Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
A Nova Fase da Relação EUA-África: Desafios e Oportunidades
WASHINGTON — Nos últimos momentos de sua trajetória política, o presidente Joe Biden expressou a determinação de “realizar o máximo de trabalho possível”. Em busca de consolidar esse legado, ele planeja visitar a África no início de dezembro, com o intuito de reforçar o comprometimento dos Estados Unidos com o continente, especialmente em um cenário de crescente rivalidade geopolítica com nações como China e Rússia.
A Importância da África no Cenário Global
A África, com sua vasta gama de recursos naturais e uma população que ultrapassa 1,5 bilhão de pessoas, está se posicionando como um player fundamental na economia global nas próximas décadas. Dada a crescente dependência mundial de minerais essenciais e terras raras, o papel do continente nas cadeias de suprimento global se tornará cada vez mais significativo.
A única parada de Biden em solo africano será em Angola. Inicialmente agendada para 13 de outubro, a viagem foi adiada devido a preocupações relacionadas ao furacão Milton, que afetou a Flórida. Recentemente, a Casa Branca anunciou que a visita foi remarcada para a primeira semana de dezembro, logo após as eleições presidenciais nos EUA.
Além da busca de laços diplomáticos, Biden planeja ressaltar sua iniciativa mais ambiciosa: o projeto do Corredor de Lobito, que é crucial para a segurança nacional americana.
- O Corredor de Lobito: Um projeto ferroviário que irá conectar a cidade portuária de Lobito, em Angola, a áreas ricas em recursos da República Democrática do Congo (RDC) e da Faixa de Cobre da Zâmbia.
- Objetivo: Aumentar o acesso aos minerais críticos, contrabalançando a influência da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) da China na África.
O especialista Michael Walsh, do Foreign Policy Research Institute, diz: “É uma competição pelo futuro da ordem mundial.” Ele acrescenta que a disputa pela influência africana não se limita apenas aos EUA e à China, mas envolve também países como Índia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
A presença militar da Rússia na África, através do envio de tropas do grupo Wagner, demonstra que a competição global por poder e recursos é intensa. Isso destaca ainda mais a necessidade dos EUA de se envolver de forma significativa com o continente.
A Riqueza Mineral da África: Oportunidades em Jogo
A África Subsaariana é rica em minerais críticos, detendo cerca de 30% das reservas globais, conforme informações do Fundo Monetário Internacional (FMI). A República Democrática do Congo é um destaque nesse cenário, possuindo mais de 70% do cobalto mundial, elemento vital para a fabricação de baterias de smartphones e veículos elétricos.
Os outros países da região que também possuem reservas significativas incluem:
- África do Sul
- Guiné
- Zimbábue
- Gabão
- Moçambique
- Tanzânia
Esses minerais desempenham um papel crucial, não apenas em eletrônicos do dia a dia, mas também em tecnologias de defesa, o que torna sua exploração vital para a segurança nacional dos EUA. O controle de cadeias de suprimento de minerais críticos é uma prioridade estratégica, especialmente em um mundo que busca reduzir a dependência da China, que atualmente controla uma parte significativa desse mercado.
Conforme Walsh observa, a percepção histórica de que os EUA não comprometem esforços significativos com a África deixou uma brecha, que agora a China está aproveitando amplamente através de investimentos substanciais em mineração e extração mineral em países como RDC, Gana e Zâmbia.
Impacto do Corredor de Lobito: Um Passo em Direção ao Futuro
O projeto do Corredor de Lobito está sendo apresentado por Biden como algo que “vai além de colocar trilhos”. Segundo ele, trata-se de:
- Criar empregos
- Aumentar o comércio
- Fortalecer cadeias de suprimento
- Melhorar a conectividade
- Impulsionar o comércio e a segurança alimentar
Financiado por um consórcio que inclui o governo dos EUA e o Banco Africano de Desenvolvimento, o Corredor de Lobito é visto como uma alternativa promissora às iniciativas chinesas de infraestrutura, que muitas vezes resultaram em dependência por parte dos países africanos, a chamada “armadilha da dívida”. Desde 2013, a China investiu centenas de bilhões na construção de uma vasta rede de estradas, ferrovias e outros projetos no continente, levando a um acumulado de dívidas sob a forma de acordos de BRI em 52 dos 54 países africanos.
Olhares para o Futuro: O que Aguardamos para a Relação EUA-África?
Enquanto Biden busca fortalecer os laços com a África, a incerteza persiste sobre como essas relações se desenvolverão nas próximas administrações. Com apenas 19 dias restantes até as eleições de 2024, a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump ainda não delinearam suas estratégias específicas para o continente africano.
A falta de foco nessas questões destaca um aspecto curioso: a África frequentemente não se destaca nas campanhas eleitorais americanas, e isso pode impactar decisões futuras. No entanto, a crescente demanda global por recursos da África não deve ser ignorada.
Os especialistas ressaltam que a oportunidade está diante dos EUA, especialmente em um cenário onde muitos recursos minerais ainda permanecem inexplorados. O geólogo Ned Mamula trouxe à luz que a África não tem se dedicado à mineração em comparação com outras partes do mundo, e isso representa tanto um desafio quanto uma oportunidade distinta para os Estados Unidos:
“Olha, todo continente tem recursos minerais. A questão é, como podemos minerá-los e processá-los em produtos úteis para a economia?”, questiona Mamula, apontando para a necessidade de desatualização das regulamentações ambientais que limitam as operações de mineração no país.
A crescente dominância da China nas cadeias de suprimento de minerais críticos – com cerca de 60% da produção global e 85% da capacidade de processamento em suas mãos – coloca a segurança nacional dos EUA em risco. Embora Biden tenha boas intenções com iniciativas como o Corredor de Lobito, muitos acreditam que isso não é suficiente para lidar com a dependência existente da China.
Portanto, o desafio será não apenas avançar nas relações econômicas, mas também explorar a rica tapeçaria de recursos que a África tem a oferecer, enquanto se cria um diálogo aberto e essencial entre diferentes nações.
É fascinante imaginar o potencial que a África detém, e como o caminho futuro dos EUA depende cada vez mais de uma colaboração mais estreita e mais comprometida com o continente africano.
E você, o que pensa sobre a crescente influência dos EUA na África? O que você acha que poderia ser feito para melhorar essas relações? Compartilhe seus pensamentos!
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