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Descubra Como a Música Vai Além da Partitura e Encanta os Sentidos

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O Agro Brasileiro e o Mercado de Capitais: Uma Oportunidade de Crescimento

À medida que o mundo avança em direção à sustentabilidade, os países enfrentam a desafiadora tarefa de equilibrar suas próprias prioridades, que incluem transição energética, mudanças climáticas e segurança alimentar. Um dos eventos mais emblemáticos dessa discussão será a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP 29), marcada para os dias 11 a 22 de novembro, em Baku, no Azerbaijão. O tema central do encontro será o financiamento da transição da economia baseada em combustíveis fósseis para uma bioeconomia mais sustentável.

Revisitar acordos como o de Kyoto e o de Paris é vital. Embora tenham sido marcos importantes, estes acordos falharam em estabelecer mecanismos efetivos para financiar essa transição. Perguntas surgem: estamos agora mais bem alinhados para fazer isso acontecer?

A Importância do Mercado de Carbono

Um dos tópicos que deve ocupar espaço nas discussões é o mercado de carbono. Vale recordar que o primeiro leilão de créditos de carbono sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ocorreu em 2007 na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Naquela época, o Fortis Bank, da Holanda, comprou créditos por 16,20 euros a tonelada. Hoje, as normas europeias estipulam valores que podem chegar a 100 euros por tonelada, um salto considerável.

O Potencial da Agroindústria Brasileira

Com a agroindústria brasileira representando 25% do PIB, ou cerca de R$ 2,5 trilhões, surge a importância de um financiamento mais robusto. Os dados revelam que o gasto operacional no setor gira em torno de R$ 2 trilhões, enquanto o financiamento por meio do Plano Safra alcança R$ 508 bilhões, com juros variando entre 7 a 12%. Notavelmente, mais de 90% desse financiamento está destinado a custear operações de um único ano.

Observando a situação de investimento, podemos contabilizar cerca de R$ 700 bilhões disponíveis via instrumentos de mercado como CPRs (Cédulas de Produto Rural), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), CRIs e CRAs. A maturação média desses recursos se aproxima de 7 anos, o que permite visualizar um investimento anual no agro de aproximadamente R$ 70 bilhões.

Os Desafios dos Empreendedores do Agro

É crucial destacar que o agronegócio brasileiro necessita de um montante de investimentos na ordem de R$ 750 bilhões por ano. Contudo, esse capital é obtido em parte através de recursos próprios e créditos de fornecedores, o que limita as possibilidades de expansão para pequenos e médios empreendedores. Essa situação sugere que, se o agro tivesse acesso ao capital de risco no mercado de capitais, poderia multiplicar seu potencial de investimento entre 7 e 8 vezes.

A Necessidade de Inovação e Acesso ao Financiamento

Embora haja progresso na expansão de instrumentos de financiamento, como a CPR e a LCA, seus valores, embora expressivos, ainda estão longe de atender à demanda do setor por capital de risco. O apetite do mercado de capitais é indiscutível, mas para aproveitar essa oportunidade é necessário aumentar a base de investidores e facilitar o entendimento dos agricultores sobre como esses instrumentos funcionam.

  • Governança e transparência são cruciais para capturar investimentos no agro.
  • Uma estrutura regulatória que seja simples e acessível será vital para a participação dos pequenos produtores.

Financiamento e a Transição para uma Bioeconomia

A transição da economia fóssil para a bioeconomia não é apenas um desafio; é uma oportunidade de elevar a competitividade internacional do Brasil. O reconhecimento da biocompetitividade do país se torna evidente ao levar em conta sua capacidade de produzir de forma sustentável. O crédito de carbono pode ser um pilar essencial para viabilizar essa transição econômica.

A agricultura não é apenas um meio de subsistência, mas uma ferramenta poderosa para capturar carbono e proporcionar serviços ambientais. Os créditos de descarbonização (Cbios) emergem como um exemplo que pode ser útil para outras culturas e mercados, agregando ainda mais valor à transformação necessária no setor.

Lições do Passado e o Caminho à Frente

É imperativo aprender com as falhas do passado, como as do mercado de créditos de carbono nas regulamentações da CDM de Kyoto e do Acordo de Paris. O alto custo e complexidade na transformação foram impedimentos significativos. Assim, a regulamentação futura, como a que será discutida em Baku, deve ser atrativa, não um entrave.

O Brasil precisa aproveitar sua vantagem no menor custo de transição para uma bioeconomia, dado seu contexto tropical favorável, tanto no agronegócio quanto na produção de energia sustentável. A integração de recursos nacionais com potenciais investimentos internacionais pode impulsionar esse processo.

Inovação e Novos Modelos de Negócio

Para que o agro brasileiro alcance seu potencial, é fundamental introduzir novos modelos de negócios utilizando o mercado de capitais. Um exemplo inovador pode incluir a criação de empresas de armazenamento, um serviço essencial que faz falta no Brasil, onde apenas 30% das propriedades possuem infraestrutura adequada, em comparação com 60% nos Estados Unidos. A implementação da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) pode representar outra oportunidade para a criação de unidades de capital aberto.

O Futuro do Agro Brasileiro

Independentemente dos desafios apresentados, o Brasil possui o poder de acelerar significativos investimentos na agroindústria. A harmonização entre o mercado de capitais e o agronegócio é essencial para definir o futuro desse setor tão vital para a economia do país. A colaboração e a inovação serão as chaves para o sucesso nessa jornada.

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