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Etanol Ultrapassa Suinocultura e Torna-se o 3º Maior Consumidor de Milho no Brasil

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Anderson Galvão, fundador da Céleres Consult
Anderson Galvão, fundador e diretor da Céleres Consult

O Brasil está prestes a alcançar um novo marco na produção de milho, com projeções para a safra de 2024/25 que podem ultrapassar 110 milhões de toneladas, igualando o recorde histórico de 2023. “Estamos seguindo uma trajetória que pode refletir os mesmos volumes do ano passado, que foram excepcionais. Isso impactará diretamente os preços, especialmente nos meses de pico da oferta, que são junho, julho e agosto”, afirma Anderson Galvão, fundador da Céleres Consult e idealizador do Grupo Estratégico para Aumento da Produtividade (Getap). Ele compartilhou essas informações durante a apresentação dos resultados da edição Verão 2025 do concurso nacional de produtividade de milho, que destacou tanto recordes quanto inovações tecnológicas no setor agrícola.

Segundo Galvão, a expectativa é que os preços estejam sob pressão devido ao aumento da oferta. “Os produtores deverão focar em produtividade e controle de custos. A fórmula para receita é simples: quantidade vezes preço. Assim, a produtividade se torna crucial para a rentabilidade do agricultor”, enfatiza.

Tendências do Mercado Externo

O cenário internacional continua a ser uma âncora para o milho brasileiro, favorecendo as exportações. “Com a ampliação da oferta interna, a exportação – que representa a maior parte da demanda – deve crescer a partir de junho e julho. Apesar de uma boa safra nos EUA, os estoques globais continuam baixos se comparados a quatro ou cinco anos atrás”, destaca Galvão. Ele também observa que o milho brasileiro se mantém mais competitivo em relação ao norte-americano, o que poderá sustentar um ritmo elevado de exportações no segundo semestre deste ano.

O Brasil está em uma posição vantajosa em mercados como a China, que recentemente expandiu acordos fitossanitários. “A China está ampliando suas importações de milho brasileiro e, agora, também abrange produtos como sorgo e DDG. Isso é um indício da integração entre as economias e reforça o papel do Brasil como fornecedor estratégico de grãos para o mercado asiático”, observa.

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Produtores do Getap alcançaram média de produtividade de 257 sacas por hectare

O Papel do Etanol na Sustentação de Preços

O uso do milho na produção de etanol e seus subprodutos está se tornando uma base cada vez maior para as safras. Galvão menciona que o etanol de milho superou a suinocultura como o terceiro maior consumidor de milho no Brasil. “Esse cenário deve se expandir para regiões novas na produção de biocombustível, como Maranhão e Bahia. A sustentação de preços no mercado interno está fortemente dependente do etanol de milho”, conclui.

Em entrevista, Galvão ressaltou que o etanol tem alterado a estrutura produtiva. “A política do RenovaBio permite que produtores de etanol de cereais remunem agricultores certificados com créditos de carbono. Isso não só demanda uma maior organização e rastreabilidade nas operações, mas também proporciona uma receita extra sem alterar o manejo agrícola”, diz.

O Concurso de Produtividade Getap: Avanços e Inovações

A edição de Verão 2025 do concurso nacional de produtividade de milho do Getap inscreveu 390 produtores, dos quais 166 foram auditados. Desde sua primeira edição em 2022, o concurso cresceu mais de 15 vezes. “O Getap busca principalmente compartilhar e divulgar práticas de manejo que resultam em ganhos significativos. A produtividade nacional ainda tem um enorme potencial de crescimento”, afirma.

O engenheiro agrônomo Gustavo Capanema, coordenador técnico do Getap, anunciou uma inovação: a regionalização do concurso. “Desde o início, desejávamos dividir o concurso em regiões agronômicas específicas, mas não havia participantes suficientes. Este ano conseguimos implementar essa mudança com sucesso”, explica.

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Gustavo Capanema, engenheiro agrônomo e coordenador técnico do Getap

A regionalização foi criada a partir de grupos de estados que compartilham características semelhantes de solo, clima e manejo, um avanço em relação às tradicionais divisões geográficas. “Cada estado é praticamente um país diferente. O mais desafiador foi encontrar a combinação ideal de similaridades para que os resultados refletissem com precisão a realidade de cada local”, comenta Capanema.

Os resultados desta safra foram surpreendentes, com os participantes do concurso registrando uma média de produtividade de 257 sacas por hectare, mais do que o dobro da média nacional reportada pela Conab. “Neste ciclo tivemos quebras de recordes em diversas regiões. Isso demonstra que um manejo eficiente e bem fundamentado se traduz em resultados tangíveis”, ressalta.

No entanto, Capanema enfatiza que o Getap tem objetivos que vão além da competição. Queremos tornar as boas práticas visíveis, replicáveis e economicamente viáveis. “Não é uma receita de bolo. É sobre inspirar outros produtores a atingirem novos níveis de produtividade. Nosso foco está em mostrar como cada campeão obteve seus resultados, desde a escolha de híbridos até os tipos de aplicação, permitindo que outros produtores adaptem essas práticas à sua realidade”, explica.

Curiosamente, muitos dos participantes não dedicam áreas específicas apenas para competição. “Apontam que estas são suas lavouras padrão. E isso é uma observação importante: os resultados auditados do Getap refletem a rotina diária dos produtores”, destaca Capanema. Ele acrescenta que, mesmo buscando altas produtividades, não se perde a perspectiva econômica. “De que adianta quebrar recordes se não houver um bom retorno financeiros? Em todas as áreas auditadas, realizamos uma análise da saúde financeira, assegurando que a tecnologia aplicada traga um retorno sobre investimento satisfatório.”

As previsões para 2025/26 também incluem desafios, como os elevados custos de insumos, volatilidade cambial e riscos climáticos. “Nunca foi tão essencial que a produtividade se sustente economicamente”, enfatiza Galvão, que estima que produtores com alta tecnologia possam operar com margens EBITDA que chegam a 30%.

Enquanto isso, o concurso de inverno, que avalia a safra da segunda colheita (safrinha), já está em andamento. Os resultados serão revelados em um evento presencial agendado para 26 de novembro, em Indaiatuba (SP).

Os Campeões da Edição Verão 2025, Por Região

  • Região Norte (sequeiro): Jamil Samara, de Passos Bons (MA), com 272,7 sacas/ha.
  • Região Centro (sequeiro): Claudio Okada, de Madre de Deus de Minas (MG), com 300 sacas/ha.
  • Região Centro (irrigado): Alexandre Valim, de Três Corações (MG), com 290 sacas/ha.
  • Região Sul (sequeiro): Grupo Ernest Mila Agrícola, de Candói (PR), com 330,9 sacas/ha – novo recorde nacional na categoria.
  • Região Sul (irrigado): Agrícola Binsfeld, de Palmeira das Missões (RS), com 343 sacas/ha – a maior produtividade registrada no concurso.


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