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Como a Aliança entre Israel e Trump Pode Transformar a Situação em Gaza

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A Esperança Renascente em Israel: O Impacto do Acordo de Cessação de Fogo em Gaza

Desde que o cessar-fogo foi declarado em Gaza, no dia 19 de janeiro, muitos israelenses têm vivido uma tempestade emocional, que, em sua essência, contrasta fortemente com o choque devastador das atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. Em vez de tristeza e horror, agora reina a alegria e um vislumbre de esperança, algo que não se via há mais de 15 meses. Embora o acordo ainda seja frágil e enfrentando desafios que podem levar à sua desintegração, por enquanto, a violência cessou tanto em Gaza quanto no Líbano, e os primeiros reféns começaram a retornar ao lar. A recepção do acordo nas redes sociais e na imprensa israelense foi majoritariamente positiva, até mesmo entre aqueles que tinham objeções de natureza estratégica ou ideológica.

A Identidade Israelense em Jogo

No entanto, essa resposta entusiástica vai além da busca por paz. A verdadeira questão que reverbera entre a maioria dos israelenses é como esse acordo toca a identidade nacional do país. Desde a criação de Israel, em 1948, três anos após o Holocausto, a nação se estabeleceu como um refúgio seguro para os judeus. Após mais de sete décadas de guerras e desafios frequentes, esse ideal fundamental foi severamente abalado pelos ataques de 7 de outubro, quando a crença na eficiência das forças de segurança foi claramente desmantelada. A inabilidade do governo em resgatar ou trazer de volta uma quantidade significativa dos 251 reféns – israelenses e estrangeiros – capturados em Gaza durante o conflito prolongou esse sentimento de falha.

Com a nova extensão do cessar-fogo, Israel parece estar tentando consertar essas bases rompidas. No momento do cessar-fogo, havia 97 reféns israelenses – tanto civis quanto militares – com a esperança de que cerca de metade deles ainda esteja viva. Até agora, sete reféns foram libertados, e 26 outros devem ser devolvidos em grupos ao longo das próximas quatro semanas e meia. Apesar da insatisfação e do ressentimento de muitos em relação ao governo, o acordo traz consigo uma centelha de esperança, a primeira desde o início da guerra, de que o refúgio seguro para os judeus pode, de alguma forma, ser restaurado.

O Preço Alto do Acordo

Entretanto, o preço a ser pago por esse retorno ao caminho da esperança é alto e incerto. Em troca da libertação dos primeiros 33 reféns, Israel concordou em libertar aproximadamente 1.700 prisioneiros palestinos, entre os quais mais de 200 estão cumprimendo penas de vida por homicídios de israelenses. E isso é apenas a primeira fase de concessões. Ao final dessa etapa, ainda restarão 64 reféns em Gaza, dos quais menos de 30 são considerados vivos. A libertação desses prisioneiros exigirá a libertação de milhares de outros palestinos, incluindo muitos que possuem penas acumuladas e são vistos pelos israelenses como “celebridades terroristas”, figuras de alto escalão em grupos militantes responsáveis por atentados suicidas massacrantes nas décadas de 1990 e no início dos anos 2000.

Um Desafio ao Primeiro-Ministro Netanyahu

Para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, essa situação o coloca em um dilema grande. Ele depende de seus aliados de extrema direita para se manter no poder. No entanto, esses parceiros se opõem firmemente ao cessar-fogo e, em contraste com a maioria da população israelense, exigem que a guerra seja retomada ou ameaçam se demitir. Se novas eleições fossem convocadas hoje, Netanyahu muito provavelmente perderia. Além disso, ele deve lidar com a pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, que está exigindo resultados sob a ameaça de que não permitirá que a guerra continue durante seu governo. Netanyahu deve se encontrar com Trump na Casa Branca no início de fevereiro.

O Papel da Administração Americana

O que acontece a seguir depende, em grande parte, da postura do presidente dos EUA. A nova administração tem muitos planos em mente. Nos últimos meses, os assessores de Trump têm falado sobre os arranjos regionais que ele deseja estabelecer. Seu objetivo principal parece ser firmar acordos bilionários em tecnologia e defesa entre os EUA e a Arábia Saudita, além de uma possível normalização das relações entre Israel e os sauditas. Para que esses objetivos se concretizem, Trump precisa que o cessar-fogo em Gaza, junto com o correspondente no Líbano, se mantenha o máximo tempo possível. Isso, independentemente do real interesse de ambos os lados pela paz.

Uma História de Desafios e Tentativas

A história por trás do cessar-fogo em Gaza é quase tão longa quanto o conflito em si. Em novembro de 2023, após perceber que a grande quantidade de mulheres e crianças sequestradas era mais um fardo do que uma vantagem estratégica, os líderes do Hamas começaram a negociar o primeiro cessar-fogo com Israel, mediado por Egito, Catar e Estados Unidos. Naquele momento, o Hamas apressou-se a libertar os reféns em troca de benefícios escassos em comparação a acordos passados, trocando três prisioneiros palestinos, em sua maioria mulheres e menores, por cada refém israelense.

Teoricamente, após sete dias, essa troca inicial deveria levar a uma segunda fase, na qual o cessar-fogo seria estendido e os reféns restantes seriam liberados gradualmente em troca de um preço maior por parte de Israel. Contudo, as negociações pararam no sétimo dia, e, em contraste com as expectativas dos mediadores, os combates foram retomados, levando as Forças de Defesa de Israel (IDF) a reiniciar sua massiva invasão terrestre em Gaza.

Uma Sociedade Polarizada

Apesar do apelo por negociações e soluções pacíficas, a sociedade israelense permanece polarizada, e a presença divisiva de Netanyahu aumenta ainda mais os desafios no processo de reconstrução. Além disso, a incapacidade do governo de garantir a prometida “vitória total” sobre o Hamas, mesmo com a vantagem militar apresentada pela IDF, levanta barreiras significativas para uma reconciliação nacional.

A Realidade em Gaza e seus Desafios

Atualmente, a situação em Gaza é devastadora, com pelo menos 70% das casas consideradas inabitáveis e um alto custo pago pelos palestinos. De acordo com o Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, mais de 47.000 gazenses foram mortos durante a guerra, embora esse número possa ser ainda maior, visto que muitos corpos permanecem sob os escombros.

Apesar de todas as dificuldades, o acordo recente tem o potencial de permitir que o Hamas sobreviva, mesmo que em uma posição enfraquecida. Contudo, assim como Israel enfrenta desafios internos consideráveis, os habitantes de Gaza, que sofreram com a guerra, estão exaustos, quase 90% deles deslocados e vivendo em acampamentos improvisados.

mirando o Futuro

O que o futuro reserva para Israel e para a região é incerto, especialmente com as pressões externas e internas enfrentadas por Netanyahu e o impacto das decisões de Trump. Resta saber se o cessar-fogo se sustentará e se novas negociações serão possíveis, enquanto os desafios persistem.

Neste cenário conturbado, a resiliência do povo israelense e sua determinação em encontrar um caminho para a paz e a segurança são mais essenciais do que nunca. A possibilidade de um renascimento da esperança e reconstrução após a devastação e o sofrimento é um tema relevante que continuará a ser debatido – convidamos você, leitor, a compartilhar suas reflexões sobre essa complexa realidade. O que você acredita que o futuro reserva para a região?

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