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Como a Tecnologia Está Revolucionando Nossas Conexões Humanas

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A Nova Era da Confiança: Como a Geração Z Está Transformando o Relacionamento com a Informação

Quando se fala sobre a relação dos jovens com a informação online, muitos especialistas partem da premissa de que eles são menos letrados em mídia do que suas gerações anteriores. Contudo, pesquisas etnográficas da Jigsaw, incubadora de tecnologia do Google, revelam um panorama bem mais complexo. Membros da Geração Z — nascidos entre 1997 e 2012 — adotaram estratégias únicas para avaliar informações na internet, que podem facilmente confundir aqueles que têm mais de 30 anos.

O Novo Jeito de Consumir Notícias

Ao contrário de seus pais e avós, que costumam ler as manchetes antes de mergulhar na matéria, os jovens tendem a começar pela leitura dos comentários associados a um artigo. Mas, o que isso revela sobre suas inquietações? Para eles, confiar em um texto apenas porque um especialista ou figura de autoridade endossa é algo ultrapassado. O que realmente importa é a validação de seus pares. Esse novo modelo de confiança está profundamente enraizado em sua desconfiança institucional e a busca por aprovação entre a multidão anônima da internet.

A Influência dos Chatbots

Uma pesquisa realizada no verão de 2023 explorou como a Geração Z, particularmente na Índia e nos Estados Unidos, utiliza chatbots como o ChatGPT. Os resultados mostraram que os jovens recorrem a esses serviços para obter conselhos sobre saúde, relacionamentos e investimentos. A facilidade de acesso e a falta de julgamentos os atraem, além de acreditarem que, em muitos casos, as orientações dadas por máquinas podem ser superiores às obtidas de humanos.

Percorrendo as estatísticas, uma pesquisa da consultoria Oliver Wyman revelou que 39% dos empregados da Geração Z ao redor do mundo prefeririam trabalhar com um colega ou gerente AI em vez de uma pessoa, cifra que cai para 36% entre os jovens dos EUA. Para contextualizar, 25% de todos os trabalhadores nos EUA compartilham essa perspectiva. A adoção do AI não é uma questão exclusiva dos mais jovens, mas revela um comportamento social crescente.

Desconstruindo o Valor das Interações Humanas

Esses achados desafiam as ideias tradicionais sobre a importância das interações interpessoais. Muitos críticos veem o aumento do uso de chatbots como um sinal de que a sociedade está se atomizando, dificultando as conexões humanas genuínas e aumentando a desconfiança nas instituições. Entretanto, a preferência pela tecnologia também sugere uma reconfiguração da confiança que, paradoxalmente, pode trazer novas possibilidades de esperança.

A Evolução da Confiança

As percepções sobre a confiança nas instituições estão mudando. Ao longo das décadas, a confiança pública em órgãos como o Congresso nos EUA despencou, passando de 77% na década de 60 para apenas 2% atualmente. A confiança na mídia também caiu, de 55% em 1999 para 32% no presente. Como argumenta o pesquisador Kristen Soltis Anderson, o que cada vez mais une os americanos é o que eles desconfiam.

Entretanto, essas estatísticas contam apenas uma parte da história. Quando se observa o comportamento real das pessoas — ao invés de apenas o que elas afirmam em pesquisas — uma nova realidade se revela. A confiança não está desaparecendo; está se desviando. A cada inovação tecnológica, as pessoas se afastam das estruturas tradicionais de autoridade e se voltam para a “inteligência coletiva”, o vasto e acessível universo online.

O Desafio e a Oportunidade da Nova Era Digital

É fundamental reconhecer que essa mudança apresenta riscos. Por exemplo, a mãe de um adolescente na Flórida processou uma empresa de chatbots após seu filho se suicidar, alegando que as interações com a AI incentivaram essa decisão. Contudo, há também oportunidades significativas. Para muitos da Geração Z, a percepção de que confiar em um bot é tão arriscado quanto acreditar em um ser humano é um sinal de sua frustração com as autoridades. Se projetados corretamente, os chatbots podem agir como mediadores em discussões polarizadas, combater teorias da conspiração de maneira mais eficaz do que as figuras humanas e oferecer uma sensação de controle a quem desconfia dos especialistas.

Tipos de Confiança e Seus Desdobramentos

Entendendo a Confiança Interpessoal

A confiança é uma necessidade elementar do ser humano. Ela une pessoas e grupos, formando a base de várias interações sociais. Existem diferentes formas dessa confiança:

  1. Confiança Face a Face: O tipo mais simples, enraizado na interação direta e no conhecimento pessoal.
  2. Confiança Vertical: Em sociedades maiores, as interações diretas tornam-se inviáveis, e a confiança é depositada em instituições, como governos e instituições financeiras.
  3. Confiança Distribuída: A era digital impulsionou a “confiança distribuída”, caracterizada por interações entre pares em larga escala. Plataformas como Airbnb e eBay demonstram como estranhos podem se unir, confiando uns nos outros apesar da ausência de um regulador central.

Esses novos níveis de conexão verbalizam um fenômeno de confiança coletiva que, embora pareça frágil, é reforçado por feedbacks em redes sociais e sistemas de classificação.

O Papel da Inteligência Artificial na Confiança

A ascensão da AI adicionou uma nova camada ao complexo emaranhado da confiança. As opiniões sobre a tecnologia são divididas; enquanto muitos a veem com ceticismo, outros a usam cotidianamente para tarefas essenciais. O paradoxo é que, mesmo temendo a AI, muitos a utilizam para atividades do dia a dia, como navegação e compras. Essa flexibilidade gera uma demanda por personalização e pode ser considerada um sinal da nova era em que vivemos.

A Nova Perspectiva sobre AI e Interações Humanas

As ferramentas de inteligência artificial prometem mitigar a alienação. Embora muitos temam seus impactos, a verdade é que muitas das interações que os jovens têm com bots são vistas como menos julgadoras do que as interações humanas. Befre, um usuário entrevistado, resumiu bem a questão: “O chatbot não pode me ‘cancelar’!”

Bot também se mostrou um espaço seguro para discussões sobre temas polêmicos. De acordo com uma pesquisa sobre adeptos de teorias de conspiração, esses indivíduos se sentem mais à vontade para dialogar com um bot do que com familiares ou figuras de autoridade.

Um Futuro Colaborativo

Com as tecnologias evoluindo rapidamente, o futuro da AI pode levar a novas formas de interação e confiança. Ferramentas que podem entender, comunicar, e interagir de maneira autônoma estão à frente, sinalizando mudanças radicais.

Entretanto, como evitar os riscos associados? A resposta provavelmente reside na educação e no desenvolvimento ético, para não apenas projetar bots, mas considerar suas capacidades de transformar as interações e, eventualmente, a sociedade como um todo. Assim, a construção de uma nova arquitetura de confiança pode se exibir ante um mundo já polarizado.

O Caminho a Seguir

À medida que avançamos nesse novo contexto digital, devemos ser cautelosos, mas também otimistas. Reconhecendo que a confiança está mudando, precisamos adaptar our approach à penetração da AI em nossas vidas. A tecnologia não deve se tornar uma forma de controle, mas um verdadeiro companheiro no nosso cotidiano.

Nosso desafio é garantir que essa nova era de inteligência colaborativa reforce a conexão entre os indivíduos e grupos, permitindo que a “sabedoria das multidões” nos leve a um futuro mais sábio, equitativo e coeso. O potencial existe — resta saber como teremos a coragem de explorá-lo.

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