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Desafio Diplomático dos EUA no Pacífico: A Urgência de Fortalecer a Presença para Competir com a China

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O Desafio Diplomático dos EUA no Pacífico: A Necessidade de uma Presença Mais Forte

Nos últimos anos, sob administrações democratas e republicanas, houve um consenso em Washington sobre a importância de competir com a China. Os responsáveis pela formulação de políticas têm se concentrado nas dimensões tecnológica e militar dessa competição, fortalecendo alianças e tentando impedir que a China tenha acesso a tecnologias críticas. No entanto, um aspecto crucial permanece negligenciado: a atuação diplomática dos EUA. Para realmente competir com a China, é essencial que Washington ofereça mais apoio aos diplomatas que atuam no exterior, especialmente em regiões como as Ilhas do Pacífico — um território que representa quase um quinto da superfície do planeta, vital para a segurança e comércio dos EUA, e ainda abriga diversas democracias.

O Aumento da Atuação Americana no Pacífico

Após anos de desinteresse, os EUA têm intensificado sua presença na região do Pacífico em resposta ao aumento da atividade chinesa. As iniciativas incluem a abertura de novas embaixadas, a assinatura de acordos de segurança, e a realização de cúpulas na Casa Branca com líderes da região. Além disso, foi lançada uma estratégia nacional focada no Pacífico que alinha prioridades locais com os interesses americanos.

No entanto, a influência dos EUA ainda é prejudicada pelas limitações de sua diplomacia: a falta de recursos adequados, o financiamento insuficiente e requisitos de relatório ultrapassados. Essas falhas dificultam a capacidade de Washington de competir com a China em uma área que se estende das Filipinas ao Havaí. Sem uma mudança na forma como os EUA priorizam e apoiam sua diplomacia nessa região, a competição com a China continuará a se desvanecer.

Um Cenário Diplomático Desfavorável

O renomado cientista político Bernard Brodie disse que “a estratégia tem um sinal de dólar”, insinuando que orçamentos revelam as reais prioridades de um país. No entanto, a estratégia também está representada em um mapa, onde a distribuição de recursos ilustra o que um país realmente valoriza. Segundo o Índice Global de Diplomacia de 2024 do Lowy Institute, a China ultrapassa os EUA em número de postos diplomáticos, especialmente na África, Ásia Central, Leste Asiático e Ilhas do Pacífico.

  • Dados Envolventes:
    • Embaixadas na Região: A China possui embaixadas em nove países do Pacífico; os EUA, em oito.
    • Pessoal Diplomático: O número de diplomatas chineses pode ser dez vezes maior que o número de americanos em alguns locais.

Por exemplo, em Vanuatu, enquanto a embaixada chinesa conta com até 16 diplomatas, os EUA têm apenas um representante temporário. No arquipélago das Ilhas Salomão, a embaixada chinesa pode abrigar até 100 pessoas, mas a nova embaixada dos EUA normalmente tem apenas de dois a cinco diplomatas.

A Falta de Presença Diplomática

Há regiões onde a presença americana é inexistente e a liderança local se volta para a China sem consultar Washington. Um caso emblemático é o de Nauru, que manteve relações formais com Taiwan até janeiro deste ano, quando decidiu reconhecer o governo de Pequim. Sem um representante diplomático no local, os EUA não puderam prever essa mudança nem tentar influenciar o governo local a reconsiderar.

Por outro lado, a parceria de segurança com a Austrália, sob o acordo AUKUS, não foi acompanhada de um investimento proporcional em diplomacia. Com a comunicação militar se intensificando, Washington precisa aumentar sua presença diplomática de forma que corresponda a essas novas demandas.

Um Contexto de Burocracia

As intenções dos EUA de expandir sua presença no Pacífico esbarram na rigidez das exigências burocráticas. Embora novas embaixadas tenham sido anunciadas em locais como Kiribati e Tonga, obstáculos legais e administrativos têm atrasado a abertura, enfatizando a necessidade urgente de uma abordagem mais flexível. A burocracia muitas vezes impede que esses locais básicos de contato sejam estabelecidos de forma eficaz, levando à constatação de que a presença diplomática dos EUA não corresponde mais às necessidades estratégicas da região.

  • Exigências Difíceis: Por exemplo, a exigência de que embaixadas fiquem a 30 metros de distância de quaisquer estruturas torna desafiadora a construção em pequenas ilhas de atolo, como é o caso de Kiribati.

Por outro lado, a China demonstra mais agilidade, estabelecendo uma embaixada em Nauru em apenas cinco dias após o reconhecimento de Pequim. Para os EUA, confiar em diplomatas que estão a mais de 2 mil quilômetros de Nauru, em Fiji, é uma estratégia insustentável.

A Necessidade de Aumentar a Presença Diplomática

Para que os EUA efetivamente ampliem suas atividades no Pacífico, é necessário aumentar a quantidade de diplomatas atuando na região. Algumas estratégias que podem ser adotadas incluem:

  • Incentivos: Oferecer benefícios para aqueles que aceitam trabalhar em locais remotos.
  • Criação de um novo Escritório: Estabelecer um Bureau do Pacífico independente, separado do atual Bureau da Ásia Oriental e do Pacífico, com vários secretários adjuntos dedicados à região.

Além disso, mudanças nas exigências do Congresso e do Departamento de Estado são vitais para maximizar a eficácia dos diplomatas que já atuam no campo. Embaixadas pequenas não devem ser sujeitas aos mesmos requerimentos administrativos que postos maiores, permitindo que os diplomatas se concentrem mais na construção de relações do que na papelada.

Recursos e Diplomacia Não Tradicional

É fundamental alocar mais recursos para o Departamento de Estado, de modo a garantir que os diplomatas tenham a capacidade de atuar eficazmente diante de uma variedade de desafios globais. Isso inclui a necessidade de integrar especialistas de diferentes departamentos em postos menores, além de considerar inovações como a formação de uma missão permanente no Fórum das Ilhas do Pacífico, semelhante àquela estabelecida para a ASEAN.

A diplomacia não convencional também pode ser uma ferramenta poderosa no Pacífico. O Corpo de Fuzileiros Navais e o Corpo da Paz dos EUA têm demonstrado eficácia em criar laços com a população local, baseando-se na ajuda humanitária e no fortalecimento de vínculos comunitários.

Refletindo Sobre o Futuro

A era atual de competição estratégica exige que os Estados Unidos fortaleçam sua presença diplomática no Pacífico. O apelo de John F. Kennedy aos jovens, em 1960, sobre a importância do serviço diplomático ainda ressoa hoje. A sobrevivência de sociedades livres depende, em grande parte, da disposição de seus diplomatas em trabalhar ativamente para estabelecer contatos e promover os interesses nacionais.

Se o status quo diplomático na região continuar, os EUA correm o risco de perder sua influência diante da crescente presença chinesa. A competição com a China não é apenas uma questão de poder militar ou tecnológico, mas sim uma luta pela eficácia diplomática e pela capacidade de se envolver efetivamente com alianças estratégicas.

Os desafios são muitos, mas a oportunidade de agir é agora. Investir numa presença diplomática robusta não só ajudará os EUA a enfrentar a China, mas também fortalecerá a democracia e a cooperação nos Pacíficos, beneficiando tanto os americanos quanto seus parceiros na região.

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