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Atualmente, a colheita de soja em Mato Grosso, um dos principais motores da agricultura brasileira, enfrenta um desafio significativo. Embora o Estado represente mais de um quarto de toda a safra nacional, a intensidade das chuvas diárias tem dificultado o progresso das atividades. Isso foi comentado por Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em uma entrevista à Reuters.
Gauer destacou a importância de um planejamento cuidadoso para as operações de dessecação das lavouras, especialmente em tempos de umidade elevada, a fim de evitar que os grãos estraguem nos campos, gerando assim prejuízos.
Desafios e Oportunidades na Colheita de Soja
A situação não só exige atenção redobrada nas ações nos campos, mas também uma corrida contra o tempo. Os produtores estão sob pressão para plantar a segunda safra de milho, visando aproveitar a melhor janela climática possível, enquanto a colheita de soja ocorre em um período concentrado devido a atrasos no plantio.
“Em geral, estamos conseguindo colher, mas, como sempre, o trabalho em Mato Grosso é desafiador”, disse Gauer, que destacou a recente volta ao padrão chuvoso durante a colheita, algo que não ocorria há anos. E enquanto as chuvas trazem obstáculos para operações em campo e logística, elas também têm garantido boas produtividades nas lavouras.
Na última segunda-feira, o Imea reviu suas estimativas, agora prevendo uma safra recorde de 47,16 milhões de toneladas para a temporada 2024/25 em Mato Grosso, um aumento notável de 20,76% em comparação ao ciclo anterior, que foi marcado pela seca severa. A produtividade média esperada é de 62,07 sacas de 60 kg por hectare, representando um crescimento de 19% em relação à safra anterior.
Atrasos na Colheita: Um Cenário Delicado
Apesar das perspectivas otimistas de produtividade, a taxa de colheita está atrás da média histórica para este momento do ano. Até a última sexta-feira, somente 12,20% da área cultivada havia sido colhida, em comparação a 39,39% no mesmo período do ano passado. Esse atraso é em parte devido ao plantio tardio, que tem se mostrado um complicador para os produtores.
Um Ano Úmido e Seus Desafios
“Este ano está bastante úmido. Os produtores estão entrando em áreas com maior umidade para assegurar que a soja seja colhida e armazenada adequadamente, evitando que apodreça no campo”, observou Gauer. Segundo ele, embora o progresso esteja sendo feito, não está na velocidade que os agricultores gostariam, especialmente em comparação a anos anteriores.
Se as estratégias de dessecação não forem bem elaboradas e adaptadas às condições climáticas, os produtores correm o risco de perdas significativas. O superintendente do Imea compartilha a preocupação de que, principalmente na segunda quinzena de fevereiro, quando a maioria das áreas começará a estar pronta para a colheita, esse fator pode impactar o cronograma da segunda safra de milho.
“Os agricultores estão apreensivos e observam atentamente a situação”, acrescentou Gauer.
Impactos no Escoamento e Logística
A intensidade das chuvas pode sobrecarregar a logística de transporte e a infraestrutura de armazenamento de soja no Estado. Segundo uma análise anterior da consultoria AgRural, a expectativa é de que haja uma verdadeira tensão em fevereiro, dada a previsão do aumento significativo no volume de soja a ser colhido e armazenado.
Nesta terça-feira, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) divulgou uma projeção de aumento nas exportações de soja do Brasil para 9,77 milhões de toneladas em fevereiro. No entanto, alertou que as chuvas podem interferir nas operações logísticas e até interromper atividades nos portos, reduzindo os volumes que estavam inicialmente projetados.
Perspectivas Finais
A situação da colheita de soja em Mato Grosso apresenta um quadro de desafios e oportunidades. Enquanto as chuvas dificultam o trabalho e impõem riscos, também são fundamentais para garantir uma produtividade elevada, que poderia representar uma nova fase para a agricultura na região.
Os agricultores, atentos e cautelosos, permanecem em busca de soluções para maximizar sua colheita e minimizar as perdas, sempre na expectativa de que a natureza colabore. Agora, mais do que nunca, é crucial que a gestão das atividades agrícolas seja feita com precisão e estratégia.
Esperamos que este cenário ajude a suscitar reflexões sobre a importância da adaptação no setor agrícola e como os produtores podem se preparar para os desafios climáticos. Convidamos você a compartilhar suas impressões e debater sobre este assunto tão essencial para o nosso país. Comente abaixo e junte-se à conversa!