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Climate Farmers Revoluciona o Agro: Fim dos Créditos de Carbono e uma Nova Proposta Sustentável

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A Revolução da Agricultura Regenerativa e a Nova Abordagem da Climate Farmers

Preparando o Solo para o Futuro

A organização sem fins lucrativos Climate Farmers, com sede em Berlim, tem sido um ator essencial na transformação da agricultura na Europa. Fundada em 2020, essa iniciativa se destacou como uma das pioneiras em um inovador sistema de créditos de carbono do solo. Recentemente, no entanto, a Climate Farmers tomou uma decisão surpreendente: se afastar dos mercados de carbono. O cofundador, Ivo Degn, afirmou que essa medida não foi uma falha no propósito da organização, mas sim uma resposta crítica às limitações dos mercados financeiros atuais.

Uma nova direção

Degn comunicou: “Estamos nos afastando dos mercados de carbono, não porque nossa missão esteja errada, mas porque o mercado não foi construído para apoiar a regeneração.” Essa escolha ocorre em um contexto onde a agricultura regenerativa está emergindo como uma solução vital para desafios climáticos e financeiros cada vez mais relevantes. O setor agrícola, historicamente dependente de práticas intensivas e insustentáveis, observa um caminho alternativo promissor — mas que ainda não foi suficientemente reconhecido.

O Estudo da Aliança Europeia para a Agricultura Regenerativa

Um estudo recente da Aliança Europeia para a Agricultura Regenerativa (EARA) mostrou dados animadores: propriedades que adotam práticas regenerativas demonstram resultados superiores em comparação com as convencionais, em aspectos como produtividade e resiliência. Essa evidência contesta a crença antiga de que apenas a agricultura intensiva poderia alimentar a Europa e o mundo, oferecendo uma nova perspectiva sobre a viabilidade da agricultura regenerativa.

O Desafio dos Créditos de Carbono

A questão que fica é: se a agricultura regenerativa é tão promissora, por que enfrenta tão poucos incentivos, especialmente dos mercados de carbono?

Degn aponta que o problema não reside em recompensar agricultores por resultados ecológicos, mas sim na forma como o carbono no solo é quantificado e monetizado. Ele diz: “A melhor ciência disponível sobre carbono no solo ainda é fraca.” Muitos modelos atuais se limitam a medir apenas os 30 centímetros superiores do solo e deixam de fora exsudatos radiculares, que são vitais para a vida microbiana e para a saúde do solo.

A Falta de Conexão entre Práticas e Resultados

A lacuna não é apenas técnica; ela também é estrutural. A maioria dos protocolos existentes simula resultados ao invés de medir mudanças reais, e a amostragem direta do solo ainda apresenta variações dependendo das condições climáticas. Por exemplo, mesmo com cinco anos de práticas regenerativas, um agricultor pode ser penalizado em períodos de seca, levando a uma desconexão entre o que faz e o que recebe.

Novas Alternativas

Enquanto isso, outras organizações, como a Soil Capital, estão tentando criar um sistema mais robusto de pagamentos para agricultores. No entanto, até mesmo eles reconhecem as limitações de uma abordagem focada exclusivamente no carbono, especialmente em sistemas agrícolas mais complexos e diversos.

O Solo como Infraestrutura Vital

Degn enfatiza que o solo não serve apenas como um meio para plantar, mas é a base dos nossos sistemas alimentares, hídricos e climáticos. Porém, um relatório da ONU de 2022 sinalizou que mais da metade das terras agrícolas do mundo está degradada, com estimativas de perdas anuais que podem atingir 90 bilhões de euros até 2050.

Ações e Medidas a Serem Tomadas

A PricewaterhouseCoopers apontou que mais de 50% da capitalização de mercado global enfrenta riscos devido à sua dependência ambiental. Uma mudança de paradigma se faz necessária. Degn acredita que os agricultores estão prontos para liderar essa transição, contanto que o sistema não os penalize pelas complexidades envolvidas.

A Necessidade de Reestruturação

Uma reformulação nas políticas é essencial. O foco deve estar em recompensar a diversidade e a complexidade do ecossistema agrícola, em vez de focar apenas em métricas fáceis de quantificar. Além disso, é crucial que haja um financiamento que minimize os riscos da transição para práticas mais sustentáveis.

Desafios do Mercado Voluntário de Carbono

Lisa Sachs, diretora do Centro de Investimentos Sustentáveis da Universidade Columbia, aponta que o modelo atual de mercado de carbono é falho. A maior parte dos créditos é adquirida como compensação, o que leva ao raciocínio de que emissões em um local possam ser “neutralizadas” por reduções em outro. Isso consome recursos que poderiam ser investidos em estruturas de financiamento público eficazes.

Repensando os Esforços de Regeneração

Degn e sua equipe estão atualmente explorando métricas que reflitam resultados autênticos. Uma proposta da EARA sugere que os pagamentos sejam baseados em métricas simples, mas robustas, como a fotossíntese e a diversidade de plantas. Isso tornaria o processo mais acessível e alinhado aos objetivos ecológicos da agricultura regenerativa.

Um Novo Paradigma Financeiro

O mercado voluntário de carbono, avaliado em apenas US$2 bilhões, mostra-se incapaz de atender à magnitude da transformação necessária. Para que a agricultura regenerativa prospere, é fundamental que haja uma escuta autêntica dos agricultores, que são os verdadeiros guardiões do solo e dos ecossistemas.

Rumo à Regeneração Real

A mudança de curso da Climate Farmers não é um retrocesso; é um avanço estratégico. Para que a sociedade encontre soluções realmente eficazes para as crises climáticas, é imperativo financiar o que realmente importa, mesmo que isso implique desafios de medição. A mensagem é clara: priorizar a regeneração em vez de compensações.

À medida que avançamos, é hora de edificar sistemas financeiros que estejam à altura da complexidade e interconectividade dos ecossistemas que nos sustentam. Regeneração, acima de tudo.


Se você deseja se aprofundar nesse tema, sinta-se à vontade para compartilhar seus pensamentos e opiniões! A conversa sobre agricultura regenerativa é fundamental para construirmos um futuro mais sustentável.

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