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Desvendando a Ilusão da Euforia na Rússia: O Que Está por Trás da Superficialidade

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A nova face do Dia da Vitória: Putin, a Ucrânia e a relação com os EUA

O Dia da Vitória, celebrado anualmente em 9 de maio, é uma data que simboliza a vitória da União Soviética sobre a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial. Durante anos, o Presidente russo Vladimir Putin utilizou essa cerimônia como uma vitrine de seu próprio poder e grandeza. Essa celebração, profundamente enraizada na identidade nacional russa, unifica o povo em torno de um feito histórico, e claro, Putin percebeu rapidamente a oportunidade de se beneficiar disso.

A apropriação do passado

Com o passar dos anos, Putin fez questão de personalizar essa celebração, transformando-a em um reflexo de seu regime. Uma mudança significativa foi a incorporação do “Regimento Imortal”, uma organização civil que reúne centenas de milhares de russos para marchar com retratos de seus antepassados que lutaram na guerra. Sob a supervisão do Kremlin, essa iniciativa ganhou forma e agora é uma peça central das comemorações. Em 2015, Naputando a data, Putin chegou a liderar uma das colunas na parada de Moscou, solidificando sua imagem como o guardião da história russa.

A guerra na Ucrânia e o novo simbolismo

Contudo, desde que a Rússia iniciou sua "operação especial" na Ucrânia em 2022, o significado do Dia da Vitória evoluiu. O Kremlin intensificou a narrativa de que o conflito com a Ucrânia é uma extensão da Grande Guerra Patriótica, posicionando a Rússia como defensora contra uma nova forma de imperialismo ocidental, agora representado pela Ucrânia e a Europa. Essa ideia se tornou um pilar da propaganda estatal, com a parada do Dia da Vitória funcionando como uma estratégia para consolidar essa visão na mente dos cidadãos.

O espetáculo dos 80 anos de vitória

Neste ano, a celebração do 80º aniversário da vitória soviética promete ser grandiosa. Putin está determinado a mostrar que a Rússia não está isolada; ao contrário, que faz parte de uma "maioria mundial" composta por países que se opõem ao que o Kremlin chama de “hegemonia ocidental”. Para isso, ele convidou representantes de nações como Mianmar, Guiné Equatorial e Burkina Faso para participar da marcha, evidenciando uma união com países que, historicamente, não têm relação com o evento de 1945.

Notavelmente, Xi Jinping, o líder da China, também estará presente, reforçando a aliança simbólica entre Moscou e Pequim. No entanto, as ausências de antigos aliados da União Soviética levantam questões sobre o real estado de isolamento da Rússia no cenário internacional.

O novo contexto das relações com os Estados Unidos

Desde a nova administração nos EUA, a relação entre Rússia e Estados Unidos passou por um manto de expectativas. Enquanto muitos russos passaram a associar o governo de Donald Trump com a esperança de uma mediação eficaz para a paz na Ucrânia, o apoio da administração americana tornou-se um ponto central nas discussões sobre a resolução do conflito. Embora os discursos oficiais tentem elevar os EUA a um status de parceiro, é notável que a vista do Kremlin sobre a Europa mudou radicalmente, transformando o continente europeu no novo inimigo.

O “tango” com Trump: uma nova dinâmica

Historicamente, os EUA sempre desempenharam um papel crucial na vida coletiva russa. A rivalidade foi marcada por uma combinação de admiração e desprezo, mas com a vitória de Trump, as percepções mudaram. Hoje, muitos veem os Estados Unidos como um possível mediador confiável na busca por uma solução pacífica. Esse sentimento ficou evidente em pesquisas que mostram que a maioria da população agora acredita que a paz é possível, desde que mediada por Washington.

Expectativas e realidades

Entretanto, essas expectativas não são unânimes. Uma parte da população ainda se sente apreensiva com o que uma possível paz poderia significar. O dilema de Putin se aprofunda, pois ele precisa navegar entre a pressão interna por estabilidade e as expectativas crescentes a respeito do fim das hostilidades. Com os veteranos retornando ao lar após a guerra, as promessas feitas pelo regime podem não ser cumplidas, transformando esses heróis em concorrentes por recursos escassos, o que pode gerar descontentamento.

O preço da guerra: consequências psicológicas

Os efeitos psicológicos da guerra têm gerado um desgaste na sociedade russa. Embora muitos tentem se distanciar das crueldades do conflito, a verdade é que a dor e o sacrifício são visíveis. De acordo com pesquisas, cerca de 40% dos russos acreditam que a expansão militar prejudicou o país, uma minoria que ganha força à medida que os horrores da guerra se tornam mais evidentes.

Dentro desse contexto, a resistência à guerra vem de uma minoria, mas também há um movimento crescente que exige paz. No entanto, essa demanda é complexa. Muitos cidadãos ainda condicionam a paz à não adesão da Ucrânia à OTAN e à permanência das terras conquistadas sob controle russo.

A engrenagem econômica

Um aspecto frequentemente esquecido são as implicações econômicas da guerra. Com a diminuição das receitas de petróleo, os empresários olham para os Estados Unidos como uma fonte potencial de receita, apostando que acordos bilaterais possam ajudar a estabilizar a economia. Entretanto, enquanto o Kremlin mantém um discurso de firmeza, os tempos exigirão movimentos delicados, pois atrasos nas negociações podem gerar um clima de expectativa e frustração que ameaça o status quo.

O futuro em suspenso

À medida que o conflito se arrasta, uma pergunta crucial emerge: até quando Putin poderá prolongar a situação sem que mudanças drásticas ocorram? E mais, como ele lidará com as expectativas crescentes da população por uma solução para o conflito? Enquanto a diplomacia com Trump evolui para algo promissor, o líder russo sabe que qualquer avanço deve ser cuidadoso para não alimentar descontentamento social.

O dilema de Putin

Putin enfrenta uma encruzilhada. Em um mundo onde a percepção do sucesso é muitas vezes subjetiva, ele terá que se concentrar em um caminho que possa satisfazer a população e, ao mesmo tempo, assegurar a continuidade do regime. A verdade é que o desejo de uma paz duradoura e frutífera não pode ser ignorado, e a estratégia do Kremlin será fundamental para o próximo capítulo da história russa.

Novos horizontes

O que podemos aprender com essa nova situação é que a interconexão entre os eventos históricos e as atuais relações políticas são complexas e cheia de nuances. A grande questão permanece: até que ponto a Rússia poderá evoluir sem perder a essência do que representa enquanto busca sua posição no mundo? O caminho adiante será desafiador, exigindo diálogo, crescimento e, mais importante, adaptações necessárias em um mundo que, sem dúvida, continuará a mudar.


Com um olhar atento às transformações, é importante que os cidadãos continuem a discutir e debater essas questões. Peço que compartilhem suas opiniões e reflexões, pois o futuro é moldado pela participação de todos nós.

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