Nos próximos anos, o mercado livre de energia no Brasil promete uma reviravolta em seus preços, especialmente para contratos de longo prazo conhecidos como PPAs (Power Purchase Agreements). Essa mudança será impulsionada por um aumento significativo na demanda, exigindo que as empresas adotem uma abordagem mais dinâmica e ágil em suas decisões de compra. Essa é a análise destacada no recente relatório da Schneider Electric.
Um fator determinante para essa nova realidade é a diminuição progressiva dos descontos nas tarifas de distribuição (TUSD) para os projetos de geração renovável que estão surgindo. Além disso, prevê-se uma queda na disponibilidade de novos projetos para abastecer os PPAs até 2028.
Como sua empresa pode tirar proveito do mercado livre de energia
Outra mudança importante se refere às novas diretrizes do grupo RE100, que certifica empresas que se comprometem a usar 100% de energia renovável a partir de 2024.
Mudanças nas regras do RE100
O RE100, uma iniciativa global do Climate Group em colaboração com o CDP, reúne mais de 400 empresas comprometidas com a sustentabilidade. A partir deste ano, os certificados de energia renovável (I-RECs) terão validade limitada a 15 anos a partir do comissionamento ou repotenciação de uma usina. Essa mudança, segundo o relatório da Schneider Electric, resultará em uma redução significativa na oferta de certificados de acordo com as novas normas, com uma previsão de exclusão de até 54% dos I-RECs atualmente disponíveis no Brasil.
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Descontos na conta de luz: Oportunidades para empresas
O estudo da Schneider Electric revela que a demanda por I-RECs cresceu de forma significativa, atingindo a marca de 13,9 TWh (terawatt-hora) no primeiro trimestre de 2023, um impressionante aumento de 63% em comparação ao ano anterior. Esse aumento na procura, combinado com a escassez de oferta devido às novas regras, contribuirá para uma elevação nos preços dos certificados.
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Requisitos para fechar um PPA
Mathieu Piccin, diretor de Negócios Sustentáveis da Schneider Electric para a América Latina, destaca que o preço é um dos principais fatores considerados pelas empresas ao decidirem fechar um PPA no mercado livre. Contudo, a qualidade do projeto e seus atributos ambientais também desempenham um papel crucial.
- Qualidade do projeto
- Atributos ambientais e sustentabilidade
Piccin questiona: “O projeto realmente é confiável em termos ambientais e de reputação? Os certificados de energia renovável atendem aos requisitos de associações internacionais?”. Essas são questões fundamentais para garantir que as empresas não enfrentem imprevistos ou danos à sua imagem no futuro.
Além disso, as discussões em torno de novos modelos de precificação no mercado livre, como a precificação horária, poderão impactar substancialmente os novos PPAs a serem firmados. A introdução de tecnologias inovadoras, como sistemas de armazenamento em bateria, também promete trazer mudanças significativas para o setor elétrico brasileiro.
Autoprodução: A nova tendência para 2025
Para o ano seguinte, o relatório da Schneider Electric aponta uma estabilidade na demanda por PPAs tradicionais voltados à geração renovável, ao passo que se observa um crescente interesse por modelos de autoprodução de energia. Nesse formato, o consumidor torna-se um investidor no projeto de geração ao financiar ou alugar uma usina, o que o isenta do pagamento de encargos setoriais.
- Autoprodução por equiparação: o consumidor adquire ações de um ativo de geração, tornando-se parcialmente proprietário.
- Autoprodução por arrendamento: o desenvolvedor constrói o ativo e o aluga para o cliente, gerando energia sem envolvimento ativo na construção.
Piccin nota que, embora esses modelos ofereçam oportunidades, eles também carregam complexidades e riscos que as empresas devem avaliar cuidadosamente. “Entender esses fatores e os riscos envolvidos é essencial para determinar quanto retorno, tanto financeiro quanto reputacional, a empresa está disposta a aceitar”, enfatiza o diretor.
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Com a inclusão de baterias no mercado, a pergunta que se coloca é: “Como isso impactará os produtos atualmente disponíveis e os perfis de carga de diferentes clientes?”. Essa é uma questão importante para empresas que buscam se adaptar às novas realidades do setor.
Reflexões sobre o futuro da energia no Brasil
A transformação do mercado de energia no Brasil está em andamento. As mudanças nas regras e a crescente demanda por energia renovável exigem que as empresas se preparem para um cenário desafiador, mas repleto de oportunidades. Os contratos de energia, sejam tradicionais ou por autoprodução, demandam planejamento e análise cuidadosa, especialmente em um ambiente onde a competitividade está em alta.
É fundamental que as empresas entendam os novos requisitos e se adaptem às novas realidades, considerando os aspectos econômicos e ambientais de suas escolhas energéticas. O que você acha dessas mudanças? Como sua empresa está se preparando para o futuro da energia no Brasil? Compartilhe suas opiniões nos comentários!