No cenário financeiro atual, os resultados das empresas do quarto trimestre de 2024 (4T24) têm causado reações intensas no mercado, levando alguns papéis a dispararem, enquanto outros enfrentam quedas acentuadas. Analisamos o desempenho das principais ações após a divulgação dos balanços e o que isso pode significar para investidores e o mercado em geral.
Desempenho do Mercado após os Resultados do 4T24
Na última sexta-feira (21), diversos papéis se destacaram positivamente, como os da Bemobi (BMOB3), que obteve um desempenho notável. As ações de Brava Energia (BRAV3) subiram para R$ 19,30, apresentando uma alta de 5,90%. A Hypera (HYPE3) e a Movida (MOVI3) acompanharam essa tendência, com alta de 6,58% e 6,35%, respectivamente.
Enquanto isso, outros papéis enfrentaram quedas significativas. As ações da Automob (AMOB3) despencaram 10% para R$ 0,27, e a Zamp (ZAMP3) viu suas ações recuarem 13,73%, cotadas a R$ 2,45. Outras quedas notáveis incluem a Cemig (CMIG4), que caiu 5,37%, e a Ânima (ANIM3), que perdeu 4,46% de seu valor.
Avaliações do 4T24
Vamos dar uma olhada mais detalhada nos resultados financeiros de algumas dessas empresas, começando pela Brava Energia.
Brava Energia (BRAV3)
A Brava apresentou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 505 milhões, valor que ficou levemente abaixo das expectativas do mercado, embora tenha alinhado com o consenso da Bloomberg. O desempenho se deve em parte às paradas de produção nos campos de Atlanta e Papa Terra, resultando em uma queda de 31% na comparação do trimestre passado.
Segundo um relatório da XP, a petroleira vivenciou um período desafiador, com uma produção 23,9% menor e preços em queda. O resultado líquido foi um prejuízo alarmante de R$ 1 bilhão, um número que traz à tona a preocupação sobre a alavancagem do negócio, que se situou em 2,8x Dívida Líquida/Ebitda, abaixo do covenant de 3,5x.
Com a retomada da produção nos campos, a Brava pode estar se dirigindo para um cenário mais estável. O Goldman Sachs acredita que os resultados ruins eram esperados devido ao desempenho fraco, com um foco futuro nas alocações de capital e desinvestimentos da empresa.
Hypera (HYPE3)
Os números do 4T24 da Hypera foram considerados fracos, com o Ebitda caindo apenas 3% segundo o BBI. No entanto, o que se destacou foi uma melhora significativa no prazo de recebimento de vendas, que caiu de 116 dias para 70 dias, praticamente atingindo a meta de 60 dias.
As vendas registraram uma queda de 18%, e a margem Ebitda caiu para 9%, evidenciando o impacto da otimização do capital de giro. Apesar disso, a empresa manteve um sell-out positivo, indicando boa venda dos produtos nas farmácias, principalmente de medicamentos patenteados, com crescimento de 25%.
A visão do BBI sobre a Hypera é neutra, levando em conta o fraco desempenho dos lucros e riscos associados à tributação do ICMS.
Movida (MOVI3)
A Movida apresentou resultados que se alinharam com as expectativas do mercado, reportando um EBITDA de R$ 1,244 bilhão, superando as expectativas em R$ 73 milhões. A empresa viu um crescimento significativo no desempenho operacional nos dois primeiros meses do ano, com receitas líquidas crescendo 20% em comparação com o ano anterior.
Para o JPMorgan, a Movida, que se negocia a 12,9 vezes o Preço/Lucro de 2025, mostra potencial positivo. A XP também destacou a performance da empresa, elevando suas projeções de lucro líquido para o primeiro trimestre de 2025.
Empresas com Maiores Quedas
Zamp (ZAMP3)
A Zamp, responsável por marcas como Popeye’s e Burger King no Brasil, viu seu Ebitda ajustado cair 20,4%, resultando em R$ 180,8 milhões. Mesmo com um crescimento de receita de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento nos custos (42,1%) prejudicou a margem de lucro.
A empresa cita a aquisição do direito de operar franquias de Starbucks® e Subway® como um passo importante para aumentar a produtividade, mas o Goldman Sachs aponta que o trimestre foi fraco, com preocupações sobre o crescimento sustentável e pressões de custo persistentes.
Automob (AMOB3)
Por sua vez, a Automob enfrentou dificuldades, reportando perdas significativas no quarto trimestre. Apesar de avanços na integração de M&As e a operação de carros de passeio, o setor de veículos pesados ainda apresenta desafios. A empresa se vê em uma posição de estoque considerável, o que poderá ser um empecilho para suas finanças futuras se não for administrado adequadamente.
Petz (PETZ3)
Por outro lado, a Petz apresentou resultados operacionais que surpreenderam positivamente. Embora tenha relatado um lucro líquido ajustado de R$ 10 milhões, o que é uma melhoria em relação ao ano anterior, a empresa continua a ser vista com cautela, atingindo um preço-alvo de R$ 5,25 em suas ações. O crescimento nas vendas foi impulsionado principalmente pelo bom desempenho em lojas físicas, que mostraram um aumento de 11% nas vendas.
Eneva (ENEV3)
A Eneva trouxe resultados abaixo do esperado, com um Ebitda de R$ 1,2 bilhão, levemente inferior à previsão do JPMorgan. O desempenho foi prejudicado por eventos não recorrentes em seus negócios de geração solar e gás natural liquefeito, que impactaram negativamente o balanço.
Considerações Finais
Os resultados do 4T24 foram diversos e destacaram a complexidade do ambiente empresarial atual. Enquanto algumas empresas, como Brava e Hypera, enfrentaram desafios significativos, outras, como Movida, mostraram resiliência e capacidade de se adaptar a um mercado em mudança. A dinâmica entre crescimento e dificuldade tem sido uma constante, e a identificação de oportunidades e ameaças será essencial para os investidores nos próximos trimestres.
Você acredita que esses resultados podem impactar as escolhas de investimento? Deixe suas opiniões nos comentários e compartilhe suas observações sobre como as empresas estão se posicionando no mercado!