Banco do Brasil: Resultados do 3T24 e Expectativas Futuras
O Banco do Brasil (BBAS3) acaba de marcar o encerramento de sua temporada de resultados referente ao terceiro trimestre de 2024 (3T24). Apesar de apresentar um lucro ajustado que se alinha com as expectativas do mercado, totalizando cerca de R$ 9,5 bilhões, o desempenho geral da instituição ficou aquém das expectativas. Os ativos da empresa fecharam o período com uma redução de 2,24%, cotados a R$ 25,37. Vamos entender melhor o que isso significa para investidores e o que pode vir pela frente.
Lucros e Desempenho Geral
A XP Investimentos destacou que o resultado negativo do Banco do Brasil no 3T24 foi fortemente influenciado por um aumento considerável nas provisões para perdas com empréstimos. O crescimento foi expressivo: 29,2% em relação ao trimestre anterior e 34,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Esse cenário foi, principalmente, impulsionado pelas dificuldades presentes no setor de agronegócios, uma área significativa para o banco.
Embora o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) tenha mostrado robustez, apresentando uma leve queda, passando de 21,3% no terceiro trimestre de 2023 para 21,1% neste último trimestre, o impacto das provisões e a saúde do portfólio de ativos estão chamando a atenção dos analistas.
Revisão das Provisões e Perspectivas
Uma das principais conclusões dos analistas é a necessidade de revisar as estimativas de provisões. Por dois trimestres consecutivos, o Banco do Brasil foi forçado a reavaliar seu guidance. A nova projeção indica que as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) ficarão entre R$ 34 bilhões e R$ 37 bilhões neste ano, enquanto a previsão anterior girava entre R$ 31 bilhões e R$ 34 bilhões. Somente no terceiro trimestre, essa linha alcançou R$ 10 bilhões, totalizando R$ 26,4 bilhões em nove meses.
E por que isso acontece? A resposta vem dos analistas da XP, que afirmam que, apesar de o mercado já ter antecipado um desempenho insatisfatório no setor agrícola, não se pode descartar um impacto negativo nos preços das ações decorrente desse resultado trimestral.
Análise de Competidores e Situação Atual
O Bradesco BBI expressou preocupação com as tendências negativas observadas no Banco do Brasil, ressaltando que a deterioração na qualidade dos ativos do agronegócio foi significativa. Embora o lucro líquido tenha se mantido em linha com as projeções, a pressão nas despesas de provisão foi evidente. Por outro lado, um benefício da taxa de imposto efetiva mais baixa ajudou a manter o lucro em um patamar aceitável.
Com base nas análises mais recentes, aqui estão alguns pontos relevantes:
- Renegociação de Portfólio: O portfólio renegociado do banco apresentou um aumento, mas isso foi acompanhado por uma leve queda na cobertura das provisões.
- Despesas Operacionais: Apesar das dificuldades, houve uma melhora nas despesas operacionais, o que resultou em uma revisão positiva da orientação do banco.
- Crescimento do Portfólio: O Banco do Brasil continuou crescendo perto da faixa superior do guidance, com um aumento de 11% na base anual.
Expectativas Futuras: O Que Esperar?
O Itaú BBA também reportou resultados mais fracos do que o esperado. As receitas aumentaram 2% em comparação ao trimestre anterior, mas as despesas com provisões dispararam 20%, principalmente por conta da situação no campo. Em consequência, a perda antes dos impostos foi de 16%, embora uma menor taxa de imposto de renda tivesse um efeito compensatório, resultando em uma leve queda de 2% no lucro.
Indicadores Importantes
Aqui estão algumas das métricas que os analistas estão monitorando:
- Índices de Inadimplência: A inadimplência aumentou em 30 pontos base, levando à revisão da orientação para provisões.
- Margem Financeira: O desempenho da margem financeira segue em linha, mas o custo do risco apresenta tendências divergentes quando comparado a outros players do mercado.
Opiniões dos Analistas de Mercado
A reação do mercado às notícias do Banco do Brasil pode ser variada. O JPMorgan avaliou que, apesar das expectativas já estarem baixas, os resultados apresentados foram ainda mais fracos do que o esperado. Por outro lado, o Goldman Sachs reiterou uma recomendação de compra, destacando que, embora as condições do agronegócio não fossem totalmente inesperadas, a magnitude das provisões foi surpreendente.
Para resumir:
- Goldman Sachs: Recomendação de compra, destacando proposta de valorização para BBAS3.
- Bradesco BBI: Recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 32.
- Genial Investimentos: Também recomendou compra, mas com restrições quanto à deterioração acelerada da qualidade dos ativos.
Reflexões e Considerações Finais
O desempenho do Banco do Brasil no terceiro trimestre de 2024 deixa muitas questões no ar, especialmente em relação às suas provisões e à saúde dos ativos no agronegócio. Enquanto o lucro ajustado apresenta números em linha com as expectativas, os desafios no setor agrícola trazem preocupações que podem influenciar o comportamento das ações.
Apesar das incertezas, as expectativas para o quarto trimestre de 2024 parecem mais otimistas, com potenciais melhorias sazonais. Entretanto, é prudente manter um olhar crítico sobre a deterioração no setor agro e a sustentabilidade da redução da carga tributária.
A situação é complexa e merece a atenção tanto de investidores quanto de analistas. O Banco do Brasil ainda parece ter um caminho a percorrer, e a interação entre resultados e expectativas futuras certamente moldará o sentimento do mercado. O que você acha sobre essa situação? Está otimista ou cauteloso em relação aos próximos passos do Banco do Brasil? Compartilhe suas opiniões!