Prêmio Nobel da Paz: Nihon Hidankyo Lança Alerta sobre o Perigo Nuclear

No último dia 10, a organização antinuclear japonesa Nihon Hidankyo recebeu o prestigiado Prêmio Nobel da Paz em Oslo, trazendo à tona uma mensagem poderosa sobre a crescente ameaça de uma possível quebra do “tabu nuclear”. O co-presidente e secretário-geral da entidade, Terumi Tanaka, expressou sua profunda tristeza e indignação diante dos recentes rumores sobre a utilização de armamento nuclear por nações como a Rússia, especificamente no contexto da guerra na Ucrânia.

Um Chamado Urgente à Ação Global

Com 92 anos de experiência e histórias profundas para contar, Tanaka destacou a alarmante realidade de que atualmente existem cerca de 4 mil ogivas nucleares operativas ao redor do globo. Ele enfatizou que o impacto dessas armas seria “milhares de vezes” mais devastador do que os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, eventos que marcaram sua infância. Para Tanaka, a solução está na ação coordenada de todos os governos, defendendo não apenas a eliminação das armas, mas também criticando a ideia da dissuasão nuclear.

Tanaka fez um apelo enfático para que mais países se unam ao Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, ratificado em 2017, como um passo imprescindível para um futuro mais seguro.

Recordações de um Sobrevivente e a Realidade Hibiaku

Com uma história profundamente pessoal, Tanaka relembrou os horrores que vivenciou em 1945, quando os Estados Unidos lançaram as bombas atômicas que mataram cerca de 210 mil pessoas em Hiroshima e Nagasaki. Apenas três dias após as explosões, acompanhado de sua mãe, ele se deparou com a “destruição total” ao retornar a Nagasaki, onde perdeu cinco parentes. Este momento se tornou um marco na sua vida e na luta antinuclear que ele representa.

• **Destruição devastadora**: Tanaka descreveu um cenário apocalíptico, com casas queimadas e corpos espalhados.
• **A indiferença da sociedade**: Muitas pessoas ainda vivas ficaram sem assistência, ampliando o sofrimento das vítimas.

Essas experiências moldaram não só a sua vida, mas também o movimento antinuclear que ele ajudou a fundar. Os “hibakusha”, que são os sobreviventes das explosões, enfrentaram um período de silêncio imposto pelas potências ocupantes e foram frequentemente ignorados pelo próprio governo japonês, que minimizou o impacto e a necessidade de compensação.

A Luta pelo Reconhecimento e Justiça

Tanaka refletiu sobre a trajetória de Nihon Hidankyo, formada em 1956 após os testes nucleares no Atol de Bikini, que inspiraram um ativismo global contra armas nucleares. Assista a alguns dados que demonstram a importância desse trabalho:

• **Pressão por leis**: Nihon Hidankyo foi crucial para que o Japão implementasse legislações que garantissem compensações aos hibakusha, incluindo também os coreanos e imigrantes que viviam fora do Japão.
• **Reconhecimento internacional**: Apesar das diversas reivindicações, até hoje o governo japonês se recusa a compensar adequadamente as vítimas, limitando as ajudas apenas aos danos causados pela radiação.

“A idade média dos sobreviventes é de 85 anos. Em uma década, poucos ainda estarão conosco para contar suas histórias. Espero que as gerações futuras mantenham viva a luta contra a proliferação nuclear”, afirmou Tanaka, mostrando a urgência de ações e vozes que transcendam o tempo.

A Era Nuclear: Desafios e Esperanças

No decorrer de seu discurso, o presidente do Comitê Nobel norueguês, Jorgen Watne Frydnes, ressaltou que o mundo atual vive uma era nuclear “mais instável”. Ele expressou sua preocupação de que as nove potências nucleares do mundo parecem desinteressadas em iniciativas de desarmamento e controle de armas. Frydnes dirige um apelo à ação, considerando a urgência do momento em que vivemos.

Adicionalmente, o presidente do Comitê também instou os governos de Belarus e Irã a libertarem os ativistas que foram presos e que são vencedores do Prêmio Nobel da Paz, Ales Bialiatski e Narges Mohammadi. Este é um lembrete de que a luta pela paz e pela justiça é contínua e que as vozes dos ativistas devem ser ouvidas e respeitadas.

Um Legado que Não Pode Ser Esquecido

O Prêmio Nobel da Paz é único entre os prêmios, sendo o único a ser entregue fora da Suécia, em Oslo, conforme a vontade de Alfred Nobel. Este reconhecimento não só celebra os esforços da Nihon Hidankyo como também convida o mundo a refletir sobre os riscos da guerra nuclear e a necessidade de desarmamento. É uma oportunidade de unir vozes em prol de um mundo sem armas nucleares.

À medida que encerra este importante evento, fica a lição de que é responsabilidade de todos nós lutar contra a proliferação nuclear e promover a paz. Cada um pode fazer a diferença, seja por meio de vozes, de ações ou da disseminação de conhecimento. Como você pode se envolver nessa luta por um futuro mais seguro e pacífico? As vozes dos sobreviventes são um lembrete poderoso de que não devemos esquecer os horrores do passado, mas sim aprender com eles e trabalhar juntos por um futuro melhor.