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Chegou a semana oficial do chocolate! À medida que a Páscoa se aproxima, as prateleiras estão repletas de ovos e barras de chocolate, e isso se torna um convite irresistível para se entregar a uma das delícias mais apreciadas mundialmente. Afinal, quem consegue resistir a um docinho em forma de ovo?
Essa data é verdadeiramente especial e, embora seja um ótimo momento para saborear chocolate, é importante lembrar que esses produtos podem e devem ser apreciados o ano todo. Entender as origens do chocolate, que remontam a milênios, e seu processo de produção cuidadoso, enriquece ainda mais a experiência de consumir essa iguaria que é essencial na alimentação de todos nós.
Por isso, neste artigo, vamos explorar o porquê do cacau ser uma maravilha não apenas na Páscoa, mas em todos os dias. Prepare-se para se tornar um conhecedor, mesmo que um pouco, dessa amêndoa adorada globalmente.
Desde onde vem o cacau?
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O cacau, uma fruta antiga cultivada por diversas civilizações
O cacaueiro, conhecido cientificamente como Theobroma cacao, tem suas raízes na região amazônica, abrangendo áreas do Brasil, Equador, Colômbia e Venezuela. A arqueologia revelou que o cultivo e consumo do cacau datam de cerca de 5.300 anos na região de Zamora Chinchipe, no Equador, comprovando que sua origem sul-americana é anterior à das civilizações mesoamericanas, como os maias e astecas, que também reverenciavam o cacau como alimento e moeda.
A palavra “cacau” tem origem no termo náuatle “cacahuatl”, utilizado pelos astecas. Os europeus conheceram essa amêndoa em 1502, durante a quarta viagem de Cristóvão Colombo, onde viram o cacau sendo utilizado como moeda em Honduras.
No Brasil, o cultivo do cacau começou, provavelmente, em meados do século 17 no Pará. Dois séculos depois, se espalhou pela Bahia, tornando-se hoje um dos principais centros produtores do país. Em 2024, o Brasil registrou uma produção de 179,4 mil toneladas de cacau, conforme dados da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).
Variedades de Cacau
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O cacau possui diferentes variedades genéticas
Assim como muitos produtos agrícolas, o cacau possui suas variantes, que podem ser classificadas com base em características morfológicas, históricas e comerciais. Confira as principais:
- Forastero: Esta é a variedade mais cultivada, predominando na África Ocidental, Brasil (especialmente na Bahia e Amazônia) e Sudeste Asiático. Representa cerca de 80% da produção global, pois é mais resistente a doenças e tem uma produtividade elevada.
- Criollo: É uma variedade mais rara, com um sabor sofisticado, porém menos resistente a doenças. Regiões como Venezuela, Nicarágua e partes da América Central cultivam essa opção.
- Trinitário: Uma mistura entre o Forastero e o Criollo, que combina resistência e distinção sensorial. Cultivado em países como Venezuela, Colômbia, Equador e Peru.
Do pé à barrinha: o caminho do cacau ao chocolate
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A fermentação do cacau logo após a colheita é essencial para o sabor final
A elaboração do chocolate começa na plantação e envolve várias etapas. Vejamos como isso acontece:
- As sementes do cacau são inicialmente cultivadas em viveiros, onde se transformam em pequenas árvores que podem atingir até 6 metros.
- Após cerca de 167 dias, os frutos ficam prontos para a colheita, e sua coloração vermelha ou amarelada indica que já estão maduros. Essa etapa é, frequentemente, feita manualmente nas fazendas.
- Em seguida, as sementes são extraídas, envoltas em uma polpa branca. Algumas fazendas utilizam centrifugadores para extrair o mel de cacau antes desse passo.
- A extração manual envolve cortar o cacau ao meio para retirar as sementes. Isso marca o início de uma jornada mágica, onde as sementes passam por fermentação por 5 a 7 dias, iniciando o processo de desenvolvimento do sabor do chocolate.
- Após serem fermentadas, as sementes são secas ao sol ou em estufas para reduzir a umidade.
- A torrefação segue, intensificando os sabores da amêndoa.
- Durante a moagem, as sementes torradas são trituradas, e assim é produzido o licor de cacau, que contém sólidos e manteiga da amêndoa.
- Esse licor é pressionado para separar a manteiga de cacau dos sólidos, que podem ser moídos em pó, gerando o cacau em pó.
- Pelo processo de conchagem e temperagem, o chocolate é refinado, obtendo a textura e o brilho ideais.
- Por fim, o chocolate é moldado e resfriado, tornando-se pronto para o consumo.
Tipos de chocolate que conquistam corações
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A diversidade de chocolates é incrível
Embora algumas pessoas pensem que todos os chocolates têm sabores semelhantes, essa é uma falácia! Existem várias categorias, cada uma com características únicas que agradam a diferentes paladares:
- Chocolate ao leite: É o campeão de vendas globalmente graças ao seu sabor suave e doce, composto por pasta de cacau, manteiga de cacau, leite e açúcar. O teor de cacau varia entre 30% e 40%, e a legislação brasileira exige um mínimo de 25% para ser classificado como chocolate.
- Chocolate amargo: Ideal para quem busca uma opção mais saudável, apresenta altas concentrações de cacau (acima de 50% para o meio amargo), oferecendo um sabor intenso com menos açúcar.
- Chocolate branco: Contrariando algumas crenças, o chocolate branco contém cacau. Ele é feito a partir da manteiga de cacau, açúcar e leite, sem as moléculas sólidas do cacau, garantindo um gosto cremoso e doce, muito usado em sobremesas.
- Chocolate Ruby: Ainda não é amplamente conhecido, o chocolate ruby se destaca pela sua coloração rosada natural e um toque levemente ácido. Ele é feito de grãos de cacau selecionados e foi introduzido pela primeira vez em 2017 pela Barry Callebaut, a maior fabricante de chocolate do mundo.
O cacau como superalimento
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O cacau na sua dieta traz muitos benefícios
O cacau é classificado como um alimento funcional devido aos seus benefícios para a saúde, como a melhora da saúde cardiovascular e metabólica. Um estudo realizado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostrou que 100 gramas de cacau em pó natural fornecem 228 calorias, 19,6 g de proteínas, 13,7 g de gorduras e 37 g de fibras, alcançando quase 100% da recomendação diária de fibras.
Dentre suas propriedades, o cacau é rico em polifenóis, especialmente flavanóis, que oferecem ações antioxidantes e anti-inflamatórias, auxiliando na neutralização de radicais livres no organismo. Pesquisas publicadas na revista Antioxidants & Redox Signaling indicam que o consumo regular de cacau pode melhorar a função cardiovascular, contribuindo para a redução da pressão arterial.
A teobromina, um composto alcaloide encontrado no cacau, tem efeito estimulante moderado, e pequenas quantidades de cafeína também estão presentes, ajudando a melhorar o estado de ânimo e a disposição. Estudos sugerem que os flavanóis do cacau podem ajudar na sensibilidade à insulina e na prevenção do diabetes tipo 2, além de trazer benefícios cerebrais, estimulando neurotransmissores como dopamina e serotonina.