Magazine Luiza (MGLU3) concluiu o quarto trimestre de 2024 (4T24) com um resultado impressionante: o lucro líquido cresceu 38,9%, alcançando R$ 294,8 milhões, comparado aos R$ 212,2 milhões do mesmo período do ano anterior (4T23). Essas informações foram reveladas pela varejista em seu balanço financeiro, publicado nesta quinta-feira (13).
Ao olhar para o ano de 2024 como um todo, a empresa conseguiu reverter um expressivo prejuízo de R$ 979,1 milhões em 2023, encerrando o ciclo com um lucro líquido de R$ 448,7 milhões. O faturamento total também viu crescimento, com um aumento de 3,6%, atingindo R$ 65,3 bilhões.
O lucro líquido ajustado foi outro destaque, chegando a R$ 139,2 milhões no 4T24, superando a previsão de R$ 104 milhões da XP Investimentos e apresentando um crescimento de 37,1% em relação aos R$ 101,5 milhões do mesmo período em 2023. No acumulado do ano, o lucro ajustado totalizou R$ 276,7 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 550,1 milhões registrado no ano anterior.
Margens e Desempenho Financeiro
O Magazine Luiza também comunicou que a margem líquida aumentou de 2,0% para 2,7%. Já a margem líquida ajustada subiu para 1,3%, com um avanço de 0,3 ponto percentual. No 4T24, a receita líquida da empresa chegou a R$ 10,7 bilhões, refletindo um aumento de 2,3% em comparação ao 4T23.
Mais uma boa notícia: o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 846,2 milhões, representando um crescimento de 11,9% em relação ao 4T23. A margem Ebitda ajustada também teve um avanço, alcançando 7,8%, superando a expectativa da XP que previa um crescimento menor. No total do ano, o Ebitda cresceu 232,6%, atingindo R$ 2,9 bilhões em 2024.
Dívida e Fluxo de Caixa
No entanto, a empresa encerrou 2024 com uma dívida líquida de R$ 6,1 bilhões, um aumento de 12,4% em relação ao ano anterior. Apesar de ter conseguido reduzir seu custo médio da dívida para 12,5% ao ano, o nível de endividamento ainda é considerado alto pelos analistas, especialmente em um cenário de juros elevados no Brasil.
Esse aumento na dívida pode afetar o fluxo de caixa da companhia e limitar a capacidade de investimento em expansão e inovação. A relação entre dívida líquida e Ebitda, uma medida de alavancagem financeira, ficou em 2,1 vezes.
Vendas em Alta
O resultado operacional também seguiu a tendência positiva, com um crescimento de 2,6% nas vendas totais, que incluem lojas físicas, e-commerce e marketplace. Isso demonstra um aumento significativo na participação dos canais digitais, refletindo uma mudança natural nos hábitos de compra dos consumidores.
Em conversa com o InfoMoney, Lucas Ozório, gerente de relações com investidores do Magalu, destacou que a empresa está focando na ampliação das margens operacionais como estratégia para lidar com o aumento das despesas financeiras. “Estamos buscando elevar nossa margem operacional, o que irá fortalecer nosso lucro líquido”, afirmou Ozório.
Um dos projetos centrais dessa estratégia é o Converte Magalu, que combina preços competitivos, redução no custo de entrega e uma diversificação de produtos para atrair novos clientes. “Se mais consumidores realizarem compras sem que nossos custos aumentem proporcionalmente, nossa rentabilidade aumentará”, reforçou Ozório.
Presença Física e Digital
Atualmente, o e-commerce representa 69,8% das vendas totais, com um crescimento de 1,1% no trimestre. As lojas físicas, por sua vez, tiveram um avanço de 6,4%, consolidando seu papel como motor de crescimento, conforme já antecipado pela Genial Investimentos. No total, tanto as lojas físicas quanto o comércio eletrônico apresentaram um crescimento agregado de 2,6% nas vendas.
No final de 2024, o Magazine Luiza contava com 1.245 unidades, uma redução de 41 lojas em relação ao ano anterior. Segundo Ozório, essa diminuição foi resultado de uma análise estratégica que levou em conta o desempenho das operações e a proximidade de lojas entre si. “Fechamos algumas operações onde o desempenho não era satisfatório”, explicou.
Para este ano, o Magalu tem planos de inaugurar uma loja física da Netshoes, uma nova marca que integra seu portfólio desde 2019. A loja conceito será instalada na megaloja do Magalu no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, onde antes funcionava a Livraria Cultura. Este novo espaço não apenas destacará a Netshoes, mas também incluirá outras marcas do grupo Magalu.
Inovações e Tendências
Outro ponto interessante é o aumento na participação das vendas financiadas, que cresceu de 32% para 37% no trimestre. Isso ocorreu em grande parte por conta do aumento da utilização do sistema de pagamentos Pix e de plataformas integradas, como a Kabum. Esses fatores estão ajudando a minimizar os impactos das altas taxas de juros sobre o consumo.
Apesar das projeções de aumento da Selic, o Magazine Luiza mantém uma perspectiva otimista para 2025, apostando na expansão do ecossistema digital e na otimização das margens operacionais. Além disso, a diversificação de receitas, com novas aquisições e serviços, como tech, ads e cloud, está em foco, visando aumentar a eficiência financeira e impulsionar a geração de caixa.
Entre os ajustes financeiros não recorrentes, a empresa destacou um crédito tributário de R$ 49,8 milhões e uma provisão para riscos tributários de R$ 50 milhões. O ajuste mais relevante foi a inclusão de ágio em controladas, resultando em um incremento de R$ 158,1 milhões ao lucro líquido.
Desafios no Setor
É importante ressaltar que o e-commerce internacional continua enfrentando retração, conforme dados da Receita Federal analisados pelo JPMorgan. No início de 2024, o número de pacotes processados pelo programa Remessa Conforme ficou próximo de 11 milhões, o que representa uma diminuição em relação aos 14 milhões registrados em novembro de 2023.
Além disso, o volume de transações em reais recuou 6% em comparação ao ano passado, e está 34% abaixo do registrado em julho de 2024, antes da implementação da taxa de importação de 20%. A quantidade de pacotes também apresentou uma queda de 27% em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo a diminuição da competitividade das plataformas internacionais.
Diante desse cenário, a parceria entre Magazine Luiza e AliExpress se mostra como uma estratégia viável. A inclusão de produtos que antes não faziam parte do portfólio da plataforma está gerando novos fluxos de pedidos, contribuindo para a expansão digital do Magalu.
Ozório menciona que o AliExpress está considerando expandir a colaboração para a entrega final no Brasil, o que poderia diminuir custos e acelerar prazos. “Caso essa operação logística seja realizada pelo próprio Magazine Luiza, poderemos otimizar nosso processo de entrega e fortalecer ainda mais a presença do AliExpress em nosso mercado”, concluiu. Assim, o Magalu segue firme em sua busca pela inovação e eficiência, pronto para enfrentar os desafios e se adaptar a um ambiente em constante mudança.