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Jon Batiste e a Melodia Inescapável: Por Que Beethoven Não Sai da Sua Mente?

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Jon Batiste: A Jornada de um Piano Clássico ao Blues de Beethoven

Antes de conquistar os palcos como um renomado músico, vencedor do Grammy e do Oscar, Jon Batiste era apenas um garoto apaixonado pelo piano clássico. Essa relação com a música começou em Metairie, na Louisiana, onde, durante sua adolescência, ele dedicava seus sábados a estudar sob a orientação da professora Shirley. Com disciplina, mas também com um toque de rebeldia, Batiste admitiu que muitas vezes se esquecia de praticar em casa. Para ele, a verdadeira beleza da música só se tornava clara com o tempo.

Raízes do Clássico à Inovação

Hoje, aos 38 anos, Batiste lança um novo álbum intitulado “Beethoven Blues”, que revisita suas origens na música clássica, incorporando elementos que vão muito além das partituras. O trabalho é uma celebração de suas influências, apresentando improvisações sobre obras-primas como "Für Elise" e a famosa Quinta Sinfonia de Beethoven. Este projeto é carregado de significado pessoal e traz à mente os palcos do Maple Leaf Bar e de Nova Orleans, onde ele começou a misturar o clássico com sua própria música durante a adolescência.

“Viver a música e mantê-la em constante diálogo é a essência do que faço”, disse Batiste de forma eloquente. O novo álbum é uma maneira de refletir essa prática ao revisitar clássicos com um toque inovador.

Improvisação e a Magia do Piano

Recentemente, em uma sessão no Electric Lady Studios em Nova York, Batiste não conseguiu esconder o sorriso enquanto improvisava peças icônicas como “Clair de Lune” e “Fantaisie-Impromptu”. Em seguida, ele se aprofundou em Beethoven, trazendo influências do gospel e do blues à Sonata “Moonlight”. "É uma composição intensa", comentou ele, revelando a profundidade de sua conexão com a obra.

Em uma conversa franca, Batiste compartilhou suas memórias como pianista, a intersecção entre ritmos africanos e músicas clássicas e o elitismo que muitas vezes envolve o mundo da música clássica. Aqui estão alguns trechos marcantes de sua entrevista.

A conexão entre clássicos e improvisação

Como a música clássica influenciou sua vida?

A musicalidade de Batiste começou aos 11 anos e evoluiu para uma banda aos 14. Suas performances combinavam recitais de piano e suas próprias composições. Essa mistura inicial de influências moldou seu estilo único e foi fundamental para a construção de sua identidade musical.

O aprendizado na Juilliard

A trajetória de Jon na Juilliard foi marcada por um aprofundamento nas nuances da música. Sob a orientação de William Daghlian, ele aprendeu a mergulhar nas emoções e complexidades das composições, buscando não apenas tocar as notas, mas compreender a essência da música.

Cruzando Fronteiras Musicais

A fusão que Batiste promove entre musicas clássicas e outros gêneros reflete um movimento cultural vibrante. Ele destaca que no início do século XX, a tradição clássica europeia encontrou as influências afro-americanas, criando uma nova e rica identidade musical. Isso é uma verdadeira fonte de inspiração para ele.

Por que gravar um álbum clássico agora?

Batista acredita que a reverência pela música clássica, embora admirável, pode ser sufocante. Ele questiona por que devemos nos restringir a normas que muitas vezes excluem a criatividade. “A música é uma experiência compartilhada”, disse, “deve convidar todos a participar”.

A relevância dos gêneros

Em sua visão, a música clássica e a música de raiz estão interligadas. Ele argumenta que, se compositores como Beethoven estivessem vivos hoje, certamente incorporariam ritmos contemporâneos como blues, jazz e hip-hop em suas obras.

Beethoven com um Toque Moderno

Quando perguntado sobre a música de Beethoven, Batiste expressa uma profunda conexão, afirmando que muitas das obras do compositor possuem uma essência africana, cheia de polirritmias e sentimentos que ecoam no blues. Ele vê uma interseção na experiência humana que é capturada por grandes artistas, mesmo antes que tenhamos uma definição para isso.

Escolhendo as peças do álbum

Batiste revela que seu objetivo é tocar a imaginação de todos, incluindo aqueles que não se consideram músicos. Ele anseia por criar experiências musicais que conectem as pessoas, como a obra “5th Symphony in Congo Square”, que homenageia um local emblemático na história da música americana.

A Luta contra o Elitismo Musical

Batista confronta a ideia de que certos gêneros musicais são vistos como mais "puros" por suas raízes europeias, enquanto outros são considerados menos dignos. Ele defende que toda forma de expressão musical possui um valor inerente e que é fundamental explorar essas ricas tradições ao invés de se apegar rigidamente a categorias.

O Poder da Composição Espontânea

A espontaneidade na composição, uma prática comum no jazz, também é essencial para Batiste. A liberdade criativa de dialogar com os grandes mestres proporciona uma experiência de crescimento tanto pessoal quanto artístico. Ele acredita que a música deve ser um espaço de expressão e inovação.

Preparação e Criatividade na Gravação

Para Batiste, o processo de gravação não é apenas um ato na frente do piano; é um reflexo de sua preparação e entendimento profundo da música. Cada versão foi cuidadosamente pensada e refinada, equilibrando melodia, ritmo e harmonia.

Celebrando a Vulnerabilidade

Batiste compartilha que este novo álbum revela um lado mais íntimo e vulnerável de sua personalidade. Em um mundo repleto de imagens e personas, ele vê beleza e força na vulnerabilidade, algo que ele busca expressar em sua arte.

Reflexões Finais: O Legado Musical

Quando questionado sobre o que Beethoven acharia de seu projeto, Batiste respondeu com confiança: “Ele diria que isso é fogo. Adoro isso.” Esse sentimento encapsula a beleza de criar arte: a verdadeira essência da criatividade reside não em atender a padrões, mas em deixar um legado verdadeiro e relevante.

Assim, ao cruzar as fronteiras entre o clássico e o contemporâneo, Jon Batiste não apenas honra suas raízes, mas também expande as possibilidades da música, conectando-se com o que é universal e atemporal. Este álbum é mais do que uma mera gravação; é um convite para todos nós nos juntarmos a ele nessa jornada musical.


Que tal participar desta conversa? O que você acha da interseção entre os gêneros musicais e como eles podem coexistir? Deixe suas impressões nos comentários!

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