
Reuters
Projeções otimistas para a safra de soja 2024/25
Nesta quinta-feira, dia 16, a Agroconsult anunciou uma leve elevação em sua previsão de produção de soja para o Brasil na safra 2024/25. Apesar das preocupações relacionadas ao clima seco no Sul do país, a consultoria estima que os agricultores colherão um recorde de 172,4 milhões de toneladas, superando a anterior estimativa de 172,2 milhões de toneladas.
Se essa previsão se concretizar, a nova safra representará um crescimento de quase 11% em relação à temporada anterior, que enfrentou problemas climáticos e foi estimada em apenas 155,5 milhões de toneladas.
Fatores que impulsionam o aumento da safra
A expectativa de crescimento na produção está atrelada a alguns fatores principais:
- Aumento da área plantada de soja, que deverá crescer 1,5% em relação ao ciclo passado, somando 47,5 milhões de hectares;
- Uma recuperação significativa nas produtividades, impulsionando a produtividade média de todas as regiões produtoras do país.
André Debastiani, coordenador-geral do Rally da Safra, ressalta que todos os estados brasileiros, reconhecidos como os maiores produtores e exportadores globais de soja, devem apresentar níveis de produtividade superiores à média dos últimos cinco anos.
Mato Grosso se destaca na produção
Um dos pontos altos dessa nova previsão é a produtividade média em Mato Grosso, que deve alcançar 63 sacas por hectare, um aumento de 10 sacas em relação ao ano anterior e próximo ao recorde histórico de 2022/23.
No entanto, o cenário não é completamente favorável. Existem riscos que podem impactar a safra, especialmente nas regiões que ainda estão em fase de desenvolvimento. A previsão de chuvas excessivas no Centro-Oeste pode complicar a colheita dos primeiros lotes, enquanto o clima seco no Sul do país pode prejudicar os rendimentos, especialmente em estados como o Rio Grande do Sul.
Desafios climáticos e seu impacto na colheita
“É importante lembrar que as safras podem perder peso se não forem colhidas no momento certo”, destaca André Pessôa, presidente da Agroconsult. Além dos temporais que podem dificultar a colheita nas regiões centrais, o Sul do Brasil provavelmente enfrentará uma redução nos rendimentos por conta de secas severas que têm afetado o Rio Grande do Sul nos últimos anos.
Em fevereiro, a previsão é de poucas chuvas no estado, com uma regularização esperada apenas em março. O Rio Grande do Sul é um dos últimos estados a concluir a colheita, o que levanta preocupações sobre a qualidade e a quantidade da produção.
Oportunidades de exportação em meio a desafios
Apesar das incertezas climáticas, a Agroconsult também revisou para cima sua previsão de exportações de soja do Brasil, aumentando de 103,4 milhões de toneladas para 105,1 milhões de toneladas em 2025. Essa quantidade é promissora, especialmente quando consideramos a previsão de que a demanda da China pode ser menor nesta nova safra.
- A previsão de exportação supera a marca anterior de 102,8 milhões de toneladas em 2023, refletindo uma tendência de crescimento no consumo de soja por outros países asiáticos.
- Pessôa observa que o Brasil entra na nova safra com estoques elevados e uma vantagem competitiva significativa devido ao câmbio favorável.
Embora a China, maior importador mundial de soja, planeje diminuir suas compras, o excedente brasileiro deverá encontrar seu caminho para outros mercados na Ásia. A demanda crescente do Sudeste Asiático, bem como a exportação para a Europa e países do Oriente Médio, também são fatores que contribuem para um panorama animador.
“O Brasil tem tudo para exportar o excesso de sua produção sem dificuldades”, comenta o especialista, enfatizando que a expansão da indústria de etanol de milho também favorece o comércio, permitindo que haja mais liquidez nas transações. Ele observa que, diferentemente de antes, a liquidez para milho já não é mais um problemático.
O cenário futuro e a resiliência do setor agrícola
O setor agrícola brasileiro, especialmente no que diz respeito à soja, apresenta um cenário misto de otimismo e desafios. A combinação de fatores positivos, como o aumento na área plantada e a expectativa de altas produtividades, com as incertezas climáticas, exigem cuidado e planejamento tanto dos agricultores quanto dos investidores envolvidos no mercado.
Conforme a safrinha se aproxima, será essencial monitorar as condições climáticas e ajustar as estratégias de plantio e colheita. Os agricultores devem estar preparados para agir rapidamente em resposta às mudanças climáticas para garantir uma produção eficiente e de qualidade.
Esse é um momento crucial para o Brasil reafirmar sua posição como o maior produtor e exportador de soja do mundo, aproveitando não apenas as condições favoráveis, mas também adaptando-se a uma demanda global em constante evolução.
O futuro do agronegócio depende da capacidade de lidar com desafios e aproveitar oportunidades. O Brasil tem todas as ferramentas necessárias para transformar desafios climáticos em um crescimento robusto e sustentável.