Vindo da periferia de São Paulo e sem uma formação acadêmica em finanças, um trader autodidata transforma sua experiência de vida em uma inovadora ferramenta de leitura de fluxo, impulsionada por inteligência artificial.
Crescendo na Cidade Tiradentes, um dos bairros mais humildes da Zona Leste, Sérgio Gargantini não teve referências de sucesso por perto. No entanto, ele compensou isso com muita determinação e disciplina. “Sou um cara que veio da maior COHAB do Brasil e acredito que posso representar o que é a verdadeira democracia no mercado financeiro”, afirma confiante.
Sua trajetória foi detalhadamente explorada no episódio 243 do podcast GainCast, onde revelou como desenvolveu sua própria ferramenta de leitura de fluxo utilizando market data.
Da Guitarra ao Mercado Financeiro
Antes de se aventurar no mundo das transações financeiras, Gargantini teve uma breve passagem pela música, abandonando a escola aos 14 anos para seguir sua paixão pela guitarra.
“Passava de 10 a 15 horas por dia praticando no meu quarto. Sempre fui um pouco nerd nesse aspecto, e isso virou um hábito”, compartilha ele.
A grande virada veio quando recebeu um convite para fazer parte de uma banda que percorria o Brasil, feito por um empresário encantado com sua habilidade musical desde a adolescência.
“Ele me ofereceu R$300,00 para tocar com a banda, e eu iria viajar de avião e ficar em hotéis pelo país”, relembra.
O primeiro destino foi o Rio de Janeiro, e o contraste entre sua vida cotidiana e a nova realidade que vivenciava foi marcante. Durante uma visita à casa de um empresário influente, ele teve um choque de percepção.
“O filho do empresário puxou conversa na piscina e disparou: ‘Ô, você é pobre’”, recorda ele. Essa frase, apesar de ter sido dita por uma criança, foi um divisor de águas em sua vida.
“Ali percebi claramente o que eu desejava ser e o que não queria mais aceitar como modelo de vida”, reflete Gargantini.
Foi assim que despertou o interesse pelo mercado financeiro, após ouvir um amigo mencionar ações da Petrobras em 2017.
O verdadeiro entusiasmo veio quando viu um anúncio sobre day trade e decidiu fazer seu primeiro — e único — curso sobre o tema. A dedicação foi intensa: “Acordava cedo e estudava até a noite, sempre buscando aprender mais”, explica.
Logo percebeu que essa jornada seria solitária. “A única maneira que encontrei de entender o fluxo foi criando meu próprio método”, acrescenta.
Ele passava mais de 10 horas diárias assistindo replays de mercado, analisando times & trades, o book de ofertas e tentando entender o comportamento dos traders. “O maior desafio foi, sem dúvida, o book de ofertas”, destaca.
Os primeiros seis meses de operações foram desastrosos. A dor das perdas o fez passar um ano operando apenas em simuladores. “Cheguei a acreditar que não tinha o que era necessário para operar, pensava que havia algum problema comigo”, confessa.
A Criação da ASG
Com o tempo, em busca de autocontrole e clareza, Gargantini decidiu desenvolver sua própria solução. Incomodado com as limitações das plataformas tradicionais, criou ferramentas personalizadas para leitura de fluxo com base em market data.
“Pensei: por que não criar um book onde a última oferta aparecesse como um times & trades? E aí, resolvi desenvolver essa ferramenta”, explica.
A partir daí nasceu a ASG, que inicialmente significava Automação Sérgio Gargantini, mas foi posteriormente adaptada para Algorithmic System Generation.
A plataforma identifica comportamentos de players através da leitura de market data, analisando códigos de ofertas, tempo de permanência no book e agressões.
“Não me importo se o trader está comprado ou vendido, quero entender seu comportamento”, afirma ele.
Assim, essa ideia improvisada evoluiu para um sistema refinado e com propósito. “Hoje posso afirmar que a ASG atua como um radar e uma bússola para o trader”, observa Gargantini.
ASG Ganha Novo Sócio e Expande Seus Horizontes
A popularidade da ferramenta cresceu após a parceria com Bruno Marques, um nome de destaque no day trade brasileiro.
“Falei para ele: ‘Essa ferramenta é sensacional! Ela ajuda a evitar que o trader tome decisões erradas’”, destaca Bruno, que agora é sócio de Gargantini nesse projeto.
Originalmente focada no minidólar, a ASG já foi adaptada para o mini-índice e em breve começará testes com bitcoin e ações. “Vocês vão se surpreender. Os testes no índice são mais empolgantes, pois não enfrentam o problema das ofertas como no dólar”, explica Sérgio.
Além disso, ele está considerando adaptar o sistema para contratos futuros de ativos internacionais, como os da Nasdaq e do S&P 500, explorando uma possível integração com dados da CME.
Explore mais conteúdos sobre análise técnica em IM Trader. Diariamente, o InfoMoney atualiza as expectativas sobre os minicontratos de dólar e índice.
