Alta das Taxas de DI: O Que Está Acontecendo no Mercado?
Nesta sexta-feira, o mercado financeiro brasileiro viveu um dia agitado, com as taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) registrando um aumento significativo. O cenário é de apreensão entre os investidores, que temem a desidratação do pacote de ajuste fiscal proposto pelo governo no Congresso Nacional.
Elevação das Taxas e Expectativas do Mercado
Com um avanço acumulado próximo de 70 pontos-base em alguns vencimentos, as ordens de stop loss (que visam limitar perdas) contribuíram para a escalada das taxas. Isso, por sua vez, fez com que a curva de juros começasse a precificar uma probabilidade crescente de que o Banco Central possa aumentar a taxa Selic em 100 pontos-base na reunião da próxima semana.
Até o final da tarde, observou-se que a taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,854%, um leve aumento em relação aos 11,772% do fechamento anterior. Já o contrato para janeiro de 2027 atingiu uma alta de 30 pontos-base, estabelecendo-se em 14,725%, em comparação aos 14,429% anteriores.
Contratos de Longo Prazo Também Reagem
Os contratos mais longos sentiram a pressão, com a taxa para janeiro de 2031 passando de 13,899% para 14,16%, e o contrato para janeiro de 2033 subindo de 13,723% para 13,97%. Este movimento reflete o medo dos investidores em relação à futura aprovação do pacote fiscal, exacerbado pela desconfiança sobre a capacidade do governo de manter as propostas intactas no Legislativo.
Um dos pontos que mais causou inquietação entre os agentes do mercado foi a resistência de alguns parlamentares em discutir alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que auxilia idosos e pessoas com deficiência. Isso contribuiu para a sensação de que as propostas podem ser enfraquecidas, levando os investidores a ajustarem suas expectativas em relação às taxas de juros.
Pânico no Mercado e as Consequências
O sentimento de pânico se consolidou ao longo da semana, com a taxa do DI para janeiro de 2027 subindo 68 pontos-base. Essa situação pode ser atribuída, em grande parte, à incerteza sobre os cortes de gastos que o governo pretende implementar.
“O mercado já vem bastante cauteloso em relação ao avanço dos cortes de gastos. O que preocupa mais neste momento é o risco de desidratação das propostas”, afirmou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.
Ainda segundo Sueishi, apesar da aprovação do regime de urgência para dois projetos do pacote, não há um comprometimento real do parlamento com a aprovação dos conteúdos. Isso gera um ambiente de incertezas que afeta diretamente a confiança do mercado.
Movimento de Vendas e Reações dos Investidores
Na prática, operadores de mesa de grandes bancos relataram que muitos agentes que tinham vendido taxas no dia anterior, após a aprovação da urgência, reconsideraram suas estratégias nesta sexta-feira, revertendo posições e adquirindo taxas para minimizar perdas. Essa manobra revela a falta de boas notícias no cenário fiscal atual.
Às 15h13, a taxa do DI para janeiro de 2028 alcançou o patamar máximo de 14,81%, uma alta de 52 pontos-base em relação ao ajuste anterior. Essa elevação demonstra o estresse do mercado e a dificuldade em encontrar um caminho positivo no curto prazo.
“Após dois dias de realizações, o mercado tentava captar algo positivo, mas a pressão emocional é alta, e o clima não está favorável”, comentou Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos.
Expectativas em Relação à Selic e à Inflação
A curto prazo, as taxas começaram a refletir uma expectativa renovada de que a elevação da Selic possa ser maior do que o inicialmente projetado. No fechamento, a curva de juros indicava 59% de chance de um aumento de 100 pontos-base na taxa básica Selic na próxima semana, frente a 41% para um aumento de 75 pontos-base. Esses números eram bem diferentes dos 36% e 64% observados anteriormente.
Em comparação, no dia 26 de novembro, antes do anúncio do pacote fiscal, as expectativas de alta eram de apenas 73% para 75 pontos-base e 27% para 50 pontos-base, com a possibilidade de um aumento de 100 pontos-base nem sendo considerada.
O Cenário Externo e seus Reflexos no Mercado
Com a turbulência interna, o cenário exterior passou a ser menos relevante nesta sexta-feira. O rendimento do Treasury de dez anos, que costuma servir como referência global, caiu para 4,159%, diminuindo 2 pontos-base no dia.
Reflexões Finais
O ambiente atual no mercado financeiro brasileiro é repleto de incertezas e desafios. As expectativas em relação à política fiscal, somadas a uma possível elevação das taxas de juros, criam um cenário de tensão que precisa ser cuidadosamente acompanhado pelos investidores. Para que a confiança retorne, é fundamental que haja clareza e comprometimento nas propostas feitas pelo governo.
O que você acha dessa situação? As medidas fiscais propostas são suficientes para estabilizar o mercado? Compartilhe suas opiniões e experiências nos comentários!