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O Intricado Jogo do Comércio Agropecuário entre Brasil e Argentina
Imagine um cabo de guerra, onde duas equipes lutam intensamente, cada uma puxando a corda para o seu lado. Esse é o cenário da balança comercial entre Brasil e Argentina no setor agropecuário. Mesmo com a Argentina enfrentando dificuldades em seu comércio geral com o Brasil, a vertente agrícola pinta um quadro bem diferente. Em tempo de significativas negociações, os dois países se encontram no centro da Cúpula do Mercosul, na sua 65ª edição, com desafios e oportunidades à frente.
Brasil e Argentina: Uma Relação Comercial Tensa
O contexto atual da relação comercial entre Brasil e Argentina tem sido marcado por tensões. A Argentina vê a necessidade de negociar acordos fora do Mercosul, enquanto neste encontro, é ventilada a possibilidade de um consenso com a União Europeia através do bloco. Esta movimentação revela a complexidade da política econômica regional e a busca de cada país por vantagens estratégicas.
A Asimetria do Comércio Agrícola
Contudo, quando se fala do comércio de produtos agrícolas, a situação se inverte. A Argentina, tradicionalmente uma compradora, mantém uma balança comercial favorável para si. Entre janeiro e outubro de 2023, a balança comercial no setor agropecuário já incluiu um superávit de US$ 2,2 bilhões para os argentinos.
Principais Produtos na Troca Comercial
O Brasil, conhecido por ser um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, parece não ter conseguido traduzir esse prestígio em uma relação vantajosa com a Argentina. Os dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mostram que a principal importação do Brasil da Argentina é de farináceos, com ênfase no trigo. Esse grão é um item essencial na mesa brasileira, fazendo com que o país se torne altamente dependente das importações.
Importações e Dependência do Trigo Argentino
Em 2023, o Brasil importou 3,6 milhões de toneladas de trigo e farinha, totalizando gastos de aproximadamente US$ 1,508 bilhão. Essa dependência do trigo argentino é um reflexo da necessidade de garantir a alimentação popular. Além do trigo, o Brasil também importa da Argentina:
- Lácteos
- Bebidas como sucos e vinhos
- Carnes
- Produtos hortícolas e leguminosas
- Raízes, tubérculos e especiarias
- Couros e produtos têxteis
- Frutas e pescados
Dados Recentes sobre o Comércio Bilateral
Entre janeiro e outubro de 2023, o Brasil importou da Argentina cerca de 6,178 milhões de toneladas de produtos, resultando em um gasto de aproximadamente US$ 3,436 bilhões. Este valor já supera as importações totais de 2023, que foram de 4,838 milhões de toneladas por US$ 3,378 bilhões.
Exportações Brasileiras: Um Cenário Desfavorável
Parece que a balança pende para o lado argentino também quando se observam as exportações do Brasil para a Argentina. Neste mesmo período, o Brasil exportou apenas 859 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 1,217 bilhão. É uma fração considerável do que o Brasil poderia potencialmente fornecer
.
O Impacto da Seca Argentina
O contexto de 2023 se destaca por uma razão específica: a Argentina enfrentou uma severa estiagem, afetando diretamente sua produção agrícola, especialmente de soja. O Brasil acabou fornecendo 4 milhões de toneladas de soja, totalizando US$ 2,028 bilhões desse montante exportado. Essa necessidade momentânea gerou um pingo de esperança no comércio bilateral, mas a sua carência não é uma regra geral, como vamos ver a seguir.
Fatores Estruturais que Influenciam o Comércio
A baixa demanda argentina por produtos brasileiros deve-se, em grande parte, à proximidade com grandes mercados consumidores e à presença de cadeias produtivas autossuficientes. A política cambial e as barreiras comerciais também desempenham papéis importantes, fazendo com que o país opte, muitas vezes, por fornecedores locais ou opções alternativas antes de olhar para o Brasil.
Produtos que o Brasil Poderia Oferecer
No entanto, produtos como trigo e leite em pó são essenciais para o Brasil. Apesar da importação deste tipo de item, a Argentina não costuma precisar de volumes significativos de produtos agropecuários brasileiros. Isso gera um desequilíbrio no comércio, que poderia ser tratado de forma mais estratégica, considerando as necessidades de ambos os países.
Considerações Finais sobre o Comércio Bilateral
A relação entre Brasil e Argentina no campo agropecuário é complexa e cheia de nuances. Apesar de alguns momentos de superávit em áreas específicas, a dependência do Brasil em relação à Argentina para produtos fundamentais como trigo é inegável. Cada país precisa considerar não apenas o que podem trocar, mas também como podem colaborar para fortalecer a relação comercial, transformando desafios em oportunidades.
À medida que ambos os países navegam essas relações, é crucial que analistas e formuladores de políticas permaneçam atentos às mudanças e se adaptem a um cenário econômico que não para de evoluir. E você? O que pensa sobre essa relação comercial e o futuro das trocas entre Brasil e Argentina? Compartilhe sua opinião e instigue a conversa!