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Os Sonhos de um Acordo Épico: O Que Está em Jogo entre EUA e China?

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A Complexa Relação Entre EUA e China: Desafios e Oportunidades

A diplomacia entre potências é marcada por esperanças e tensões. Atualmente, no meio de uma guerra comercial com a China, surgem conversas sobre um possível acordo entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu homólogo chinês, Xi Jinping. Trump expressa seu desejo de negociar, enquanto Xi mantém uma postura cautelosa, deixando a porta aberta para um entendimento. Contudo, a história das relações entre essas nações e as dinâmicas políticas internas dificultam a expectativa de um acordo significativo.

Um Percurso de Cooperação e Conflito

Desde 1950, a relação entre Estados Unidos e China passou por altos e baixos, alternando entre cooperação e confronto. Esses ciclos foram impulsionados tanto por fatores geopolíticos quanto por pressões políticas internas. Tradicionalmente, os países encontraram espaço para colaborar em questões de segurança apenas quando enfrentavam um inimigo comum. Um exemplo emblemático foi a visita histórica de Nixon à China em 1972, que resultou em uma série de acordos com o objetivo de conter a União Soviética.

Entretanto, atualmente, não há nada que sugira um momento propício para uma reconciliação significativa. O mundo está imerso em um nacionalismo exacerbado, e a retórica antiglobalização predomina nas políticas internas de ambos os países. Adicionalmente, faltam ameaças de segurança que unam as duas potências, evidenciado por seus posicionamentos divergentes em conflitos internacionais como os da Ucrânia e do Oriente Médio.

A Fragilidade de um Acordo Grandioso

Trump deseja negociar, mas o contexto atual torna essa ideia problematizada. Um acordo abrangente poderia exigir concessões em questões delicadas, como a situação de Taiwan ou as reivindicações chinesas no Mar do Sul da China. Essas concessões poderiam desmantelar estruturas de segurança que garantem a estabilidade regional por décadas.

Os custos estratégicos para os EUA de ceder influência na região superam quaisquer benefícios econômicos que poderiam ser obtidos. Assim, é mais prudente que os formuladores de políticas americanas se concentrem em objetivos mais gerenciáveis, como a redução do risco de conflitos acidentais, especialmente em regiões sensíveis como o Mar do Sul da China.

O Passado Como Guia

A relação entre China e Estados Unidos frequentemente se deteriorou na ausência de um inimigo comum. Após a vitória do Partido Comunista Chinês em 1949, os cidadãos dos EUA viam a China como parte de uma ameaça comunista em expansão, o que se intensificou durante a Guerra da Coreia. A dinâmica se manteve até os anos 70, quando as tensões com a União Soviética levaram a um descongelamento nas relações.

Na década de 1980, oportunidades de cooperação surgiram, impulsionadas por reformas econômicas na China e um movimento global em direção à liberalização nos EUA. Mas a dissolução da União Soviética em 1991 alterou o cenário, e a falta de um inimigo comum fez com que o entendimento estratégico diminuísse, mesmo que a cooperação econômica continuasse a crescer.

Rivalidade Em Meio à Interdependência

Os números são impressionantes: em 2022, o comércio entre Estados Unidos e China alcançou mais de 580 bilhões de dólares. Contudo, essa interdependência econômica esconde divisões profundas que ameaçam a relação. Tanto os EUA quanto a China estão sob pressão interna para reverter a globalização, uma reação às desigualdades que ela supostamente criou.

Nos EUA, a deslocalização de empregos e as mudanças econômicas, exacerbadas pela globalização, resultaram em uma forte oposição ao livre comércio. O protecionismo, que ganhou força com a recente administração Trump, é uma resposta a essa vulnerabilidade. Paralelamente, na China, Xi Jinping tem promovido um nacionalismo consumista, focando em uma menor dependência de mercados externos.

Um Dilema de Segurança

Sem um inimigo comum, a margem para alinhamento em questões estratégicas diminui. Na administração Obama, tentativas de cooperação em questões como segurança global falharam devido a diferentes focos de interesse. A pandemia de COVID-19 intensificou a desconfiança entre os países, com acusações mútuas sobre a responsabilidade do surto.

As tensões aumentaram ainda mais à medida que ambos os lados começaram a ver suas respectivas ações através da lente da rivalidade entre grandes potências. Essa percepção não apenas intensificou a desconfiança mútua, mas também possibilitou que ambos os países tentassem utilizar sua interdependência econômica como uma forma de pressão.

Uma Abordagem Mais Realista

As relações entre os dois países tornaram-se mais tensas nos primeiros meses da nova administração de Trump, que implementou tarifas exorbitantes sobre produtos chineses. A resposta da China, com tarifas elevadas contra produtos dos EUA, ilustrou que táticas coercitivas podem não ser eficazes.

A realidade é que, para um acordo significativo, os EUA teriam que reconfigurar sua abordagem para focar em objetivos mais restritos, mas que ainda possuam significado estratégico. Medidas de construção de confiança, como diálogos militares e protocolos para evitar incidentes no mar, deveriam ser priorizadas.

O Caminho da Diplomacia

Para ambos os lados, a prioridade deve ser a criação de um quadro que permita prever regulações e termos de comércio, reduzindo a incerteza. Além disso, iniciar discussões sobre práticas de trabalho e normas ambientais pode ser uma oportunidade para alinhar os interesses de ambos os lados, sem criar mais tensão.

Um foco em melhorias na transparência e acessibilidade do setor financeiro da China também pode abrir novas portas para empresas americanas, que há muito esperam por uma maior participação no mercado chinês.

Olhando para o Futuro

Ao priorizar esses passos pequenos, mas significativos, os dois presidentes têm a oportunidade de estabilizar uma das relações bilaterais mais importantes do século XXI. As políticas devem ser moldadas por uma análise realista das dinâmicas internacionais e domésticas, reconhecendo que a ausência de um inimigo comum torna os grandes acordos mais difíceis de alcançar e potencialmente autodepreciativos.

Afinal, cada lado deve estar consciente de que, sem compromissos significativos e mudanças substanciais, a rivalidade poderá se intensificar, minando suas próprias economias e potencialmente levando a um conflito desnecessário. Vamos aguardar e ver como essa complexa dança entre os dois gigantes se desenrolará nos próximos anos.

Essa relação multifacetada exige que continuemos atentos e engajados, discutindo e refletindo sobre a influência que essas potências exercem em nosso mundo interconectado. O que você pensa sobre o futuro da relação entre EUA e China? Compartilhe suas opiniões e vamos debater!

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