domingo, dezembro 7, 2025

Txai Suruí Convoca: Líderes da COP30 Devem Aprender com os Valores Indígenas!


Com “honra e um profundo senso de responsabilidade”, a líder indígena Txai Suruí recebeu a prestigiosa nomeação para o terceiro Grupo Consultivo da Juventude sobre Mudanças Climáticas, promovido pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. A novidade foi revelada em agosto de 2023.

Em uma entrevista no Podcast ONU News, Txai, que representa o povo Paiter Suruí, ressaltou que sua função como conselheira é uma oportunidade valiosa para dar voz àqueles que vivem na linha de frente da luta contra a crise climática, destacando a necessidade de se ouvir suas realidades.

Os jovens e os impactos das mudanças climáticas

“Os jovens são os que mais sofrem com essas mudanças”, afirma Txai. Ela compartilha sua experiência, mencionando que, além de enfrentar essas dificuldades, seu povo se dedica ativamente a projetos de reflorestamento, proteção das nascentes e até iniciativas ligadas à preservação de abelhas nativas. “A ONU e os representantes de diferentes países ainda desconhecem esse lado da nossa luta. Estamos aqui para amplificar a voz da juventude, que vai sofrer esses efeitos cada vez mais”, completa.

A ativista vê a imminente COP30, marcada para novembro em Belém, no Pará, como uma oportunidade única. Acredita que a maior presença da sociedade civil pode resultar em decisões urgentes para o planeta. “Um maior espaço para protestos e mobilizações pode impulsionar as mudanças que precisamos”, afirma.

Ameaças aos defensores da floresta

Entre as expectativas para a COP30, Txai destacou a criação de novos compromissos para a preservação das florestas. A jovem lembrou que a vida dos jovens indígenas se tornou cada vez mais arriscada na luta por suas terras. “Não dá para proteger a floresta sem proteger quem a defende. Meu pai e minha mãe enfrentam ameaças constantes, e isso impacta nossa saúde mental e emocional”, ressaltou.

Ela apontou que o Brasil é o segundo país a mais assassinar ativistas de direitos humanos e ambientalistas, com uma alta porcentagem sendo líderes indígenas. Um exemplo chocante mencionado foi o caso recente em Mato Grosso do Sul, onde jovens indígenas foram brutalmente assassinados.

“Essa realidade é desumana e fere diversos direitos humanos”, lamenta Txai, que vive com um protocolo rigoroso de segurança devido às ameaças constantes. “Necessitamos não apenas de resistência, mas de empatia e apoio para aqueles que se arriscam para a sobrevivência da floresta”, afirmou, ressaltando que essa luta é coletiva e pelo bem de todos.

A importância da liderança

Txai se vê como um reflexo da luta de seu povo e compartilha ensinamentos sobre liderança com jovens de diversas aldeias. Para ela, a humildade é essencial. “Um verdadeiro líder precisa ouvir, porque, ao representar um povo, é primordial entender suas necessidades”, diz.

Descendendo de uma linhagem de líderes, Txai enfatiza que não basta ser uma figura de autoridade, mas é essencial ter empatia e preocupação genuína com a comunidade. “Desde antes da colonização, os líderes indígenas sempre buscaram o bem-estar de seu povo, e essa é a essência da liderança que queremos cultivar hoje”, comenta.

Ela acredita que as decisões que afetam a vida dos povos indígenas não podem ser tomadas sem ouvir suas vozes. A presença constante em negociações e protestos é fundamental, mesmo sem convites formais. “Precisamos ser parte da conversa e garantir que nossos direitos e sabedoria sejam respeitados”, explica.

A Amazônia e suas lições

A jovem ativista se preocupa com as mudanças climáticas, que já impactam seu cotidiano, causando secas nos rios e afetando as colheitas. Na COP30, espera que o conhecimento ancestral dos povos indígenas seja valorizado, como uma forma de alcançar a harmonia com a natureza. “A Amazônia é um jardim dos povos indígenas, cuja rica biodiversidade é resultado de séculos de cuidado e preservação”, afirma.

O povo Suruí já falava sobre alterações climáticas muito antes do tema ser discutido globalmente. Desde 2005, o povo tem realizado projetos de reflorestamento, plantando mais de um milhão de árvores. “A nossa luta não é de hoje. O nosso conhecimento ancestral é fundamental na busca por soluções”, reitera.

A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, também reconheceu a importância do papel das populações tradicionais e como seu conhecimento pode se unir a inovações científicas. O objetivo é criar uma abordagem equitativa e eficiente para enfrentar a crise climática.

Desafios e esperança

Txai ressalta que a COP30 ocorrerá em um contexto político e ambiental delicado, mas visualiza uma oportunidade de força com a presença da sociedade civil. “No passado, muitos países que sediaram a COP eram governados por regimes autoritários. O Brasil se apresenta como uma democracia, ainda que imperfeita, e isso proporciona um espaço para mobilizações e protestos”, argumenta.

Ela enfatiza que o povo precisa lembrar que o poder pertence à população e que os líderes devem ser representantes de seus anseios. “A luta pela justiça climática é de todos nós, e precisamos garantir que nossas vozes sejam ouvidas”, diz.

Como líder, Txai enfrenta desafios diariamente, incluindo a constante ameaça à sua vida e à de outros defensores da floresta. “Viver sob ameaças não é saudável, e muitos jovens indígenas enfrentam essa realidade. Precisamos ser claros: não podemos normalizar essas violências, e o mundo deve ouvir nossas vozes”, conclui.

Cultivando novas lideranças

Txai dedica tempo ao treinamento de jovens em várias aldeias, transmitindo a importância da liderança. Ela busca formar novos líderes para que a luta pela preservação de suas culturas e territórios continue, mesmo quando ela não estiver mais presente. “É preciso que outros jovens assumam essa responsabilidade. Minha mãe, larga de um trabalho vital na defesa da justiça, e eu sou um reflexo da sua luta”, reconhece.

Ela aprendia desde pequena que “um bom líder precisa ser humilde, ouvir e se preocupar com o seu povo”, um ensinamento passado de geração em geração. Essa proposta de liderança é vital, especialmente diante de um cenário em que muitos líderes não se preocupam genuinamente com as necessidades da população. “Queremos líderes que pensem coletivamente e ajudem a resolver as questões de maneira colaborativa”, destaca Txai.

A jornada continua

Txai Suruí é um exemplo inspirador de como a juventude indígena pode atuar em defesa do seu povo e da natureza. Ao abraçar sua responsabilidade de liderança, ela não só representa sua comunidade, mas também propõe soluções práticas e sustentáveis para a crise climática.

O futuro é coletivo, e apenas juntos poderemos enfrentar esses desafios. É fundamental que a voz de cada um tenha vez nas mesas de decisão e que a luta pela preservação da Terra seja uma causa comum a todos nós.

O que você acha sobre a atuação dos jovens em questões climáticas? Compartilhe suas ideias e se engaje nessa discussão tão importante!

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