A Revolução no Comportamento do Consumidor Online
A Nova Era do Consumo Digital
Nos últimos anos, agências e departamentos de marketing se acostumaram com um padrão de comportamento linear dos consumidores online, que seguia as etapas tradicionais: atração, consideração e conversão em compra. No entanto, essa abordagem já não reflete a dinâmica atual. O Google, uma das gigantes do setor, está se adaptando a essa transformação e busca garantir sua relevância no cenário do consumo digital.
Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Google em colaboração com a Boston Consulting Group revelou que os consumidores modernos não se comportam mais de forma previsível. Ao contrário, estão constantemente transitando entre quatro comportamentos simultâneos: streaming, scrolling (descer o feed), searching (buscar informações) e shopping (comprar). Essa nova realidade exige uma reavaliação das estratégias de marketing e publicidade.
A Opinião dos Especialistas
Durante o evento Think With Google, o presidente da empresa no Brasil, Fábio Coelho, ressaltou que o comportamento do consumidor se tornou mais complexo. Ele exemplificou a situação: “Imagine que você está assistindo a um criador de conteúdo no YouTube. De repente, você pausa para pesquisar uma estante bonita que aparece ao fundo. O que isso representa? É apenas streaming? Ou também é searching e shopping? Na verdade, é a combinação dos três.”
Esse tipo de comportamento versátil reflete uma mudança significativa na maneira como os consumidores interagem com as marcas. Coelho observou que, após a pandemia, os hábitos de consumo tornaram-se “previsivelmente imprevisíveis”. Isso significa que prever o comportamento do consumidor não pode mais ser feito de forma intuitiva; é preciso utilizar tecnologias que garantam análises mais precisas.
O Fim do Funil de Vendas Tradicional
Com essa transformação, a antiga teoria do funil de vendas—onde cada etapa está rigidamente associada a um comportamento específico—mostra-se insuficiente. Segundo Gabriel Gondim, sócio da Boston Consulting Group, essa abordagem possui limitações significativas. “O funil é rígido, linear e sequencial, o que presume que o consumidor segue um caminho previsível e unidirecional”, destacou ele.
Um Novo Modelo: Mapa de Influências
Em contraste, Gondim apresentou a proposta de enxergar a jornada do consumidor como um “mapa de influências”. Esse modelo reflete as interações e influências que ocorrem em cada etapa da compra, reconhecendo que os comportamentos não são isolados, mas interdependentes.
Como Funciona na Prática?
- Exemplo de Comportamento do Consumidor: Um comprador criterioso que compara preços em varejistas online. Após se informar, ele se depara com vídeos no YouTube Shorts onde influenciadores utilizam produtos que ele desejava. Essa interação pode levar a uma decisão de compra impulsiva.
- Nesse caso, o searching (busca por informações) desempenha um papel crucial na atração, enquanto o scrolling (consumo de conteúdo) impacta na consideração e venda.
Google: Mantendo a Liderança no Mercado
A Alphabet, controladora do Google, tem uma presença marcante em todo o ciclo de comportamento do consumidor e está comprometida em monetizar suas ferramentas, como o Google e o YouTube. De acordo com o relatório financeiro da empresa, 86% da receita em 2024 provém da publicidade no Google, destacando a importância dessa linha de negócios.
Porém, a competição é feroz. Com o surgimento de novas plataformas e a ascensão de tecnologias de inteligência artificial, o modelo de negócios do Google enfrenta desafios. Por exemplo, o YouTube introduziu o Shorts, uma funcionalidade que rivaliza com o TikTok, e, segundo dados de junho de 2023, a plataforma atingiu 70 bilhões de visualizações diárias nesse formato.
O Crescimento da Concorrência
TikTok e Instagram, pertencente à Meta, têm se destacado especialmente entre os jovens. De acordo com uma pesquisa da Soci, essas redes sociais superaram o Google em popularidade para buscas locais entre a faixa etária de 18 a 24 anos, conforme publicado pela Forbes. Os dados mais recentes revelam que a mesma faixa etária é a que mais realiza busca diária na ferramenta do Google.
Para enfrentar essa mudança, a empresa tem investido em ferramentas inovadoras, como o Google Lens, que permite buscas por imagem, e o AI Overviews, que fornece resumos produzidos por inteligência artificial. Essas iniciativas visam não apenas melhorar a experiência de busca, mas também aumentar a quantidade de buscas com intenção comercial. Por exemplo, pesquisas indicam que 25% das busca visuais feitas pelo Google Lens têm uma intenção comercial.
O Futuro das Compras Online
À medida que os comportamentos dos consumidores evoluem, a importância de entender suas interações multifacetadas se torna cada vez mais evidente. Marcas que conseguirem captar e analisar esses comportamentos complexos estarão em uma posição privilegiada para se destacar em um mercado competitivo.
Como as marcas podem se preparar para essa nova realidade?
- Adapte-se à Tecnologia: Utilize ferramentas de análise de dados para compreender melhor o comportamento do consumidor.
- Invista em Conteúdo: Desenvolva conteúdos que dialoguem e interajam com os consumidores em diferentes plataformas.
- Monitore a Concorrência: Esteja atento às tendências e evoluções no comportamento das redes sociais e nas ferramentas de busca.
Um Chamado à Ação
Refletindo sobre a evolução do comportamento do consumidor, é essencial que marcas e profissionais de marketing sejam ágeis em suas estratégias e dispostos a experimentar novas abordagens. A interação entre os diferentes comportamentos deve guiar o desenvolvimento de campanhas mais alinhadas com as necessidades e desejos dos consumidores.
Como você, leitor, vê essa transformação no ambiente digital? Quais mudanças você percebe em sua própria relação com marcas e produtos online? A discussão está aberta, e sua opinião é fundamental para entendermos o futuro das compras digitais. Compartilhe suas ideias nos comentários e contribua para essa conversa cada vez mais relevante!