O Futuro da Carne Bovina Brasileira no Cenário Internacional
Luoman/Getty Images
Se a cotação do boi gordo cair, a carne bovina poderá ficar mais barata.
A carne bovina brasileira se prepara para uma nova fase no mercado global. Com a iminente imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada por Donald Trump, a possibilidade de um preço mais acessível para o consumidor interno está na mesa. Contudo, especialistas apontam que o cenário ainda é incerto e cheio de nuances.
A Realidade das Exportações
Antes de qualquer mudança nas tarifas, o ritmo das exportações já mostrava sinais de desaceleração. Thiago Bernardino, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP (Cepea), observa que a China, que liderou as importações de carne bovina brasileira em 2024, continua sendo a chave para a exportação. Com exportações que chegaram a 1,33 milhão de toneladas e um faturamento de US$ 6 bilhões, a gigante asiática mantém-se como o principal parceiro comercial.
Estados Unidos: Um Mercado em Mudança
Os Estados Unidos, que ocuparam a segunda posição como destinatários da carne brasileira, importaram 229,8 mil toneladas em 2024, um aumento notável de 65,7% em relação a 2023. No primeiro quadrimestre de 2025, essa demanda cresceu 161,2%, refletindo um apetite crescente pelo produto brasileiro. No entanto, as vendas começaram a esfriar entre maio e junho, especialmente após o anúncio das novas tarifas, que impactaram diretamente o setor.
Efeitos Diretos no Setor
Alcides Torres, engenheiro agrônomo e CEO da Scot Consultoria, afirma que o anúncio da tarifa foi “um balde de água fria” para o setor. Menos exportações poderiam significar menos incentivos para a produção. A situação se torna ainda mais complexa quando Lygia Pimentel, economista e CEO da AgriFatto, menciona a possibilidade de um excedente interno caso a demanda dos EUA diminua. Isso poderia pressionar os preços para baixo.
O Que Esperar do Futuro?
A possibilidade de uma carne bovina mais competitiva no mercado externo é uma perspectiva do setor. Se os EUA optarem por importar de países como Paraguai, Uruguai ou Argentina, que têm preços relativamente mais altos, a carne brasileira se torna uma escolha atrativa. Para Lygia, “se o preço for bom, isso poderá resultar em novas oportunidades de mercado em longo prazo”.
Impacto no Mercado Interno
Enquanto isso, os frigoríficos estão se mobilizando para aproveitar ao máximo essa oportunidade. Com a cotação do boi gordo atualmente em R$ 299,70 por arroba, a redução no preço pode beneficiar os frigoríficos. No entanto, há uma ressalva: “Se o varejo mantiver os preços, os consumidores não perceberão essa queda”, diz Torres.
O Varejo e o Comportamento dos Preços
Um ponto crucial a ser considerado é o comportamento do varejo. Se a demanda do consumidor permanecer estável, é possível que os preços continuem elevados, mesmo que os custos de produção caiam. O que os consumidores podem esperar? Na visão de Lygia, “é provável que vejamos uma estabilização e possíveis reduções nos preços, mas isso não será imediato”.
O Caminho à Frente
As incertezas e complexidades do mercado internacional deixam muitos questionamentos para o futuro da carne bovina brasileira. A potencial queda na cotação do boi gordo pode ser uma boa notícia para os consumidores, mas dependerá da dinâmica do varejo e da demanda externa.
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