por empresas jovens, que se beneficiaram do aumento da demanda estrangeira.

Para integrar-se a redes de produção, as empresas mais antigas podem ter vantagens competitivas. No entanto, a criação de empregos em cadeias de valor globais é frequentemente impulsionada por startups que ainda têm espaço para crescer em escala e explorar seus recursos.

5. O Papel das Ferramentas Analíticas

O Banco Mundial reafirma a necessidade de ferramentas analíticas inovadoras, como algoritmos de triagem e diagnósticos setoriais, para identificar as empresas com maiores chances de crescimento sustentável no emprego. Esses recursos podem auxiliar na avaliação de fatores como:

• Modelos de negócios efetivos;
• Posicionamento no mercado;
• Capacidade gerencial.

Identificar essas características pode ajudar a direcionar políticas públicas e investimentos que realmente promovam a criação de novos empregos.