O Impacto das Tarifas e o Medo Silencioso dos Varejistas
O ex-CEO da Sears Canada, Mark Cohen, destaca uma preocupação crescente entre os grandes líderes do setor varejista americano: a guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump. Segundo ele, muitos CEOs estão “aterrorizados” com a escalada do conflito, mas relutam em se manifestar contra essa situação, temendo represálias. Essa situação levanta questões importantes sobre a economia e o futuro do comércio no país.
O Tema da Covardia Corporativa
Cohen ressalta que a maioria dos executivos da indústria prefere o silêncio a correr o risco de criticar a administração atual. “É uma forma de covardia”, afirma. Em suas palavras, os varejistas estão tentando desesperadamente encontrar soluções para os desafios impostos por uma política que afeta diretamente suas operações, desde a produção até a distribuição. Eles estão contatando Cohen com frequência, preocupados com as pressões para ajustar previsões financeiras e renegociar com fornecedores.
O Que Está Acontecendo com os Varejistas?
Nos últimos meses, os varejistas se viram diante de uma situação delicada. Durante a primavera e o verão, muitos conseguiram preparar seus estoques e, em alguns casos, até reduzir a qualidade dos produtos para manter os preços mais acessíveis. A estratégia funcionou na temporada de volta às aulas, mas, como Cohen afirma, “a festa acabou”. Agora, os produtos que estavam nas prateleiras antes das festividades de fim de ano enfrentam preços elevados devido ao impacto das tarifas.
Alguns gigantes do varejo, como o Walmart, ainda conseguem navegar por essas águas turbulentas, mantendo os preços relativamente baixos e prateleiras abastecidas. No entanto, para os pequenos e médios varejistas, a situação é desesperadora. Cohen compara isso a uma crise tão mortal quanto a pandemia de covid-19.
As Tarifas: Uma Bomba Relógio na Economia
Cohen aponta que as tarifas criadas por Trump funcionam como uma “bomba-relógio” nas cadeias de suprimentos, causando aumentos de preços que podem esmagar pequenos negócios. Diferentemente dos impostos que são pagos no ponto de venda, as tarifas se manifestam antes que um produto chegue ao consumidor, impactando as finanças das empresas de forma sutil, mas devastadora.
Impactos Diretos nas Cadeias de Suprimentos
- Aumento de Preços: Praticamente tudo que consumimos é onerado por essas tarifas, o que acaba gerando um fardo em cada etapa da cadeia de suprimentos.
- Crise de Liquidez: Empresas agora precisam pagar tarifas adiantadas antes que suas mercadorias sejam liberadas pela alfândega, causando problemas de fluxo de caixa para muitas importadoras menores.
Cohen enfatiza que os custos adicionais associados às tarifas não faziam parte do planejamento financeiro dessas empresas, levando a uma pressão exacerbação nas operações.
O Efeito Dominó nos Preços
Mesmo grandes players do mercado estão sendo forçados a repassar os aumentos de preços aos consumidores. Um exemplo notável é a Ikea, que viu uma disparada de preços em alguns de seus produtos, como um conjunto de quarto que aumentou em US$ 90 em apenas dois meses. A Ikea, conhecida por sua proposta de preços acessíveis, mostra que, se uma empresa assim está aumentando preços, a situação realmente afeta a todos no setor.
Comportamento dos Consumidores
Até agora, os consumidores parecem ter aceitado essa realidade, com gastos 0,6% superiores em setembro em comparação ao ano anterior, segundo o Bank of America. Entretanto, essa aceitação pode ser passageira, à medida que os impactos das tarifas se tornam mais evidentes. A S&P estima que as empresas enfrentarão um aumento de pelo menos US$ 1,2 trilhão em custos este ano.
Um Chamado à Ação
Cohen acredita que os CEOs do setor varejista devem se unir e defender a indústria contra os efeitos negativos das tarifas. Se ele ainda fosse o CEO da Sears Canada, não hesitaria em tornar visíveis os aumentos de preços causados por essas tarifas nos rótulos dos produtos, explicando aos consumidores a razão para os valores elevados.
Risco de Retaliação Internacional
Além das dificuldades internas, os Estados Unidos podem se ver em uma espiral de retaliações comerciais, com nações como China e Canadá já implementando medidas que podem intensificar a crise. Esse cenário coloca uma pressão adicional sobre a economia americana e provoca uma incerteza que impede planejamento adequado por parte das empresas.
A Tempestade Que Se Aproxima
Cohen adverte que o aumento de preços, combinado com problemas nas cadeias de suprimentos e mudanças nas políticas laborais, pode levar o país a uma nova recessão. Ele menciona que 70% da população americana vive de salário em salário, o que torna ainda mais preocupante a situação econômica futura.
O Silêncio que Preocupa
O que mais assusta Cohen é o silêncio do setor empresarial. Ele pondera se os executivos estão fazendo lobby em particular, mas acredita que essa estratégia pode ser um beco sem saída. “A Ikea pode muito bem ser o canário na mina de carvão”, alerta ele, referindo-se à situação vulnerável que os varejistas enfrentam.
Pensando no Futuro
Com todos esses desafios à frente, é importante que tanto os líderes de empresas quanto os consumidores estejam cientes das implicações das políticas atuais. A situação demanda uma análise cuidadosa e um diálogo aberto sobre as soluções possíveis para mitigar os riscos associados às tarifas e à guerra comercial.
Qual é o seu ponto de vista sobre a situação atual? Você acredita que as empresas devem se mobilizar mais contra essas políticas? Deixe sua opinião nos comentários!