
Reuters
Desafios Climáticos e Safras no Rio Grande do Sul
Nesta segunda-feira (16), a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) anunciou que não realizará previsões para a safra 2024/25. Essa decisão surge em decorrência de desastres climáticos que afetaram as colheitas nos últimos anos, tornando os modelos preditivos ineficazes.
Condições climáticas e suas consequências
Apesar de dezembro apresentar um clima favorável à cultura da soja, as perspectivas para janeiro e fevereiro indicam possibilidade de chuvas abaixo da média em algumas regiões do estado, conforme destacaram representantes da Farsul em coletiva de imprensa. A qualidade do plantio realizado também se torna um fator crítico, especialmente após os impactos financeiros causados pelas secas e enchentes históricas que atingiram a região em 2024, o que resultou na perda de nutrientes do solo.
Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, expressou preocupação ao afirmar: “Faz três anos que não temos uma safra satisfatória. Tecnicamente, entendemos que nossas projeções estão comprometidas.” Essa afirmação ressalta a dificuldade de prever a produtividade devido às constantes oscilações climáticas e suas consequências.“O ano de 2023 foi tão desastroso que até mesmo a enchente de 2024 não nos trouxe prejuízos piores”, completou.
Produção de Soja: Um Retrospecto
No início deste ano, o Rio Grande do Sul conseguiu colher 19,6 milhões de toneladas de soja, um feito notável até mesmo diante das fortes chuvas que impactaram a região. Essa produção contrasta enormemente com os 13 milhões de toneladas da safra 2022/23, que esteve marcada pela seca severa. Em 2021/22, a situação foi ainda mais crítica, com uma colheita de apenas 9,1 milhões de toneladas, resultado de uma estiagem severa.
O economista também mencionou estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Emater, que projetam um aumento na nova safra de soja (2024/25) entre 20,34 milhões e 21,65 milhões de toneladas. Contudo, ele sublinhou que essa previsão não é garantida devido à incerteza acerca da qualidade do plantio. “Estamos preocupados com a qualidade, pois não sabemos qual o nível tecnológico das culturas plantadas”, destacou Luz.
Preocupações e Expectativas
O economista expressou preocupação com o nível de inadimplência entre produtores rurais, que permanece elevado em um cenário de gastos descontrolados do governo e uma taxa Selic alta. “Nosso foco não se resume apenas ao percentual de endividamento, mas à natureza dessas dívidas. O produtor gaúcho está apresentando uma alavancagem excessiva”, afirmou Luz, ressaltando que essa situação é insustentável no atual cenário econômico.
Rumo à Irrigação: Reduzindo a Burocracia
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, lançou um apelo às autoridades para a redução da burocracia nos processos de licenciamento ambiental relacionados à irrigação. Ele acredita que, ao facilitar a construção de reservatórios de água, os produtores poderão se preparar melhor para períodos de seca.
“Estamos pedindo para simplificar as regras e permitir que os agricultores possam implantar sistemas de irrigação com mais facilidade. O cultivo de arroz no estado é um exemplo claro de como a irrigação pode ser benéfica”, comentou Pereira, enfatizando que essa prática tem se mostrado essencial para garantir a produção agrícola, mesmo em condições adversas. “Com a irrigação, a produção de arroz é agora totalmente garantida”, concluiu.
Uma Visão para o Futuro
À medida que o setor agrícola navega por desafios climáticos e econômicos, torna-se vital que os produtores estejam equipados com soluções que mitigam riscos. A priorização de práticas sustentáveis, aliada à utilização eficiente de recursos hídricos, é fundamental para garantir que a agricultura no Rio Grande do Sul permaneça competitiva e resiliente.