Numa análise recente, publicada nesta terça-feira, a Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) revelou que a intensificação dos conflitos e as prolongadas restrições ao deslocamento de pessoas, bens e recursos estão levando a economia dos territórios palestinos a uma crise alarmante, posicionando-a entre as dez crises mais severas globalmente desde 1960.
A Crise Econômica e o Retrocesso no Desenvolvimento
A Unctad enfatiza que as repercussões desse colapso econômico vão muito além de números em gráficos. A infraestrutura crítica, os serviços públicos, os indicadores sociais e a capacidade do governo palestino estão sendo severamente comprometidos.
Os dados mostram que a economia palestina encolheu a 70% do nível de 2022, com uma queda de 27% apenas em 2024. Isso fez com que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita retornasse aos níveis de 2003, resultando em 22 anos de progresso apagados em pouco mais de um ano e meio.
Além disso, a inflação disparou 54% em 2024, acentuando a escassez de recursos e o custo de vida. O desemprego, por sua vez, atingiu a alarmante marca de 50% ao final do ano. A Unctad prevê que o Índice de Desenvolvimento Humano da Palestina poderá cair de 0,716 para 0,643, eliminando assim um quarto de século de avanços sociais.
Crianças continuam morrendo em Gaza
O Colapso Sem Precedentes em Gaza
Embora toda a Palestina tenha sentido as consequências da recessão, Gaza é, sem dúvida, a mais afetada. O PIB da região caiu 83% em 2024, enquanto o PIB per capita despencou para escassos US$ 161, representando apenas 6,4% do pico alcançado em 2005.
A inflação em Gaza aumentou assustadores 238%, e o desemprego chegou a 80%, forçando a população a enfrentar uma pobreza multidimensional sem precedentes.
De acordo com dados coletados entre outubro de 2023 e maio de 2025, a “enorme destruição” em Gaza resultou na redução da luminosidade noturna, um indicador chave da atividade econômica, em impressionantes 73%. Até abril de 2025, cerca de 70% das estruturas em Gaza estavam danificadas — isso representa mais de 174.500 edifícios. A Unctad sublinha que já se perderam 69 anos de avanços em desenvolvimento humano.
A Crise Fiscal e suas Consequências
O relatório também destaca que o Protocolo de Paris, que confere a Israel controle sobre mais de dois terços das receitas fiscais palestinas, culminou na pior crise orçamentária já registrada. Entre 2019 e abril de 2025, as deduções unilaterais e os montantes retidos totalizaram US$ 1,76 bilhões, o que equivale a 12,8% do PIB de 2024 e 44% das receitas líquidas palestinas.
A queda das receitas limita seriamente a capacidade do governo de oferecer serviços básicos e investir na reconstrução, numa fase onde as necessidades da população são urgentes.
Mulheres em Gaza recebem ajuda de organizações internacionais, incluindo a ONU
A Dura Realidade das Mulheres em Gaza
Durante um evento separados, Sofia Calltorp, chefe de ação humanitária da ONU Mulheres, destacou que mulheres e meninas em Gaza estão enfrentando uma realidade de fome, frio, luto incessante, deslocamentos múltiplos e responsabilidades acrescidas.
Ela compartilhou sua experiência em uma recente visita à região, onde bairros inteiros foram reduzidos a escombros. Alarmantemente, mais de 12 mil mulheres e meninas agora vivem com incapacidades provocadas pelo conflito.
Apesar de um cessar-fogo, Calltorp enfatizou que “a guerra não acabou” para essas mulheres, que continuam clamando por segurança, acesso a alimentos, apoio psicológico e oportunidades para se envolver nas reconstruções necessárias.
Urgência nas Ações para Combater a Deterioração
A Unctad alerta que a economia da Palestina caminha para um colapso total, afetando negativamente todos os setores. A agência da ONU sugere a necessidade urgente de:
- Garantir acesso imediato à água, saúde física e mental, e infraestrutura básica.
- Expandir o apoio a rendimentos e ao emprego, além de proteger pequenas e médias empresas.
Ademais, a proposta de um rendimento básico emergencial universal para Gaza é considerada crucial, dado o nível extremo de pobreza que aflige a área.
Mesmo em um cenário otimista, em que um crescimento robusto é impulsionado por assistência internacional significativa, a Unctad estima que Gaza levará décadas para se recuperar aos níveis de bem-estar que existiam antes de outubro de 2023.
Essas informações nos levam a refletir sobre um cenário alarmante e, ao mesmo tempo, nos convidam a nos solidarizarmos com aqueles que vivem essa realidade difícil. Como podemos contribuir para que a vida em Gaza melhore? Quais medidas podem ser tomadas para assegurar que esta crise tenha um fim? Vamos juntos nos engajar nessa conversa e buscar caminhos para um futuro mais esperançoso.
