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Retomando Conexões Através da Refeição Virtual
Durante os períodos mais críticos da pandemia, Vishal Patel notou uma mudança em sua rotina de trabalho. Enquanto as reuniões virtuais se multiplicavam, as interações informais, como pausas para café e refeições compartilhadas, desapareciam: “As pessoas ainda se reuniam, mas a conexão estava se perdendo,” refletiu ele. Essa observação levou Patel, que possui uma formação sólida em tecnologia e comunicação, a criar a GreetEat, uma startup inovadora que busca restaurar o elemento social das refeições no ambiente virtual.
Como Funciona a GreetEat?
A plataforma GreetEat, lançada nos Estados Unidos e Canadá, oferece uma solução simples. Ela permite que os usuários adicionem vouchers de refeição às suas videoconferências, que são entregues pelo Uber Eats. Antes da reunião, os participantes recebem um crédito, podem escolher uma refeição de um restaurante local e, assim, compartilhar esse momento, mesmo com as distâncias. “A receita vai diretamente para o setor de recursos humanos, eliminando a preocupação com recibos ou reembolsos,” explica Patel.
Uma Solução Necessária
Patel não vê a GreetEat apenas como uma maneira de melhorar o bem-estar; ele enxerga como uma resposta a uma das principais fraquezas do trabalho remoto: a sensação de isolamento. “Trabalhar mais horas e participar de mais reuniões não significa que as pessoas estão mais conectadas,” destaca ele.
“A comida sempre foi um elemento de união cultural. Nós estamos apenas facilitando isso novamente, do ponto de vista logístico.”
Reintegrando Refeições na Cultura Corporativa
Reuniões e sessões de brainstorming com comidas sempre foram parte vital da cultura corporativa. Contudo, com o advento do trabalho remoto e híbrido, essa prática se dissipou. As videoconferências tornam a interação fria, tornando mais desafiador estabelecer confiança, afirmam Mark Mortensen e Heidi K. Gardner na Harvard Business Review. “As reuniões virtuais carecem do calor das refeições compartilhadas,” complementa Patel, enfatizando sua meta de unir tecnologia e hospitalidade para resgatar a alegria de compartilhar refeições.
Apoio de Outras Iniciativas
A GreetEat não está sozinha nessa jornada. Outras plataformas, como a ChefPassport e a KraftyLab, têm explorado experiências gastronômicas virtuais e interações corporativas. Muitas empresas têm tentado implementar soluções para refeições e happy hours virtuais, mas frequentemente esbarram em problemas logísticos, como organizar pedidos e gerenciar reembolsos.
A GreetEat pretende superar esses obstáculos com uma interface integrada, permitindo que anfitriões conectem videoconferências ao serviço de entrega de comida. “Isso transforma o engajamento remoto,” afirma Patel.
Um Novo Modelo de Experiência
Atualmente, a GreetEat opera com um modelo de assinatura para empresas, e a empresa recebe uma taxa por transação ao colaborar com o Uber Eats. Eles também estão expandindo parcerias com serviços de entrega e plataformas de recursos humanos. O potencial de crescimento é considerável, especialmente em um cenário onde muitos trabalhadores estão adotando o modelo remoto.
Transformando o Discorrer das Reuniões
Com dados da Gallup indicando que 80% dos profissionais com a possibilidade de trabalhar remotamente atuam em home office, a GreetEat se torna ainda mais relevante. O Zoom, por exemplo, registra 350 milhões de participantes diariamente, evidenciando que muitas refeições continuam a ser perdidas. Patel sugere que a GreetEat poderia ser utilizada para onboardings virtuais, apresentações para clientes ou até mesmo nas competições de e-sports, criando uma experiência mais envolvente.
Reforçando a Cultura Corporativa
Refeições não devem ser vistas apenas como um benefício adicional. Elas são fundamentais para a produtividade no ambiente de trabalho. Patel argumenta que, assim como há verbas para ferramentas de trabalho e bem-estar, a alimentação deve ocupar um lugar central. Um estudo da ezCater mostra que 53% dos funcionários se sentem mais produtivos quando recebem alimentação gratuita, e 42% acreditam que isso eleva a qualidade do trabalho.
Ademais, a falta de pausas adequadas para as refeições pode levar ao esgotamento dos trabalhadores, uma preocupação crescente no ambiente remoto. A GreetEat está buscando formalizar a importância dessa cultura, algo que antes era tratado de forma informal nas empresas.
Resultados Promissores
Os primeiros clientes da GreetEat estão reportando resultados positivos: reuniões que utilizam vouchers da plataforma estão apresentando um aumento de 60% na participação, além de maior engajamento e satisfação. As empresas notam também uma diminuição da carga de trabalho do setor de RH em relação ao controle de despesas e reembolsos.
Além disso, essa experiência integrada de refeição tem se mostrado uma ferramenta valiosa para recrutamento e retenção, especialmente entre os jovens, que valorizam flexibilidade e benefícios que se alinham ao seu estilo de vida.
No fim das contas, o que está no cerne da proposta da GreetEat é simples: as pessoas ainda anseiam por refeições compartilhadas, mesmo quando distantes. E, com a ajuda da tecnologia, é possível recriar esses momentos de conexão. Patel resume bem quando diz: “Não estamos inventando nada novo; apenas removemos os obstáculos que dificultavam um evento tão essencial.”
*DAPHNE EWING-CHOW é colaboradora da Forbes EUA, com experiência em sistemas alimentares e meio ambiente. Seu histórico inclui passagens pelo The New York Times, The Sunday Times (Londres) e o Programa Mundial de Alimentos, da ONU.