Nova Guerra de Tarifas: Rappi e 99Food Lutam pelo Mercado de Delivery
Uma nova batalha no setor de entregas está em curso, e desta vez Donald Trump não faz parte do enredo. As startups de entrega de comida estão se mobilizando em uma tentativa de desbancar o Ifood, atualmente dominante, com mais de 80% do mercado, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Ambas as empresas têm uma estratégia em comum: zerar as taxas que são cobradas dos restaurantes.
Rappi Inova com Nova Política de Taxas
Recentemente, o Rappi lançou uma iniciativa que promete mudar as regras do jogo. Desde o dia 5 deste mês, a startup colombiana anunciou que vai cobrar apenas as taxas de meios de pagamento para novos restaurantes que utilizarem o modelo chamado full service. Nesse modelo, a empresa se encarrega da logística de entrega, cobrando uma tarifa de apenas 3,5%. Na prática, isso significa que, a cada R$ 100 em vendas, o restaurante receberá R$ 96,50 — uma mudança significativa em comparação ao valor anterior, que era de R$ 83, após pagar taxas de intermediação e entrega.
Felipe Criniti, CEO do Rappi, afirmou que essa nova política se aplicaria inicialmente a novos parceiros, mas que, entre maio e junho, eles planejam migrar todos os contratos dos restaurantes já existentes. "Vamos zerar [as taxas] para todo mundo," destacou Criniti em entrevista ao InfoMoney.
A condição imposta
Entretanto, essa mudança não vem sem suas condições. Os restaurantes precisam oferecer preços mais acessíveis na plataforma, com valores que se aproximem dos preços do salão ou balcão. Historicamente, esses aplicativos de entrega costumam aumentar os preços em 20% a 30%, a fim de cobrir as taxas.
A Realidade do Mercado de Delivery no Brasil
Embora o Brasil seja o maior dos nove países onde o Rappi atua, ele representa apenas 15% do negócio total da startup. Enquanto em outros mercados a vertical de restaurantes é responsável por até 80% das entregas, no Brasil essa cifra não ultrapassa 20%.
Para contornar essa situação, o Rappi planeja dobrar sua base atual de 30 mil restaurantes até 2025. A meta ambiciosa é aumentar em dez vezes a participação desse segmento nos negócios da empresa no Brasil, com 40% do investimento de R$ 1,4 bilhão destinado a essa área. Atualmente, 80% da receita do Rappi no país vem de serviços de delivery de supermercados, farmácias e e-commerce, além de entregas rápidas em restaurantes populares como Habib’s e Burger King.
99Food Também Entra na Disputa
Não ficou apenas o Rappi à frente dessa batalha tarifária. A 99Food, outra grande player no mercado, também aderiu à onda de isenções de taxas para os restaurantes. Segundo um comunicado oficial, a nova política visa zerar todas as taxas de comissão e mensalidade por dois anos para atrair até 400 mil estabelecimentos excluídos das plataformas.
Promessa de eficiência
Desde a última semana, a 99Food está se posicionando como a opção mais econômica para delivery, tanto para comerciantes quanto para consumidores. Com uma base de 55 milhões de usuários no superaplicativo, a empresa garante que esse movimento ajudará a recondicionar muitos comerciantes que estavam fora do circuito.
Bruno Rossini, diretor sênior da 99, disse: "Os restaurantes não precisam mais ceder um terço do que ganham só para cobrir custos. Isso é uma revolução." Ele enfatizou que, em média, os restaurantes poderão lucrar cerca de 20% a mais do que atualmente, permitindo que o delivery se torne uma fonte significativa de lucro.
Modelos de Operação Flexíveis
A 99Food oferece duas opções para seus parceiros:
- Full Service: A 99Food cuida de todo o processo, com uma taxa de entrega fixa conforme a distância.
- Marketplace: O restaurante recebe pedidos via 99Food, mas realiza a entrega de maneira independente, o que preserva a autonomia do comerciante.
Impacto na Dinâmica de Mercado
Com um investimento superior a R$ 1 bilhão previsto apenas para 2025 e a presença no celular de 1 em cada 4 brasileiros, a 99Food se considera a posição ideal para desafiar os principais players do mercado de delivery.
Em uma simulação apresentada pela empresa, descobriu-se que em um pedido de R$ 100, um comerciante via plataformas tradicionais teria até R$ 73,80 após o pagamento de taxas e comissões. Já na 99Food, como não haverá custos adicionais, o comerciante ficaria com R$ 92,30.
Oportunidades para Restaurantes
Essas inovações nas tarifas criam um ambiente potencialmente mais lucrativo para os restaurantes, especialmente para aqueles que se sentem oprimidos pelas altas taxas das plataformas concorrentes. Agora, as oportunidades são mais abundantes, e os comerciantes têm a chance de otimizar suas margens de lucro sem comprometer a qualidade do serviço.
Perspectivas Futuras
Com essas mudanças no cenário do delivery, fica a pergunta: será que os consumidores sentirão a diferença nos preços finais? E mais ainda, como essa guerra de tarifas impactará a lealdade do cliente e a escolha da plataforma?
Os próximos meses serão cruciais para acompanhar a evolução dessa disputa entre o Rappi e a 99Food. À medida que cada empresa busca conquistar uma fatia maior do mercado, o que certamente se desdobrará em benefícios para os consumidores e uma maior variedade de opções.
Se você é um empreendedor do setor de alimentação, é um bom momento para revisar suas estratégias de preços e presença online. O mercado está mudando, e aqueles que souberem se adaptar poderão sair na frente.
Com as novas propostas, tanto do Rappi quanto da 99Food, a tendência é que os mercados locais se tornem mais atrativos para pequenos e médios restaurantes, tornando a batalha por espaço na mesa dos clientes ainda mais intensa.
O que Você Acha?
Como você vê essa mudança no mercado de delivery? Acha que os benefícios superam os riscos? Deixe sua opinião nos comentários! Quem sabe sua perspectiva não ajude outros a também navegarem por essa nova realidade no cenário gastronômico brasileiro?