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A Ascensão e Queda das Competências de Grandes Potências: O Que Isso Significa para o Futuro?

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O Retorno da Competição entre Grandes Potências: Uma Nova Era de Colaboração ou Conflito?

“Após ter sido descartada como um fenômeno do século anterior, a competição entre as grandes potências voltou.” Essa afirmação, presente na Estratégia de Segurança Nacional divulgada pelo presidente Donald Trump em 2017, encapsula uma narrativa que os formuladores de políticas externas dos EUA têm contado a si mesmos e ao mundo na última década. Na era pós-Guerra Fria, a abordagem dos Estados Unidos era de cooperação com outras potências, buscando integrá-las em uma ordem global liderada por Washington. Porém, a partir de meados da década de 2010, um novo consenso começou a surgir: a época da colaboração tinha chegado ao fim, e a estratégia dos EUA precisava focar em competir com seus principais rivais—China e Rússia.

A Nova Ordem Mundial

Segundo o documento de Trump de 2017, os rivais de Washington estavam contestando suas vantagens geopolíticas e tentando alterar a ordem internacional em benefício próprio. Em resposta, sua Estratégia de Defesa Nacional, divulgada no ano seguinte, identificou a competição estratégica entre nações como “a principal preocupação da segurança nacional dos EUA.” Quando Joe Biden assumiu a presidência em 2021, alguns aspectos da política externa dos EUA mudaram radicalmente, mas a competição entre grandes potências permaneceu como tema central. Em 2022, a Estratégia de Segurança Nacional de Biden ressaltou que “o desafio estratégico mais urgente é o de potências que combinam governança autoritária com uma política externa revisionista.” A única resposta, segundo o documento, era “superar” a China e conter uma Rússia agressiva.

Essa crescente ênfase na competição entre grandes potências gerou reações diversas; muitos comemoraram, enquanto outros lamentaram essa abordagem. Contudo, à medida que a Rússia intensificava sua agressão na Ucrânia e a China deixava claro seu interesse em Taiwan, poucos esperavam que Washington abandonasse sua visão concorrencial. Com a expectativa da volta de Trump à Casa Branca em 2025, muitos analistas previam uma continuidade na política: uma “política externa Trump-Biden-Trump.”

Uma Reviravolta Surpreendente

Nos primeiros dois meses de seu segundo mandato, Trump virou esse consenso de cabeça para baixo. Em vez de competir com a China e a Rússia, ele passou a buscar colaborações com esses países, propondo acordos que, durante seu primeiro mandato, pareceriam contrários aos interesses dos EUA. Ele indicou seu apoio a um fim rápido da guerra na Ucrânia, mesmo que isso significasse humilhar publicamente os ucranianos em favor da Rússia.

Embora as relações com a China continuem tensas—especialmente devido às tarifas de Trump e à possibilidade de retaliação—ele comunicou a vontade de buscar um acordo abrangente com o presidente chinês Xi Jinping. Assessores do presidente afirmaram que Trump deseja se reunir “homem a homem” com Xi para discutir temas como comércio, investimento e armamentos nucleares. Enquanto isso, ele aumentou a pressão econômica sobre aliados europeus e o Canadá, o qual ele espera convencer a se tornar “o 51º estado.”

A Nova Narrativa: Colaboração em vez de Competição

Alguns analistas tentaram reinterpretar o comportamento de Trump como parte da competição entre grandes potências. As explicações variam desde a ideia de que se aproximar de Vladimir Putin é uma forma de política clássica, até a sugestão de que ele busca um estilo mais nacionalista de competição. No entanto, evidencia-se que a visão de Trump não se alinha com a competição, mas sim com a colaboração entre potências, um sistema de “concerto” semelhante àquele que moldou a Europa no século XIX.

Trump deseja um mundo onde líderes autocráticos façam acordos, não necessariamente de maneira harmoniosa, mas sempre com um objetivo em comum: impor uma visão compartilhada de ordem global. Isso não significa que a competição entre os EUA, China e Rússia vai desaparecer; o fenômeno da rivalidade internacional permanecerá, inegavelmente. Entretanto, a utilização da competição como princípio organizador da política externa americana tem provado ser rasa e efêmera.

A Questão da Estratégia

É fundamental ressaltar que a competição entre grandes potências nunca foi realmente uma estratégia coerente. Um plano estratégico implica que líderes definem objetivos claros e métricas de sucesso. Durante a Guerra Fria, por exemplo, o objetivo de Washington era aumentar sua influência para conter a expansão soviética. Já na era contemporânea, a luta pelo poder frequentemente se mostra um fim em si mesma, com a ausência de uma especificação clara sobre quando, como e por que essa competição ocorre.

A narrativa da competição entre grandes potências se tornou um poderoso componente do discurso político, refletindo a visão dos formuladores de políticas sobre a posição dos EUA no mundo. Nesse enredo, a principal protagonista é a própria nação americana, que pode ser apresentada ora como um herói forte e vibrante, ora como uma vítima num “mundo perigoso”, cercada por potências que ameaçam seus interesses.

A Reintegração dos Rivais

Na nova narrativa que se desenha, China e Rússia não são mais vistos apenas como antagonistas implacáveis. A proposta de um concerto de potências implica que, embora haja competição entre elas, é necessário manter algumas interações em um nível de cooperação, especialmente para enfrentar problemas globais compartilhados. Essa nova abordagem, se executada com eficácia, pode gerar uma estabilidade momentânea, mas apresenta desafios significativos:

  • Definição de Esferas de Influência: É difícil desenhar limites claros de influência entre potências. O equilíbrio de forças que existiu no passado raramente se mantém. O conflito e as disputas de poder tendem a ressurgir.
  • Desafios Externos: O atual ambiente global, com a crescente influência de potências médias, dificulta a gestão de um concerto. Países como Brasil, Índia e Japão já buscaram construir suas próprias instituições e acordos políticos que podem rivalizar com os interesses das potências estabelecidas.

Um Caminho para a Estabilidade

A ideia de um concerto de potências oferece um potencial para uma nova ordem mundial, proporcionando um espaço para que grandes potências colaborem em busca de uma paz duradoura. Contudo, isso requer uma história que priorize a colaboração real em vez de simplesmente uma aliança baseada na competição. Para isso, é necessário:

  • Estabelecer Normas Conjuntas: Criar normas que orientem a competição e definam quando ocorre a intervenção em conflitos internacionais.
  • Diálogo Sincero: Promover fóruns em que potências possam discutir e negociar seus interesses comuns de maneira transparente e colaborativa.

Um Futuro em Questão

Se a visão de Trump se concretizar, poderá haver uma reconfiguração da ordem global, mas as potenciais consequências não podem ser negligenciadas. No histórico, sistemas semelhantes foram incapazes de prevenir conflitos e acabaram levando a guerras devastadoras. Além disso, à medida que os desafios globais se intensificam, a ideia de que potências rivais podem colaborar para um bem comum é, ao mesmo tempo, atraente e repleta de riscos.

Desse modo, é essencial refletir sobre o que está em jogo neste novo caminho que os EUA parecem dispostos a trilhar. A intenção de redefinir parcerias e perceber na competição uma oportunidade de colaboração é intrigante, mas poderá resultar em mais tensões do que soluções, levando potencialmente a um novo ciclo de confrontos. Afinal, como você vê a relação entre as grandes potências na atualidade? É hora de colaboração ou uma nova era de conflitos se avizinha?

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