
Conteúdo tradizido e adaptado do inglês, publicado pela matriz americana do Epoch Times.
As “Duas Sessões”, que são as principais reuniões políticas do regime comunista chinês, tiveram início em 4 de março e devem se estender por uma semana repleta de deliberações. Este encontro traz à tona as diretrizes que o Partido Comunista Chinês (PCCh) estabeleceu e busca endossar as decisões previamente tomadas, evidenciando as prioridades do governo para o ano seguinte.
Com a nítida intenção de direcionar as atenções da mídia, as autoridades chinesas já liberaram mensagens que indicam os focos de interesse do regime. Especialistas não hesitam em alertar que a China enfrenta uma crise política e econômica significativa, e as promessas feitas durante essas sessões podem não se materializar.
Desafios Econômicos da China
A mídia oficial, sob o olhar atento do PCCh, divulgou recentemente algumas declarações sobre economia feitas por Xi Jinping, o líder do regime. No dia 2 de março, a Agência de Notícias Xinhua publicou uma coluna em que Xi afirmava: “Sempre apoiei as empresas privadas.” Contraditoriamente, seus comentários levantam questionamentos, dado que, em suas intervenções anteriores, reforçou a necessidade de uma relação mais coerente entre um mercado eficiente e um governo eficaz, visando um equilíbrio que permita à economia atuar de forma livre, mas controlável.
Yuan Hongbing, um acadêmico de direito radicado na Austrália, contestou a afirmação de Xi, considerando-a uma desinformação. Segundo Yuan, o governo chinês tem adotado uma política de “avanço do país e retrocesso do setor privado”; uma estratégia que resiste à dinâmica do mercado. Ele lembra que durante uma reunião com empresários no mês anterior, Xi havia transmitido um recado severo: em tempos de crise, as empresas privadas deveriam aumentar seus investimentos, alinhando-se mais estreitamente com as estatais sob o regime do PCCh.
Este cenário se agrava diante das tensões econômicas com os Estados Unidos. Com o aumento das tarifas pela administração Trump, que culminou em um acréscimo de 20% nos impostos sobre produtos chineses, os principais mercados da China, como Xangai, Shenzhen e Hong Kong, reagiram negativamente, levando a uma queda nas bolsas de valores.
Um olhar mais atento sobre o desempenho econômico do PCCh indica um clima de desordem e confusão. Xu Zhen, um especialista em mercados financeiros, destaca que as recentes posturas de Xi demonstram a fragilidade da linha política de seu governo, que enfrenta resistência interna significativa. A ideia de que o governo pode, de fato, impulsionar a economia apenas por meio do comando estatal parece, na visão de Xu, uma verdadeira ilusão.

A Segurança Política em Foco
Com o início das “Duas Sessões”, o PCCh surpreendeu ao divulgar um “Plano Nacional de Resposta a Emergências para Grandes Eventos Públicos”, versão revisada, cuja principal preocupação é manter a estabilidade social e reforçar o controle da informação. Este plano aborda não apenas desastres naturais, mas também potenciais “incidentes de segurança” que possam ameaçar a ordem pública.
Yeh Yao-Yuan, um especialista em ciência política, sugere que essa ação reflete o receio do governo em relação a possíveis descontentamentos e mobilizações populares em um cenário de recessão econômica. Os líderes do PCCh, em especial Xi Jinping, parecem cientes de que uma instabilidade política no país poderia desencadear consequências desastrosas.
As preocupações são justas, uma vez que a crise atual é multifacetada. Os problemas enfrentados pelo regime vêm de diferentes frentes: a crise econômica permanece latente, descontentamento entre as autoridades do PCCh cresce, e, por último, o fortalecimento das relações dos Estados Unidos com Taiwan gera tensão interna e externa.
Questões de Sustento e Qualidade de Vida
Neste ano, as “Duas Sessões” também tocaram em temas importantes relacionados ao sustento do povo chinês. Um dos pontos debatidos foi a proposta de redução da idade legal para o casamento, de 22 anos para homens e 20 para mulheres, para tentar estimular a taxa de natalidade. Esta declaração gerou risadas nas redes sociais, enquanto a taxa de desemprego se eleva, intensificada pelo fluxo recorde de graduados se preparando para ingressar no mercado de trabalho.
O envelhecimento da população é uma questão crítica que o regime atual não está conseguindo enfrentar de maneira eficaz. Os jovens, pressionados pela crise econômica, adiam o casamento e a formação de famílias, criando um ciclo vicioso que perpetua o problema demográfico.
Não bastasse isso, durante a pandemia de COVID-19, o PCCh impôs vacinas desenvolvidas localmente que apresentaram uma série de efeitos colaterais. Esses medicamentos questionáveis podem estar contribuindo para a atual onda de infecções respiratórias no país.
Em face de desafios tão profundos, o PCCh tem demonstrado aversão em lidar com as necessidades reais da população. Ao invés de buscar soluções, a estratégia parece ser encobrir as crises, ignorando que o verdadeiro diálogo com a sociedade é essencial para construir um futuro melhor.
As “Duas Sessões”, mais do que serem um espaço de resolução de problemas, se mostram como um palco onde se encenam promessas vazias. O sentimento geral é de que os desafios da vida cotidiana permanecem sem resposta.
Luo Ya colaborou com este artigo.
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