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Descubra Como um Simples Risoto de Frango Caipira Transformou-se em um Império de R$ 700 Milhões!

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As Raízes da Risotolândia: Uma História de Sucesso a partir de um Prato Tradicional

No cenário vibrante dos “anos dourados” do Brasil, na década de 50, um assombro culinário começou a tomar forma em Curitiba. Cenira e Carlito Gusso, um casal de origem italiana, foram convidados para animar um restaurante na Sociedade 5 de Julho, um clube tradicional no bairro Xaxim. Nesta época, a capital paranaense ainda preservava suas estradas de bairro, criando uma atmosfera única para encontros sociais.

Os Gusso trouxeram consigo uma receita de família que se tornaria uma verdadeira marca registrada: o risoto de frango caipira. Preparado com arroz perfeitamente cozido e coberto com o delicioso queijo Grana Padana, típico do Vale do Pó na Itália, o prato logo se destacaria entre os frequentadores. Sua popularidade foi tanta que o prefeito da época, Ney Braga, decidiu instalar um telefone fixo no restaurante para que os clientes pudessem reservar suas mesas antecipadamente.

Transformação Empresarial e o Nascimento da Risotolândia

O sucesso do risoto de frango caipira foi apenas o começo de uma jornada surpreendente. O que o casal provavelmente não sabia é que, com o passar dos anos, esse prato tradicional daria origem à Risotolândia, uma das maiores empresas de refeições coletivas do Sul do Brasil e ocupando posição de destaque no cenário nacional. Hoje, a Risotolândia está presente em sete estados – Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul – atendendo a 300 cidades. Para 2023, a expectativa de faturamento é de impressionantes R$ 700 milhões, de acordo com o CEO da empresa, Carlos Humberto de Souza.

Antes de chegar ao sucesso atual, o risoto teve sua trajetória passando por outros clubes curitibanos, como a Sociedade Morgenau, e até mesmo com um restaurante exclusivo chamado “Risoto do Xaxim”. A verdadeira transformação ocorreu na década de 70, quando Carlos Antônio Gusso, o filho do casal, assumiu o negócio a pedido dos pais e redirecionou o foco para o setor de refeições coletivas.

Risotolândia, nas origens e hoje em dia. Fotos: Reprodução

Carlos Gusso percebeu que o mercado de refeições estava mudando. O que antes era focado no risoto passou a ser estruturado em torno do clássico arroz e feijão, uma necessidade crescente entre colaboradores de empresas que buscavam opções acessíveis e práticas. Assim, a empresa começou a se especializar em refeições corporativas.

De Família à Expansão: Uma Gestão Dinâmica

Em 2014, Carlos Gusso decidiu dar um passo atrás e transferiu o controle da Risotolândia para seus filhos, que se tornaram acionistas. Carlos Souza, que começou sua trajetória na empresa em 1983, passou por diversos cargos até se tornar CEO. “Agora sou apenas o genro empregado”, brinca Souza. A empresa, embora mantenha a propriedade dentro da família, aposta em uma governança compartilhada, composta por um conselho consultivo com membros da família e especialistas do mercado.

Mas o que realmente propeliu a Risotolândia para o próximo nível foram as transformações econômicas e sociais que ocorreram no Brasil. A partir de 1976, com o lançamento do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), as empresas passaram a receber incentivos fiscais para fornecer alimentação aos seus funcionários. Além disso, a criação da Cidade Industrial de Curitiba em 1973 atraiu grandes indústrias que estavam posicionadas longe do centro, onde a infraestrutura de refeições era limitada.

Buffet de comida servida pela Risotolândia. Foto: Reprodução

A primeira grande cliente da Risotolândia foi a Labra, conhecida fabricante de canetas e artigos de papelaria. A paixão do departamento de recursos humanos pelo risoto fez com que a empresa contratasse a Risotolândia para fornecer 90 refeições diariamente, servidas para os colaboradores em Araucária, nos arredores de Curitiba.

Nos anos seguintes, a Risotolândia cresceu exponencialmente. Em 1981, a empresa abriu sua primeira cozinha industrial, com capacidade de 3 mil refeições diárias. Na sequência, esse número saltou para 16.500 em 1986, 34.500 no final da década de 90, e atingiu impressionantes 245 mil refeições em 2004. Hoje, a produção é ainda mais impressionante, com 550 mil refeições diárias e uma força de trabalho composta por 5.200 colaboradores, sendo 86% mulheres.

Expansão para Diversos Setores: Da Alimentação Escolar à Saúde

Após consolidar sua posição no mercado corporativo, a Risotolândia começou a diversificar suas operações. Na década de 90, venceu uma licitação para fornecer refeições para escolas públicas, e, em 2010, alcançou o setor de escolas particulares. Empresas conhecidas no Brasil, como Becton Dickinson, Abbott, Grupo Positivo, TAM Aviação Executiva e Intermarine, agora figuram entre seus clientes no setor corporativo.

Em 2018, o passo seguinte foi a entrada no ramo de saúde, fornecendo alimentação especializada para pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde. Durante a pandemia, a Risotolândia também se aventurou no mercado de comidas prontas e ultracongeladas. A atuação da empresa, atualmente, é dividida em 68% para o setor público e 32% para o privado.

A empresa atualmente é composta por sete marcas, incluindo:

  • Risotolândia Restaurantes Corporativos
  • Risotolândia Serviços Inteligentes de Alimentação
  • It’s Cool (para escolas particulares)
  • Eat’s Good (pratos prontos ultracongelados)
  • Campodoro (logística e transporte)
  • R Facilities (serviços terceirizados de recepção, limpeza, jardinagem e manutenção)

Vislumbrando o Futuro da Risotolândia

O futuro se apresenta cheio de possibilidades para a Risotolândia. Carlos Souza vislumbra a expansão ainda maior no setor de saúde e enxerga oportunidades em mercados como aeroportos e estações de ônibus. A empresa também tem como meta a criação de produtos com maior validade e padrão industrial, visando otimização de processos e redução de custos.

“Estamos em um momento de consolidação e inovação. O Brasil ainda oferece muitas oportunidades, especialmente com a retomada econômica”, conclui Souza, apontando um horizonte promissor para a Risotolândia.

A dica é que, ao saborear seu próximo prato, pense na rica história por trás da Risotolândia. Como um simples risoto se transformou em um gigante do setor de refeições coletivas, é uma verdadeira inspiração para empreendedores e amantes da boa comida.

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