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Como a China Está Usando a Estratégia de Trump para Reescrever as Regras do Jogo Global

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Relações U.S.-China sob a Ótica de Trump: O Que Esperar

Nos meses que se seguiram à vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos em novembro, os formuladores de políticas em Pequim têm se antecipado ao que está por vir nas relações entre EUA e China. A expectativa é de que a administração Trump adote políticas rígidas em relação à China, o que poderia intensificar a já tumultuada guerra comercial, o embate tecnológico e os conflitos sobre Taiwan. O sentimento predominante em Pequim é que a China deve se preparar para enfrentar tempos difíceis nas interações com os EUA.

O Efeito das Tarifas e a Reação da China

A imposição de tarifas de 10% sobre todos os produtos chineses por parte de Trump serviu como um aviso e reafirmou os temores já existentes. A resposta da China não tardou a chegar: foram introduzidas tarifas sobre certos produtos americanos e restrições às exportações de minerais críticos, além de uma investigação antitruste sobre a gigante Google. No entanto, apesar das ferramentas disponíveis, a capacidade da China de revidar eficazmente nas tensões comerciais é limitada devido à força relativa dos EUA e ao déficit comercial que mantém com a China.

Percebendo essa situação, os líderes chineses há tempos têm repensado sua abordagem em relação aos EUA. Desde a primeira administração de Trump, eles têm adaptado suas estratégias e, nos últimos meses, intensificado esforços para minimizar os danos causados por políticas imprevisíveis.

Estratégia de Reforço Interno

Um dos focos principais das estratégias de Pequim é fortalecer a economia interna. Diante da expectativa de instabilidade gerada pela presidência de Trump — incluindo possíveis sanções e restrições —, o governo chinês começou a implementar medidas de estímulo para impulsionar sua economia real e o consumo interno. Em novembro de 2022, três dias após as eleições nos EUA, a China lançou um programa para distribuir US$ 1,4 trilhão que visa reduzir as dívidas dos governos locais ao longo de dois anos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que as dívidas dos governos locais na China giram em torno de US$ 9 trilhões. Portanto, tratar desse problema é crucial para estabilizar a economia e aumentar a confiança dos investidores no mercado chinês. Em dezembro, novas promessas de políticas fiscais ativas e monetárias moderadamente laxas surgiram, enfatizando um direcionamento para o crescimento econômico, marcando uma ruptura com a austeridade que havia prevalecido desde 2010.

Medidas de Estímulo

  • Redução de Juros: Um corte nas taxas de juros visa facilitar e estimular investimentos.
  • Maior Gastos Públicos: Uma expansão no orçamento para impulsionar a economia.
  • Foco em Mercados Internos: Estímulo ao consumo e ao setor privado.

Essas iniciativas não são apenas uma resposta à administração Trump; são também uma estratégia de longo prazo para lidar com a desaceleração econômica que a China enfrenta.

Abertura para Novas Oportunidades

A China não se limita a resolver suas questões internas. O país também busca abrir novas oportunidades no comércio internacional. Após o resultado da eleição em novembro, representantes chineses demonstraram interesse em honrar o acordo comercial de Fase Um firmado em janeiro de 2020, que previa a compra de US$ 200 bilhões em produtos americanos. Além disso, a possibilidade de iniciar negociações para a Fase Dois, com foco em reformas estruturais e em questões entre o governo chinês e as empresas estatais, foi uma proposta discutida.

Integração em Acordos Comerciais

  • CPTPP: A China está interessada em aderir ao Acordo Abrangente e Progressivo de Parceria Transpacífico.
  • Mecanismos Multilaterais: O país percebe a importância de estar presente em acordos que possam substituir as relações diretas com os EUA.

A adesão ao CPTPP exigirá reformas significativas na estrutura da economia chinesa, mas a necessidade de reestruturar suas relações comerciais se torna ainda mais premente à medida que as tensões com os Estados Unidos aumentam.

Diplomacia Proativa

Além das iniciativas econômicas, a China se empenhou em um esforço diplomático para reforçar as relações com vizinhos como Índia e Japão, países com os quais teve relações tensas nos últimos anos. Estabilizar a vizinhança é uma maneira de minimizar distrações para Pequim e tentar frustrar os esforços dos EUA de alavancar esses parceiros contra a China.

Melhoria das Relações com Vizinhos

  • Acordo com a Índia: Em outubro de 2023, Índia e China concordaram em desfazer a tensão nas fronteiras.
  • Reaproximação com o Japão: O fim do embargo às importações de frutos do mar japoneses é um passo significativo.

Essas iniciativas não podem ser vistas apenas como tentativas de melhorar a imagem da China. Elas são partes estratégicas de um esforço consciente para criar um ambiente mais favorável nas relações internacionais.

Explorando Novos Mercados

A diversificação das opções comerciais é outro aspecto central da estratégia da China. Nos últimos anos, as relações comerciais com países do Sul Global têm crescido, permitindo à China driblar as tarifas e as interrupções nas cadeias de suprimentos devido às tensões com os EUA. Os produtos chineses estão sendo usados indiretamente em países como Brasil, Indonésia e Vietnã para acessar mercados americanos.

Crescimento nas Relações Comerciais

  • O investimento da China no Vietnã subiu 80% em 2023, alcançando US$ 4,5 bilhões.
  • O comércio bilateral com o México também se expande rapidamente, com investimentos significativos.

Essa mudança nos fluxos comerciais mostra como a China está se adaptando à nova realidade, buscando oportunidades onde o cenário diretamente com os EUA é desfavorável.

Um Olhar para o Futuro

As autoridades chinesas estão cientes de que podem responder diretamente a quaisquer novas tarifas ou restrições impostas por Trump, utilizando um leque de ferramentas que incluem controles de exportação, sanções, desvalorização da moeda e tarifas retaliatórias. No entanto, a estratégia da China está mais bem elaborada do que na primeira administração de Trump; agora, Pequim dispõe não apenas de respostas táticas, mas de um plano abrangente.

O Que Esperar?

  • Resposta Mensurada: Pequim está preparada para a possibilidade de uma nova rodada de tarifas sem surpresas.
  • Oportunidades de Crescimento: Mesmo que as relações se tornem mais tensas, há uma percepção de que a China pode beneficiar-se da diminuição da influência americana.

Os líderes chineses acreditam que um governo Trump poderia usar políticas que, em última análise, podem prejudicar a credibilidade e a liderança dos EUA no cenário global. Portanto, eles veem essa fase como uma oportunidade para expandir a influência da China, uma parte essencial de um processo maior que visa a ascensão do país no cenário global.

Reflexão

Enquanto a China se prepara para os desafios que um novo governo nos EUA pode trazer, a resiliência da sua economia e suas estratégias de diversificação comercial indicam que Pequim está pronta para enfrentar o que vier. Essa era de turbulência oferece uma chance não apenas de sobrevivência, mas de crescimento e evolução no cenário geopolítico.

O que você acha sobre a estratégia da China diante das expectativas de uma nova administração Trump? Compartilhe suas opiniões nos comentários e vamos conversar sobre o futuro das relações internacionais!

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