Expectativas da Temporada de Balanços em Wall Street: O Que Esperar?
Com a aproximação da temporada de balanços, os olhos do mercado estão voltados para Wall Street, que se prepara para enfrentar uma das temporadas de resultados mais fracas desde meados de 2023. Apesar das previsões um tanto desanimadoras, analistas da Bloomberg Intelligence projetam uma alta de 2,5% nos lucros do segundo trimestre de 2025 para o índice S&P 500. O que podemos, então, esperar dessa nova fase?
O Desempenho Setorial e as Perspectivas de Lucro
É importante observar que, entre os 11 setores do S&P 500, seis devem apresentar queda nos lucros. Isto é um reflexo das mudanças nas expectativas, que passaram de um crescimento anual previsto de 9,4% em abril para apenas 7,1%. Mesmo assim, o S&P 500 permanece próximo de sua máxima histórica, mesmo diante de previsões de lucros em declínio e da adaptação das empresas às políticas comerciais do governo.
As estimativas mais baixas, no entanto, podem oferecer um alicerce mais estável para que as empresas superem as expectativas. Gina Martin Adams e Wendy Soong, estrategistas da Bloomberg Intelligence, sugerem que essa facilitação pode ser uma vantagem para muitas empresas.
Margens de Lucro: A Chave do Sucesso
Kevin Gordon, estrategista sênior da Charles Schwab, observa que a situação atual coloca as expectativas em um patamar baixo, facilitando a superação das metas. Ele destaca a atenção que deve ser dada às margens brutas, onde é possível que a pressão tarifária se torne mais visível.
A temporada de resultados inicia-se de maneira não oficial na próxima quarta-feira (16), com a divulgação dos números de gigantes como JPMorgan Chase, Citigroup e BlackRock, além de pesos pesados como JB Hunt Transport Services e Netflix.
Principais Temas a Observar Durante os Resultados
Ao longo da temporada de balanços, existem cinco temas cruciais que devem ser monitorados pelos investidores, começando com:
O Impacto da Guerra Comercial
As tarifas impostas estão começando a abalar as cadeias de suprimentos e a elevar os custos operacionais, o que pode se refletir negativamente no lucro das empresas americanas. No entanto, até o momento, não há evidências de um impacto devastador nas demandas, embora a recuperação macroeconômica ainda esteja em fase de espera.
De acordo com a pesquisa liderada pelo analista Andrew Obin, do Bank of America, os analistas estão revisando suas previsões de lucros, e as margens de lucro do S&P 500 devem atingir um nível mínimo desde o primeiro trimestre de 2024. Espera-se, contudo, uma recuperação nos cálculos de margem ao longo dos trimestres seguintes.
Investimentos das Gigantes da Tecnologia
O cenário econômico não impediu grandes empresas de tecnologia de investir em inovações, principalmente em inteligência artificial. Microsoft, Meta Platforms, Amazon e Alphabet estão projetando um investimento total de aproximadamente US$ 337 bilhões em 2026 — um aumento em relação ao ano anterior.
As chamadas “Sete Magníficas” — Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Nvidia, Meta e Tesla — são esperadas para registrar um crescimento de 14% nos lucros, enquanto as demais empresas podem enfrentar uma ligeira contração.
Oportunidades no Mercado de Ações
Para os investidores, a seleção de ações é mais vital do que nunca. Lisa Shalett, do Morgan Stanley, sugere que procurem empresas que tenham potencial para superar as estimativas de lucro, especialmente nos setores de energia, finanças e saúde. Com a situação atual, manter os pés no chão é fundamental: o mercado pode ser promissor, mas os riscos permanecem.
Reavaliações no Mercado Europeu
Enquanto isso, na Europa, muitos analistas estão reavaliando suas estimativas devido à preocupação com o impacto da guerra comercial. O receio de que tarifas possam sofrer compressão nas margens levou a uma onda de rebaixamentos, especialmente em setores como automotivo e mineração.
Georges Debbas, do BNP Paribas, observa que as expectativas agora estão em um nível baixo, e enquanto as empresas não indicarem um segundo semestre desastroso, a temporada de resultados pode trazer boas notícias.
A Queda do Dólar e Seus Efeitos
A incerteza das políticas comerciais de Donald Trump e a pressão por cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) causaram uma desvalorização significativa do dólar, que caiu 10% neste ano. David Adams, do Morgan Stanley, vê essa desvalorização como um fator positivo para os lucros das empresas americanas que têm operações internacionais.
O Que Esperar?
Em suma, a temporada de balanços se aproxima com um cenário misto: uma expectativa de resultados modestos, mas com oportunidades claras em setores específicos, especialmente para as grandes tecnologias. Os investidores devem estar prontos para navegar por esse mar de incertezas, mantendo um olhar atento sobre os desdobramentos macroeconômicos e setoriais.
A temporada de resultados não é apenas uma questão de números — é um reflexo do estado atual da economia e das empresas. Quais tendências você acredita que vão se destacar? Compartilhe suas opiniões e reflexões nos comentários!