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Crise à Vista: Nova MP Pode Cortar R$ 50 Bi em Crédito e Colocar 1,3 Milhão de Empregos em Risco no Agro e Construção!

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*Por Tiago Reis, Gustavo Sung e Rafael Perez

A Taxação de Investimentos e seu Impacto no Emprego e no Financiamento

Uma nova proposta de Medida Provisória encaminhada ao Congresso pode trazer sérias consequências para o cenário econômico do Brasil. A taxação de 5% sobre os rendimentos de LCI, LCA, CRI e CRA, que deve entrar em vigor em 2026, ameaça um setor fundamental para o financiamento nacional, movimentando impressionantes R$ 1,4 trilhão e sustentando milhões de empregos. Pesquisas realizadas pela Suno indicam que essa medida pode resultar na perda de até 1,3 milhão de empregos e na redução de R$ 50 bilhões em financiamento, especialmente no agronegócio e no setor imobiliário.

Os Efeitos da Taxação nos Investimentos

Atualmente isentos de impostos, esses instrumentos são vitais para financiar tanto o mercado imobiliário quanto a agroindústria, atraindo principalmente investidores individuais. Quando um governo decide tributar ativos que eram isentos, surgem preocupações legítimas sobre os impactos no volume de investimentos e, subsequente, na atividade econômica e no emprego.

Apesar de o Brasil não ter um histórico que permita observações diretas sobre tais efeitos, podemos nos inspirar em experiências internacionais. Vamos examinar um caso norte-americano, que pode oferecer insights valiosos.

A Referência Norte-Americana

O estudo “The Supply Elasticity of Municipal Debt: Evidence from Bank-Qualified Bonds” de Travis St. Clair (2023) analisa as mudanças ocorridas nos Estados Unidos após o Tax Reform Act de 1986. Antes dessa reforma, os bancos americanos podiam comprar títulos municipais isentos de impostos federais e, além disso, deduzir os juros pagos na captação dos recursos.

Com a reforma, essa dedutibilidade foi cancelada (com algumas exceções), o que resultou em um desinteresse significativo dos bancos por esses títulos. Os dados mostram que a eliminação desse benefício eleva o custo de captação e reduz a emissão de novos títulos, com uma elasticidade de oferta de dívida que revela que cada 10% de aumento no custo resulta em uma queda de 3% a 6% na emissão.

Paralelos com o Brasil

Embora a situação brasileira envolva instrumentos privados distintos, o princípio econômico se mantém: isenções fiscais aumentam a atratividade de determinados títulos, facilitando a captação a custos mais baixos. Com a introdução do Imposto de Renda (IR), será necessário oferecer taxas de retorno mais altas para superar a taxação, o que poderá encarecer o financiamento e reduzir o apelo desses ativos.

Com base em modelagens inspiradas no estudo mencionado, as estimativas sugerem que a nova tributação pode comprometer entre 1,25% a 3,5% do volume de funding gerado por LCI, LCA, CRI e CRA, que hoje totaliza cerca de R$ 1,4 trilhão no Brasil.

Impactos Diretos no Financiamento

A perda de até 3,5% representa uma diminuição de R$ 50 bilhões na disponibilidade de recursos, sendo R$ 24,6 bilhões no setor imobiliário e R$ 25,7 bilhões no agronegócio. Esse cenário provoca questionamentos relevantes: o que significa isso para a geração de empregos no país?

  • Construção Civil: com uma proporção de 18 empregos diretos e indiretos gerados para cada milhão investido, a previsão aponta para uma potencial perda de 443 mil empregos.
  • Agronegócio: ao considerar 35 empregos por milhão, podemos projetar uma perda de cerca de 900 mil empregos no setor.

Os Números Não Mentem

Se somarmos as possíveis perdas, o total pode chegar a impressionantes 1,3 milhão de empregos que poderiam ser gerados ou mantidos. Importante ressaltar que essa não é uma consequência imediata; trata-se de uma projeção a longo prazo, que visa mostrar como uma mudança na tributação pode balançar as estruturas de investimentos e produção.

Com a implementação da tributação do IR sobre LCI, LCA, CRI e CRA, os bancos precisarão acelerar suas ofertas de remuneração e isso, inevitavelmente, resultará em um custo de captação maior que poderá ser repassado aos consumidores finais. Dessa forma, os cenários de crédito tornam-se menos atrativos tanto para quem deseja financiar um imóvel quanto para aqueles que buscam expandir suas atividades no agronegócio.

O Perigo de Retirar Incentivos

O risco de desestabilizar o fluxo de recursos para setores essenciais como habitação e produção agrícola pode trazer implicações severas para a economia. Uma economia em desaceleração pode impactar severamente o emprego, além de tornar mais difícil o acesso à habitação.

Reflexões Finais

As implicações dessa nova taxação requerem uma reflexão cuidadosa. Os dados já disponíveis alertam para um caminho que pode levar não apenas à perda de recursos, mas também ao comprometimento de milhões de vidas. É fundamental que investidores e cidadãos se mantenham informados e discutam abertamente sobre essas mudanças que podem moldar o futuro econômico do país.

Abaixo, apresentamos um resumo com os principais dados da simulação:

Setor Estoque Atual (R$ bi) Perda com IR (R$ bi) Empregos por R$ 1 Mi Total de Empregos Perdidos
Construção Civil 704 25 18 0,443
Agronegócio 735 26 35 0,90
= Total 1.439 50 1,34

Fonte: B3 e CBIC / Elaboração: Suno Research.
*Por Tiago Reis, Gustavo Sung e Rafael Perez

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