A Necessidade de uma Nova Abordagem dos EUA no Sul Global
Os Estados Unidos estão enfrentando um desafio significativo em sua relação com os países do Sul Global. A sua popularidade e influência nesse contexto têm diminuído, e as políticas que as administrações recentes tentaram implementar para reverter essa situação não têm alcançado os resultados esperados. A percepção de hipocrisia — onde os Estados Unidos apoiam a Ucrânia enquanto implicam em mortes em Gaza e no Líbano — revela um ceticismo histórico em relação ao compromisso de Washington com princípios humanitários, em vez de interesses próprios. Isso gera uma crescente sensação de que as nações em desenvolvimento arcam com os custos de uma liderança americana desigual.
Descontentamento no Sul Global
A pandemia de Covid-19 agravou a situação. O retorno econômico miserável de muitos países do Sul Global, combinada com a chamada "nacionalismo vacinal" das economias mais avançadas, aumentou o descontentamento. Além disso, a rejeição dos EUA ao livre comércio diminuiu as oportunidades de acesso a mercados, enquanto novas políticas industriais apresentam obstáculos adicionais. Portanto, apesar de alguns avanços nas interações econômicas e estratégicas, os Estados Unidos enfrentam um déficit de confiança.
Pressões por Engajamento
Os países do Sul Global têm tentado pressionar os Estados Unidos por um engajamento mais eficaz em fóruns multilaterais. No entanto, essas instituições muitas vezes se tornam parte do problema, falhando em se adaptar a uma nova distribuição de poder e alimentando acusações de hipocrisia. Alternativas antagônicas, como os BRICS expandidos e a Organização de Cooperação de Xangai, estão competindo pela influência da qual os EUA não podem se dar ao luxo de ignorar os interesses de potências emergentes, como Brasil, Índia e Indonésia.
O Impacto da Administração Trump
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA aumentou as apostas. O ex-presidente prometeu uma política externa unilateral, focando em um "América Primeiro" que poderia prejudicar mercados emergentes. Contudo, os recursos e materiais que os países do Sul Global possuem se tornarão cada vez mais centrais para resolver os problemas que seu governo deseja enfrentar, como a segurança nas cadeias de suprimentos e a obtenção de minerais críticos.
Uma Oportunidade de Redefinir Parcerias
A próxima presidência do G-20 em 2026, em meio a um cenário global em rápida mudança, representa uma oportunidade para a administração Trump corrigir sua relação com o Sul Global. O G-20, que representa cerca de 80% do PIB global, pode ser crucial para restabelecer a liderança dos EUA ao abordar questões como desenvolvimento sustentável, reforma das instituições multilaterais e conectividade digital.
O G-20 como Palco de Liderança Americana
A Importância do G-20
O G-20 não é apenas um espaço para discussões; ele é uma plataforma estratégica onde os Estados Unidos podem retomar a liderança. A inclusão dos principais países em desenvolvimento o torna um ator significativo em um mundo onde os valores tradicionais do G-7 não conseguem mais engajar todos os parceiros necessários. Após um período no qual o G-7 perdeu parte de seu poder, o G-20 surge como o novo fórum decisivo para a cooperação global.
Construindo sobre Fundamentos Sólidos
A história positiva dos EUA no G-20, especialmente durante a crise financeira global sob a liderança de Barack Obama e Gordon Brown, deve ser um ponto de partida. No entanto, o cenário geopolítico atual é muito diferente do de 2008. O crescimento de novas potências como China, Brasil e Índia quer um papel ativo e desafiador na cena mundial.
Exemplos Recentes de Liderança
- Indonesia em 2022: Destacou a recuperação equitativa pós-Covid-19, abordando saúde global e transições verdes.
- Índia em 2023: Focou na reforma das instituições multilaterais e na busca por novas oportunidades de financiamento.
Essas sucessivas presidências mostram que o G-20 está se movendo na direção certa, e os EUA devem seguir esse exemplo ao assumir a presidência.
Um Novo Compromisso
Para ganhar a confiança necessária para criar relacionamentos duradouros, os EUA devem apresentar uma ordem internacional mais robusta e inclusiva. Um mundo que enfrenta crises, como a pobreza extrema e as consequências das mudanças climáticas, demanda que os EUA se reafirmem como um parceiro digno de confiança.
Autoridade e Responsabilidade
A responsabilidade começa com uma abordagem diplomática mais suave que evite políticas inflamatórias. Para isso, é crucial que a próxima administração evite tarifas indiscriminadas e opte por engajamentos construtivos em fóruns multilaterais.
Na era de Trump, as oportunidades não devem ser desperdiçadas. Os EUA têm a chance de moldar estratégias que não apenas benefitem seus interesses, mas também supram as necessidades dos países do Sul Global.
Perspectivas para o Futuro
Uma presidência do G-20 que analise a importância das nações em desenvolvimento e promova parcerias reais pode abrir portas para um futuro colaborativo. Para isso, ações como a renovação da Lei de Crescimento e Oportunidades da África, que garante acesso ao mercado americano, são passos fundamentais.
Além disso, o governo deve se comprometer com as iniciativas já existentes e buscar alianças que superem rivalidades, focando uma agenda que beneficie todos os envolvidos.
Aproveitando o G-20 Ao Máximo
A próxima presidência do G-20 representa um divisor de águas para os Estados Unidos. Para evitar que a desconfiança se aprofunde e que as relações se deterioram mais, o país precisa estabelecer um discurso claro e coerente sobre sua posição no cenário internacional.
Para Reflexão
Trabalhar com países do Sul Global não é apenas uma estratégia; é uma necessidade. As oportunidades são imensas, e as consequências de não agir adequadamente são ainda maiores. Como os EUA se articulam em torno dessa nova abordagem fará toda a diferença. A confiança precisa ser restaurada e as relações precisam ser cultivadas, pois, no final das contas, todos ganham quando se trabalha em conjunto.
Fica a reflexão: como você vê o papel dos Estados Unidos no fortalecimento das relações com o Sul Global? O que poderia ser feito para melhorar essa situação? Compartilhe suas ideias e contribuições!