O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, discursou nesta terça-feira (1º) sobre a necessidade de um programa que gere a percepção de um choque fiscal positivo a longo prazo, se o Brasil quiser manter a Selic mais baixa de forma sustentável. Ele enfatizou que optar por juros baixos sem uma âncora fiscal é equivalente a produzir um ajuste via inflação no médio prazo.
Campos Neto ressaltou a importância da harmonia entre a política fiscal e monetária, destacando que a transparência da política fiscal é essencial para o mercado. Ele salientou que sempre que o Brasil conseguiu reduzir a taxa Selic de forma sustentável, isso foi acompanhado pela percepção de um choque fiscal positivo.
Além disso, o presidente do Banco Central mencionou que diante das dificuldades para alcançar superávits primários e do alto endividamento global, a precificação do Brasil ainda parece exagerada.
Na palestra, Campos Neto abordou também a convergência da inflação global pós-pandemia e os desafios geopolíticos atuais. Ele observou que a inflação de serviços está alta em diversos países devido ao mercado de trabalho apertado.
O presidente do BC destacou os impactos das eleições norte-americanas e a possibilidade de medidas inflacionárias nos EUA e na China, bem como o protecionismo proposto pelos candidatos, o qual pode afetar o crescimento econômico de ambos os países.
Por fim, o mercado financeiro projeta uma Selic de 11,75% para este ano, de acordo com a edição mais recente do Boletim Focus, com expectativa de 10,75% para o próximo ano. A análise de Campos Neto sugere que a transição verde e a fragmentação do comércio global representam desafios notáveis que os bancos centrais precisam lidar no curto prazo.