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Desafios na Comercialização da Safra de Soja 2024/25 no Brasil

A safra de soja 2024/25 no Brasil enfrenta um cenário desafiador. A lentidão nas negociações, impulsionada pelo aumento dos custos de transporte e pela sazonalidade, afeta os prêmios e os lucros dos produtores. Especialistas consultados pela Reuters destacam que, historicamente, este período já apresenta uma redução nas vendas, mas agora a situação se intensifica.

Frete em Alta: Um Impacto Direto nas Transações

A alta dos custos de frete tem se mostrado um dos principais obstáculos para a comercialização. As tradings estão adotando uma postura cautelosa, preferindo realizar negócios apenas quando já possuem vendas garantidas, buscando assim mitigar os riscos associados ao transporte.

Guilherme Palhares, responsável pelo segmento de alimentos e bebidas do Santander, afirmou: “O frete é o principal fator que está limitando os negócios, devido ao receio das tradings em assumir compromissos sem ter as vendas concretizadas.” Essa abordagem reflete a preocupação em minimizar riscos, especialmente em um ambiente de incertezas.

Logística Sob Pressão: O Que Está Acontecendo?

O contexto logístico é particularmente desafiador. A safra brasileira, esperada para ser recorde, com mais de 170 milhões de toneladas, enfrenta problemas de escoamento, especialmente em Mato Grosso, região que é o maior produtor do país. Além disso, as chuvas têm dificultado as operações no campo.

Recentemente, a Petrobras anunciou um aumento superior a 6% no preço do diesel, impactando diretamente os custos de transporte. Por exemplo, o frete de Sorriso (MT) até o porto fluvial de Miritituba (PA) subiu cerca de 40% desde janeiro, alcançando R$270 por tonelada ao final do mês passado, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

A Decisão das Tradings e a Realidade dos Produtores

As tradings, como a Bunge e ADM, têm reportado resultados financeiros abaixo do esperado, o que reforça a necessidade de dividir os custos adicionais com os produtores. Palhares ressalta que essa postura tem sido uma constante no mercado, resultando em um cenário de vendas lentas.

Recentemente, as vendas antecipadas da safra 2024/25 de soja avançaram para 39,4% da produção estimada, um aumento de 4,4 pontos percentuais no último mês. Embora esse número esteja acima dos 31,9% registrados no mesmo período do ano passado, ainda está abaixo da média de cinco anos, que é de 43,2%.

O Papel do Câmbio e as Expectativas dos Produtores

Os produtores também demonstram cautela, especialmente após a recente queda do dólar, que passou de mais de R$6 no ano passado para cerca de R$5,8 atualmente. Muitos agricultores estão aguardando por melhores preços, possivelmente resultantes de problemas que possam surgir na safra argentina.

O especialista afirma que, caso não haja mudanças significativas, é provável que os produtores voltem ao mercado em abril, quando se aproximarem os vencimentos de pagamento com as distribuidoras de insumos agrícolas.

Prêmios de Exportação: Uma Visão Geral

No porto de Paranaguá, os prêmios para embarque de soja em março permanecem negativos, com destaque para cerca de 5 centavos de dólar por bushel em relação à bolsa de Chicago. Francisco Queiroz, analista de soja do Itaú BBA, explica que os altos custos de frete pressionam diretamente os prêmios, que enfrentam mais obstáculos devido à atual safra e ao clima instável.

O Cenário Atual e suas Implicações

As dificuldades logisticas e a sazonalidade da colheita têm contribuído para um ritmo de vendas mais lento, enquanto incertezas no mercado de Chicago adicionam mais tensão ao cenário. As tarifas e a desvalorização do dólar também influenciam as decisões dos agricultores e das tradings.

O Que Esperar para o Futuro?

Com a colheita atrasada em Mato Grosso e o cenário econômico incerto, tanto tradings quanto produtores enfrentam um dilema: como avançar num mercado volátil e cheio de desafios? É uma fase de adaptação e cautela, em que todos buscam maneiras de navegar por essa maré turbulenta.