Artigo traduzido e adaptado do inglês, publicado pela matriz americana do Epoch Times.
Uma Nova Era para o BRICS
Na semana passada, testemunhamos um encontro marcante do grupo BRICS, que reúne países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos integrantes como Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. O evento, que ocorreu de 22 a 24 de outubro na cidade russa de Kazan, contou com a presença de 36 países, incluindo 22 líderes globais. O foco principal? A “desdolarização” — o movimento para reduzir a dependência do dólar americano nas transações globais.
Entendendo a Desdolarização
O termo “desdolarização” pode soar complexo, mas a ideia é simples: substituir o dólar como moeda de reserva e meio preferido de troca internacional. Vladimir Putin, presidente da Rússia, afirmou categoricamente: “Não estamos rejeitando o dólar. Contudo, se formos impedidos de usá-lo, precisamos buscar alternativas”. Essa frase sintetiza o espírito do BRICS, que vê a necessidade de diversificar suas relações comerciais.
Perspectivas Divergentes sobre a Desdolarização
Embora a proposta de desdolarização tenha sido recebida com entusiasmo pelos membros do BRICS, muitos especialistas ocidentais a consideram um projeto irrealista. Ariel Cohen, do Atlantic Council, argumenta que criar um sistema financeiro alternativo para pagamentos em rublos ou yuanes é uma tarefa complexa e improvável. Matthew Bryza, ex-funcionário do governo dos EUA, também comentou que, embora a desdolarização possa ser um desejo crescente, a utilidade do dólar como meio de troca continua prevalente.
Visões Contrastantes
Por outro lado, especialistas como Mamdouh Salameh, um renomado analista de energia no Reino Unido, mostram-se otimistas. Para ele, o objetivo do BRICS não é apenas substituir o dólar, mas criar um sistema financeiro baseado em uma moeda comum que permita maior autonomia nas transações entre os países membros. Segundo Salameh, os BRICS acreditam que a dívida nacional dos Estados Unidos — que já alcançou cerca de US$ 37 trilhões — pode levar a uma desvalorização significativa do dólar. Esse cenário de incerteza motiva os países a buscarem alternativas.
Os Desafios do Sistema Financeiro Atual
O sistema financeiro global, baseado na hegemonia do dólar, foi estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, com a criação do sistema de Bretton Woods. Durante esse período, o dólar era ancorado ao ouro, o que garantia uma certa estabilidade. No entanto, conforme Putin observou, essa ligação foi rompida na década de 1970, levando a uma dependência da economia americana para a estabilidade do dólar. Ele ainda destacou que 95% do comércio entre Rússia e China agora é realizado em rublos e yuans, refletindo um movimento real em direção à desdolarização.
Sanções e Autonomia
Um dos impulsos por trás desse movimento é a defesa contra sanções econômicas. O Irã, por exemplo, tem enfrentado sanções rigorosas dos EUA e, portanto, a busca por um sistema financeiro alternativo é vista como uma medida de proteção. Durante a cúpula, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian denunciou o uso do dólar como uma “arma” de controle internacional.
- **Sanções: Uma ameaça constante** – Países que enfrentam sanções podem sentir que a desdolarização é a única forma de garantir sua soberania financeira.
- **Superar barreiras** – Uma declaração conjunta do BRICS ressaltou a necessidade de criar “instrumentos de pagamento transfronteiriços mais eficientes e seguros”, com o objetivo de minimizar as barreiras comerciais.
O Futuro da Desdolarização: Uma Luta Longa
A desdolarização não é apenas um desejo de alguns; é um movimento cauteloso dirigido por líderes que acreditam que o sistema financeiro atual não reflete mais a realidade econômica do mundo. Entretanto, especialistas como Ferit Temur advertem que eliminar rapidamente o sistema SWIFT — que domina as transações financeiras globais desde sua criação em 1973 — é uma meta quase impossível, dado o seu amplo uso. Ele ressalta: “Os países do BRICS enfrentam um desafio considerável para se desvincular do SWIFT, embora possam tentar criar soluções alternativas.”
Desafios Práticos
Embora a desdolarização tenha apelo, existe o reconhecimento de que a implementação de um sistema financeiro alternativo enfrenta desafios práticos. A resistência global à mudança e o entrave das regras internacionais de finanças dificultam essa ambição. O crescente desejo entre os membros do BRICS de criar suas próprias alternativas é notável, mas deve ser equilibrado com a realidade do sistema financeiro global existente.
- **Dependência do dólar** – Até que o sistema de desdolarização ganhe força, a maioria dos países continuará a ver no dólar uma opção viável e segura.
- **Perspectivas de longo prazo** – A possibilidade de criar um sistema desdolarizado que funcione para todos os participantes é uma perspectiva que exige tempo e colaboração.
Reflexões Finais
A discussão em torno da desdolarização ilustra um aspecto intrigante da dinâmica econômica global. Embora existam desafios, os membros do BRICS estão claramente dispostos a explorar novas soluções para protegê-los de um sistema que consideram disfuncional.
O futuro do BRICS e seu papel na economia global estão em evolução, e os próximos anos poderão revelar muito sobre a viabilidade desse movimento. Como as nações se unem em torno desse objetivo, é natural que questionemos: Até que ponto essa estratégia pode, de fato, transformar o equilíbrio de poder no comércio internacional?
Essa é uma discussão que vale a pena acompanhar de perto, e seu desdobramento certamente gerará debates acalorados entre economistas e formuladores de políticas de todo o mundo. E você, o que pensa sobre o futuro do dólar e a proposta de desdolarização? Compartilhe suas reflexões nos comentários e participe dessa conversa emocionante.