Pecuária Brasileira: Caminhos para um Futuro Sustentável
A COP30 trouxe à tona discussões essenciais sobre a pecuária no Brasil, destacando três pilares importantes que devem ser observados: a recuperação de pastagens degradadas, a implantação do selo Carne Baixo Carbono e as novas projeções de redução de emissões até 2050. Esses temas, embora distintos, se interligam ao foco central da eficiência produtiva e da sustentabilidade, transformando a imagem da pecuária nacional de vilã a protagonista na luta por um futuro mais sustentável.
Desafios e Avanços na Pecuária
Nos últimos anos, o setor pecuário brasileiro experimentou avanços significativos, impulsionados pela adoção de tecnologias que aumentaram a produção. Contudo, ainda enfrentamos desafios. Em 2024, estima-se que 8 milhões de bovinos foram terminados em confinamento, representando cerca de 25% do total abatido. Isso contrasta com os Estados Unidos, onde quase 100% dos animais passam por esse processo.
O Problema da Degradação das Pastagens
É crucial entender que o Brasil possui cerca de 95 milhões de hectares de pastagens que enfrentam degradação em diferentes níveis. Dessas, aproximadamente 18 milhões de hectares podem ser recuperados sem reformas extensas. No entanto, existem quase 5 milhões de hectares totalmente degradados, que demandam grandes investimentos para reabilitação, tornando-se áreas de baixa produtividade.
No conceito de degradação, durante 2024, o custo foi de R$33,20 por arroba produzida, acumulando um impacto de R$26 bilhões para os pecuaristas.
Parceria Brasil-Japão: Um Passo em Direção à Recuperação
Um dos resultados das discussões na COP30 foi o acordo Brasil-Japão, que envolve o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Embrapa. Esse projeto utiliza dados de satélites japoneses para analisar a saúde do solo e a economia agrícola, identificando áreas críticas e propondo soluções para a recuperação das pastagens.
Benefícios dessa Iniciativa:
- Ferramentas de Diagnóstico: Acesso a tecnologias de precisão para entender melhor as condições do solo.
- Direcionamento de Investimentos: Ajuda os produtores a alocarem recursos de maneira mais eficaz.
- Aumento de Produtividade: Práticas que visam melhorar o rendimento por hectare.
Entretanto, a transição de dados complexos para ações concretas de transformação requer atenção e acompanhamento próximos.
Selo Carne Baixo Carbono: Um Novo Padrão
A COP30 também destacou o selo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Embrapa. Essa certificação é concedida às propriedades que cumprem 20 critérios específicos, promovendo não apenas a sustentabilidade, mas também um retorno econômico para os produtores. A nova calculadora de carbono da Embrapa indica que as propriedades que seguem este protocolo podem reduzir 35% das emissões.
Potencial de Expansão
O modelo é aplicável em diversos biomas do Brasil e já conta com 700 fazendas mapeadas para possível adesão. Além disso, a implementação está planejada para outros setores, começando pela soja em 2026.
Vantagens do Selo:
- Transparência e Rastreabilidade: Fortalece a confiança do consumidor.
- Simplicidade na Implementação: Protocólos claros e objetivos.
Projeções Promissoras para a Pecuária
Durante o evento, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), apresentou dados animadores: se as práticas sustentáveis continuarem a ser adotadas, a pecuária pode reduzir 79,9% das emissões de CO₂ por quilo de carne até 2050. Com ações adicionais, como a recuperação das pastagens, essa redução pode chegar a 92,6%.
Crescimento e Eficiência
Entre 1990 e atualmente, o setor já aumentou sua produtividade em 183%, ao mesmo tempo que diminuiu em 18% a área ocupada por pastagens. Essa realidade desafia a ideia de que a pecuária é apenas uma fonte de degradação ambiental, provando que é possível avançar em produtividade e competitividade, ao mesmo tempo em que se protege o meio ambiente.
Um Futuro Promissor
As iniciativas discutidas, como o acordo Brasil-Japão e o selo Carne Baixo Carbono, são partes de um movimento mais amplo que visa transformar a pecuária em um aliado na busca por soluções sustentáveis. A COP30 evidenciou que a pecuária não está apenas reagindo; ela está se posicionando ativamente como uma solução viável, com dados que respaldam essa transformação.
A indústria pecuária brasileira, portanto, não só enfrenta desafios, mas também se reinventa e propõe soluções inovadoras. A discussão aberta e a colaboração entre setor público e privado podem levar a um futuro mais verde e sustentável.
Jaqueline Casale Pizzolato, zootecnista e diretora comercial da Casale, reforça a importância dessas ações, ressaltando a necessidade de um movimento contínuo e comprometido com a transformação do setor.
E você, o que pensa sobre o futuro da pecuária no Brasil? Compartilhe suas ideias e experiências! Vamos juntos construir um caminho mais sustentável para todos.
