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Filé mignon de novilhos da raça angus, vendido por 118.440 pesos, ou R$ 673, o quilo.
A Revolução da Carne de Luxo: O Futuro da Salvaje na Argentina
Os argentinos sempre tiveram uma relação especial com a carne, e agora, essa conexão está prestes a entrar em uma nova era. A Salvaje, uma foodtech criada por Héctor Gatto, ex-subsecretário de Políticas Gastronômicas de Buenos Aires, ambiciona estabelecer a primeira marca de carne de luxo do mundo, unindo tradição, sabor e inovação. O objetivo é claro: transformar a maneira como a carne é vista e consumida, valorizando cada corte e estabelecendo uma identidade forte e premium para a carne argentina.
Um Sonho que se Torna Realidade
Na Argentina, a cultura da carne é tão rica quanto sua geografia. Com gado de origem britânica crescendo em climas mais frios, a carne se destaca pela maciez e por um acabamento marmorizado inconfundível. No entanto, segundo Gatto, a tradicional abordagem focada no volume de produção precisa mudar.
A proposta da Salvaje é inverter a lógica do mercado, que historicamente se concentra na quantidade. Gatto destaca que “a ideia é criar uma marca que não apenas produza carne, mas que também transmita a qualidade e o potencial dos nossos produtos ao consumidor.” Ao invés de se limitar a commodites, a Salvaje busca apresentar cortes premium que representem o ápice da gastronomia argentina.
- **Objetivo:** Criar a primeira marca de carne de luxo do mundo.
- **Foco:** Valorizar o produto e a experiência por trás de cada corte.
- **Proposta:** Conectar o consumidor diretamente com a origem da carne.
Para alcançar esse sonho, Gatto não está sozinho. Junto a ele estão Kevin Chochlac, um influente criador de conteúdo de churrasco, e Juan Ignacio Barcos, chef e produtor de gado com forte ligação à tradição bovina no país. Este trio se uniu para imbuir à marca uma expertise única, unindo gastronomia, marketing e sustentabilidade.
Desafiando o Conceito de Commodidade
A produção de commodities sempre foi uma realidade na Argentina, mas esse modelo se mostra limitador na criação de valor. Gatto menciona que “a Argentina tira da terra uma matéria-prima e a exporta, enquanto outros países, como a Suíça, apresentam marcas que valorizam os produtos.” A busca é, afinal, por um modo de transformar a narrativa ao redor da carne argentina, promovendo cortes que se destaquem mundialmente.
Um exemplo claro desse movimento é a diferença entre o azeite argentino, vendido a preços irrisórios e sem marca, e o azeite espanhol, que alcança altos valores devido a um branding eficiente. A Salvaje pretende fazer o mesmo: contar a história de cada corte de carne. “Queremos que a carne comunique seu lugar de origem e a tradição que a torna especial”, afirma Gatto.
Da Produção ao Consumo: Uma Nova Abordagem
O modelo tradicional de exportação por tonelada está prestes a ser revolucionado. Agora, a Salvaje quer apresentar a carne em quilos e cortes específicos, destacando a singularidade de cada produto. Cada ação, como a criação do Mercado Argentino de Produtos e Produtores Agroalimentares, busca valorizar o que o país tem de melhor.
- **Ação:** Impulsionar a exportação de carnes premium.
- **Estratégia:** Criar uma conexão direta com consumidores locais e internacionais.
- **Objetivo:** Tornar a carne argentina reconhecida internacionalmente.
Um aspecto fundamental para alcançar esses objetivos é a qualidade. Os cortes passam por uma rigorosa seleção, onde apenas os melhores rebanhos são escolhidos, garantindo que cada peça representará o que há de mais sofisticado na gastronomia nacional.
Investindo no Futuro: Rodadas de Capital
A Salvaje lançou sua rodada de sementes em outubro de 2023, com a meta de arrecadar US$ 2 milhões. Para Chochlac, essa é uma fase crucial para consolidar a marca e buscar expandir sua presença no mercado. Desde a pré-semente, que levantou US$ 100 mil, há uma visão clara de crescimento: “Queremos fazer parte da próxima Copa do Mundo, mostrando o que a Argentina tem de melhor em nossos cortes de carne.”
Qualidade em Cada Corte
Juan Ignacio Barcos, como especialista em carnes, garante que a seleção dos produtos segue um processo minucioso. Ele utiliza uma abordagem tripla, que envolve:
- Selecionar rebanhos excepcionais por suas características de criação e genética.
- Escolher as melhores metades de carcaça na sala de processamento.
- Finalizar a escolha dos cortes que serão vendidos, garantindo a máxima qualidade.
Esse processo meticuloso assegura que a carne da Salvaje não é apenas diferente, mas superior em termos de sabor e textura, elevando a experiência gastronômica do consumidor.
Um Novo Capítulo na Gastronomia Argentina
Com cerca de 1.500 clientes atuais, a Salvaje não pretende parar por aqui. Ao expandir suas vendas para restaurantes e mercados internacionais, a marca busca oferecer uma verdadeira experiência gourmet. Entre os produtos disponíveis, estão cortes como:
- Filé mignon de novilhos da raça Angus.
- Bife de chorizo e olho de bife.
- Medialunas de vazio e cortes requintados.
Os preços refletem a qualidade, com valores que variam conforme o corte e a demanda, sempre buscando atender os gostos mais exigentes. “Cada produto que oferecemos fala de sua origem e do cuidado que investimos em cada etapa do processo”, destaca Barcos.
Gatto finaliza dizendo que a Salvaje representa não apenas uma marca de carne, mas uma história rica de tradição e simplicidade. Ao buscar descomoditizar a carne, a intenção é mostrar que cada corte tem sua própria narrativa, conectando o consumidor a experiências únicas que trazem à tona o gosto e a cultura argentina. “Queremos que cada fatia de carne carregue um pedaço da nossa terra, de nossa história e de nossa paixão”, conclui.