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Entenda Como a Parceria com a China Pode Impulsionar o Agro Brasileiro e Desbloquear Investimentos

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O Futuro do Agronegócio Brasileiro: Desafios e Oportunidades


Ricardo Stuckert Pr

O agronegócio brasileiro enfrenta uma nova era, marcada pela busca incessante por novos mercados internacionais. À medida que a produção no campo aumenta, a diversificação se torna uma meta essencial. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), as previsões para a próxima década indicam um salto significativo: a produção de grãos deve passar de 298,4 milhões de toneladas na safra 2023/24 para incríveis 378,9 milhões de toneladas até a safra 2033/34. Isso se dará em um aumento das áreas cultivadas, que crescerão de 79,8 milhões para 92,2 milhões de hectares.

Além disso, a produção de carnes, atualmente em 30,8 milhões de toneladas, deve chegar a 37,6 milhões de toneladas, abrangendo frango, gado e suínos. Mas qual o papel da China nesse cenário?

A China como Parceira Estratégica

Desde 2013, a China se consolidou como o maior parceiro comercial do agronegócio brasileiro, superando os Estados Unidos. No último ano, o país adquiriu 92,3 milhões de toneladas de produtos agropecuários do Brasil, totalizando US$ 49,7 bilhões—o que representa 30,2% do total das exportações. Embora esse número tenha caído 17,5% em relação a 2023, não foi por falta de interés do Brasil em vender.

Recentemente, uma missão comercial foi organizada pelo governo brasileiro na China, a convite do presidente Xi Jinping. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou uma comitiva de cerca de 200 empresários, muitos deles do setor agropecuário, para discutir novas oportunidades de negócios. No mesmo período, o Quarto Fórum da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) aconteceu em Pequim, com a presença de autoridades brasileiras que se estenderão em visita a Xangai, Hangzhou e Kunshan.

Agora, Sobre as Oportunidades de Investimento

Durante o seminário China-Brasil: Fortalecendo a Parceria Estratégica, foram anunciados investimentos chineses no Brasil que podem alcançar R$ 27 bilhões, abrangendo setores como:

  • Indústria automotiva
  • Energia renovável
  • Tecnologia
  • Mineração
  • Saúde
  • Logística
  • Alimentos

Esses investimentos são fundamentais para potencializar a relação comercial entre os dois países e facilitar a cooperação nas áreas estratégicas.

Acordos e Diplomacia Econômica

O Fórum China-CELAC almeja fortalecer os laços comerciais entre Brasil e China, resultando em um conjunto robusto de acordos bilaterais. Um exemplo de progresso é a retomada das importações de soja de cinco empresas brasileiras, após a solução de questões fitossanitárias, deixando claro que ambos os países buscam resolver desafios existentes.

Um contexto importante para o agronegócio do Brasil é o atual cenário de rivalidade comercial entre os Estados Unidos e a China. As tarifas impostas a produtos norte-americanos levaram a um aumento das importações brasileiras, especialmente de soja, carne e milho. Isso não apenas ampliou as exportações, mas também consolidou o Brasil como fornecedor estratégico para o mercado chinês.

Investimentos em Infraestrutura: Um Passo Necessário

A parceria entre Brasil e China não se limita ao comércio, estendendo-se aos setores de infraestrutura e logística, vitais para o escoamento da produção agrícola. A China já investiu cerca de US$ 66 bilhões no Brasil, e a expectativa é que, entre 2019 e 2024, esse valor chegue a US$ 25 bilhões, focando em modernizar a logística agrícola.

Principais Projetos em Andamento

  1. Ferrovia Bioceânica (Transoceânica)

    • Conexão entre o novo porto de Chancay, no Peru, e o Brasil, criando uma rota náutica mais curta para a China, reduzindo a distância em até 10 mil quilômetros.
  2. Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL)

    • Projeto que ligará a Bahia ao interior do Brasil, facilitando o escoamento de grãos e minerais.
  3. Porto de São Luís (MA)

    • Focado nas exportações de grãos e minerais, com melhorias em sua infraestrutura para aumentar a competitividade.
  4. Porto do Pecém (CE)
    • Nova rota marítima direta com a China, diminuindo o tempo de transporte de 60 para 30 dias, prevendo um aumento de 10% na movimentação do porto.

Logística: Os Desafios que Persistem

A logística é um ponto crucial. Ela impacta diretamente os custos de produção, a competitividade internacional e a eficiência no escoamento de safras. Infelizmente, obstáculos continuam a existir, e é necessário um foco renovado em investimentos e soluções.

Principais Desafios Logísticos

  1. Predominância do Transporte Rodoviário

    • Aproximadamente 60% da produção é transportada por rodovias, muitas em péssimas condições, especialmente no Centro-Oeste e Norte.
  2. Subutilização de Ferrovias e Hidrovias

    • Apesar de serem opções viáveis para grandes distâncias, os projetos enfrentam barreiras legais e estruturais.
  3. Congestionamento em Portos

    • Portos como Santos e Paranaguá frequentemente operam à capacidade máxima, gerando altos custos de exportação.
  4. Déficits de Armazenagem
    • Com uma previsão de safra de 322,3 milhões de toneladas, a capacidade de armazenagem é de apenas 210,1 milhões, gerando um grande gap que pode afetar os produtores.

Esses gargalos criam um cenário desafiador que, se não for enfrentado, pode comprometer o potencial de crescimento do agronegócio brasileiro.

Reflexões Finais

O agronegócio brasileiro está em uma encruzilhada. Com a demanda crescente por diversificação de mercados e a China como um parceiro essencial, a urgência em resolver questões logísticas e investir em infraestrutura se torna crítica. A relação Brasil-China abre portas para novas oportunidades, mas também exige um comprometimento real em superar os desafios existentes.

Agora, é hora de refletir: como podemos trabalhar coletivamente para potencializar essa parceria e, ao mesmo tempo, garantir que o agronegócio brasileiro se torne mais competitivo no cenário global? Compartilhe suas opiniões nos comentários e participe dessa conversa vital para o futuro do Brasil.

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