Início Ásia Aposentadoria Tardia Afeta Milhões: Como Mudanças na Idade Impactam Agricultores na China

Aposentadoria Tardia Afeta Milhões: Como Mudanças na Idade Impactam Agricultores na China

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Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

### A Polêmica Aumento da Idade de Aposentadoria na China

A recente decisão do governo da China de elevar a idade mínima de aposentadoria gerou discussões acaloradas, afetando mais de **400 milhões de cidadãos**. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas da China, essa mudança significa que os trabalhadores mais velhos terão um tempo reduzido para aproveitar suas pensões, ao mesmo tempo em que precisarão contribuir por um período mais longo.

#### Impacto nos Agricultores Idosos

Essa decisão é especialmente preocupante para os **mais de 200 milhões de agricultores** idosos da China, que enfrentam desafios financeiros e sociais. Ao contrário dos trabalhadores urbanos, que se beneficiaram de planos de aposentadoria introduzidos em 1978, os agricultores foram contemplados apenas em **2009**. Essa cronologia gera uma disparidade imensa no acesso a benefícios essenciais.

Analistas acreditam que o Partido Comunista Chinês (PCCh) tem trasladado suas falhas na gestão do sistema de pensões para a população, sobrecarregando principalmente os agricultores, um dos segmentos mais vulneráveis. À medida que a desigualdade social diminui e a economia desacelera, espera-se que a nova política cause ainda mais tensão e estresse.

Em setembro passado, foi anunciado que a idade de aposentadoria aumentaria para **63 anos** para homens e entre **55 a 58 anos** para mulheres, dependendo do tipo de trabalho. A implementação será gradual e deve se concluir até **2040**.

#### Contexto Econômico e Desafios Futuros

Esse movimento acontece em um momento em que a China lida com uma economia fraca e uma crescente dívida governamental. Antes de quaisquer alterações na política, a Academia Chinesa de Ciências Sociais sinalizou que o fundo destinado ao pagamento de pensões pode entrar em ##déficit até 2028, com risco de esgotar completamente até 2035.

Várias províncias e distritos já apresentaram sinais de esgotamento dos fundos de pensão. Um relatório revelou que, em 2016, pelo menos **13 províncias** estavam prestes a esgotar seus recursos financeiros. Em Heilongjiang, essa situação culminou em um déficit acumulado de **23,2 bilhões de yuans** (aproximadamente US$ 3,3 bilhões).

### Discriminação e Baixas Aposentadorias para Agricultores

Durante mais de meio século, os agricultores da China enfrentaram tratamento desigual, evidenciado pelo sistema de registro **hukou** rural, que os excluiu de benefícios sociais cruciais. O primeiro programa piloto de aposentadoria rural só foi instituído em **2009**, oferecendo uma pensão básica de **55 yuans** (menos de US$ 8) por mês.

Para se ter uma noção da disparidade, essa quantia foi aumentada para **123 yuans** (menos de US$ 18) em março de 2024. Em compensação, trabalhadores urbanos em cidades como Pequim e Xangai recebem, em média, **5.100 yuans** (cerca de US$ 720) mensalmente, um valor que contrasta brutalmente com o que os agricultores recebem.

Além disso, a diferença nas aposentadorias urbanas e rurais se torna ainda mais significativa, especialmente em tempos de crise econômica, onde as receitas locais diminuem. Enquanto isso, os trabalhadores aposentados do governo consomem uma parte substancial dos gastos com pensões no país.

#### Suicídio e Desespero

A pressão sobre os agricultores idosos, especialmente em áreas rurais empobrecidas, tem levado a uma crise de sobrevivência. Infelizmente, o **suicídio** entre essa população tem aumentado. Pesquisa liderada por Liu Yanwu, professor de sociologia da Universidade de Wuhan, revelou que até **30%** das mortes em um condado da província de Hubei, em 2008, foram suicídios: uma estatística alarmante e, segundo ele, conservadora.

Os motivos que levam a esse desespero são complexos e multifacetados, mas giram em torno da **falta de uma pensão digna** e da escassez de serviços médicos acessíveis. Aqueles que enfrentam doenças crônicas ou limitações relacionadas à idade frequentemente se sentem sem esperança, temendo se tornar um fardo para suas famílias.

![Idosa em um lar de idosos](https://www.epochtimes.com.br/assets/uploads/2024/10/id205782-101015145941-600×407-1.webp)

A política do filho único e o envelhecimento populacional estão causando desafios crescentes nos cuidados com os idosos. Liu Jin/AFP/Getty Images

### Questões Estruturais Profundas

O problema da aposentadoria na China é ainda mais complicado pela política do **filho único**, que vigorou por mais de 30 anos e que limitou o crescimento da força de trabalho, resultado em menos pessoas para apoiar os idosos. Muitos jovens são forçados a deixar suas cidades natais em busca de melhores oportunidades, deixando seus pais e avós sozinhos.

Cai Shenkun, analista da situação, destacou que, na realidade atual, os agricultores mais velhos frequentemente se encontram em uma situação em que precisam se sustentar ou contar com suas economias para sobreviver. “É como se estivessem sozinhos, sem um suporte adequado”, afirma.

É interessante notar que, ao longo da história, os camponeses têm sido uma base sólida para o PCCh, ajudando-o a ganhar seu poder e depois sendo severamente pressionados durante a urbanização e industrialização do país. Basta lembrar que, em períodos críticos, eles se sacrificaram economicamente e até deram seus filhos para lutar em guerras em nome do partido.

### Consequências da Urbanização e Industrialização

Entre as décadas de 1950 e 1970, os agricultores sofreram intensas repercussões da estratégia do PCCh, que se concentrou na extração de recursos do setor agrícola para sustentar a industrialização. Isso levou a uma drástica **redução nos padrões de vida** da população rural, resultando em situações extremas, como fome.

Com a liberalização da economia na década de 1980, os agricultores passaram a perder suas terras, sendo colocados à margem da urbanização. Este processo prejudicou suas condições de vida, relegando-os a um estado de precariedade que se reflete na atual desproporção nos benefícios sociais.

#### O Paradoxo do Crescimento

Cai enfatiza que, apesar dos camponeses contribuírem significativamente para a economia, eles obtêm muito pouco em troca. “Eles pagam mais, mas recebem menos benefícios. Para muitos, a aposentadoria é um sonho distante, e, em muitos casos, são forçados a trabalhar em condições adversas até a velhice”, conclui.

O que está em jogo neste cenário não é apenas a sobrevivência econômica, mas a dignidade e o bem-estar de milhões de cidadãos que contribuem para o desenvolvimento da nação enquanto veem suas necessidades básicas ignoradas.

Ao ponderar sobre essas questões, fica evidente que a idade de aposentadoria e a estrutura de seguridade social na China são tópicos críticos que exigem atenção e reforma. A situação dos agricultores, em particular, traz à tona a necessidade de mudanças que assegurem um futuro mais justo e equitativo para todos. Que lições podemos tirar desse panorama? Como podemos, como sociedade, apoiar aqueles que sustentam o país? A conversa deve continuar, e sua voz é fundamental. Compartilhe suas opiniões e reflexões!

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