
EFE_Ernesto Guzmán
Francia Márquez, vice-presidente e ministra da Colômbia, na COP16
Unindo Vozes na Conservação da Biodiversidade: A Importância da Participação Afrodescendente na COP16
A Conferência das Partes da Convenção sobre a Diversidade Biológica (COP16), que teve início em 26 de outubro e se encerra hoje, 1º de novembro, na vibrante cidade de Cali, Colômbia, trouxe à tona um tema essencial: a conservação da biodiversidade global não pode estar completa sem a inclusão das vozes afrodescendentes. É o que afirma França Márquez, vice-presidente colombiana e ministra de Igualdade, que está determinada a assegurar que as propostas da população afrodescendente sejam ouvidas e levadas às negociações. “Estamos criando marcos históricos e promovendo mudanças necessárias para que a conservação da biodiversidade se transforme em uma realidade plena”, ressalta.
A COP do Povo: Inclusão e Diálogo
Neste cenário, a Colômbia, enquanto país anfitrião, se comprometeu a tornar esta conferência verdadeiramente representativa, garantindo que diversas vozes sejam ouvidas. De encontros com mulheres a diálogos com jovens, indígenas e camponeses, o objetivo é claro: tornar a COP16 “a COP do povo”. Com esse enfoque, França Márquez destaca que esforços estão sendo feitos para garantir uma maior participação da sociedade civil nas decisões que moldam o futuro da biodiversidade.
“Todas as propostas elaboradas a nível nacional farão parte do nosso Plano de Ação de Biodiversidade, e agora estamos transferindo isso para o cenário internacional”, explica Márquez, que enfatiza a importância de que as vozes e propostas não sejam limitadas apenas a diálogos, mas se transformem em ação efetiva nas negociações em Cali.
A Proposta Colaborativa entre Colômbia e Brasil
Um dos momentos significativos da conferência foi a proposta conjunta entre Colômbia e Brasil, que discutiu a inclusão da população afrodescendente no artigo 8J do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal. Este artigo aborda a proteção dos conhecimentos e práticas das comunidades indígenas, e a inclusão dos afrodescendentes é vista como um passo essencial para reconhecer a importância dessas populações em áreas de alta biodiversidade.
Márquez observou que não considerar a população afrodescendente, que habita regiões com rica biodiversidade, resulta em uma abordagem incompleta. Contudo, essa iniciativa enfrenta resistência de algumas delegações, principalmente de nações africanas, que expressam preocupações. Em resposta, a vice-presidente esclarece: “É um processo complexo que envolve diálogos entre diversos países; não é uma discussão fácil, mas trabalhamos para avançar”.
- Fique por dentro: siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida.
Ela prossegue destacando que Colômbia e Brasil estão na vanguarda dessa questão, esperando que o reconhecimento da importância da população afrodescendente seja um passo em direção à justiça étnico-racial. “Essa população é fundamental para a mudança na defesa da vida e na preservação do nosso planeta”, enfatiza.
O Papel Fundamental das Mulheres na Conservação
Em sua participação na COP16, Márquez também trouxe à tona a questão da representatividade feminina, mencionando que, nos anos anteriores, o avanço nessa área foi limitado. Ela expressa a esperança de que as conclusões deste evento promovam um reconhecimento mais amplo da contribuição das mulheres na conservação ambiental. “A esperança é a última que morre; mesmo em meio ao conflito armado e à violência, continuar lutando é um ato de esperança”, afirma a vice-presidente.
França Márquez: Ativista e Líder Ambiental
França Márquez é uma reconhecida líder ambiental com um histórico de ativismo em um dos países mais perigosos para defensores do meio ambiente. O ano de 2023 foi trágico, com 79 assassinatos de líderes ambientais registrados, conforme dados da Global Witness. Em sua fala, ela destaca que “o ativismo não é uma roupa que se tira”, reafirmando que seu compromisso com a luta ambiental se estende até sua atuação como vice-presidente.
Sobre a questão dos homicídios de líderes ambientais, ela menciona a necessidade de recursos para proteger esses indivíduos e relata que o presidente Gustavo Petro tem defendido a troca de dívida por ação climática, bem como uma reforma no sistema financeiro internacional. “É fundamental que países com poucos recursos tenham acesso a financiamento para investimentos sociais e ambientais”, acrescenta, sem entrar em detalhes sobre as medidas implementadas para prevenir homicídios.
A Primeira Participação de Uma Mulher Afrodescendente como Vice-Presidente
“Esta é a primeira vez que participo desta conferência como mulher, como afrodescendente e como vice-presidente”, reconhece Márquez, destacando a importância de trazer para o espaço democrático as discussões necessárias sobre a biodiversidade. “Essa é uma urgência não apenas para a Colômbia, mas para o mundo inteiro”, conclui.
*Com informações da EFE Agência de Notícias
Reflexão Final
O que a COP16 nos mostra é a crescente necessidade de inclusão de todas as vozes na luta pela conservação da biodiversidade. Cada perspectiva traz uma contribuição única que enriquece o debate. À medida que avançamos nas negociações e ouvimos outras realidades, fica evidente que a diversidade de ideias é a chave para encontrarmos soluções eficazes para os desafios ambientais que enfrentamos. Você também se sente inspirado a participar dessas discussões? Como imagina que sua comunidade pode contribuir para a preservação do nosso planeta? O diálogo está aberto, e cada voz conta.