### O Setor Imobiliário em Alta: Resiliência em Tempos Difíceis
Nos últimos seis meses, o Ibovespa registrou um crescimento de 2,28%, enquanto as ações do setor imobiliário se destacaram com uma alta de 7%, conforme dados do [IMOB](https://www.infomoney.com.br/cotacoes/b3/indice/imob/). Este desempenho é ainda mais notável se considerarmos que esse período coincide com um novo ciclo de aumento na taxa Selic, que geralmente afeta negativamente as ações desse setor. A boa notícia é que as construtoras estão implementando estratégias que têm se mostrado eficazes na mitigação dos impactos negativos dos juros altos.
### Estratégias Inovadoras das Construtoras
Para contrabalançar a tendência de desvalorização das ações durante períodos de aperto monetário, empresas renomadas como **Cyrela** ([CYRE3](https://www.infomoney.com.br/CYRE3)), **MRV** ([MRVE3](https://www.infomoney.com.br/MRVE3)), **Direcional** ([DIRR3](https://www.infomoney.com.br/DIRR3)) e **Cury** ([CURY3](https://www.infomoney.com.br/CURY3)) estão adotando táticas que incluem:
– **Controle Rigoroso de Custos:** Otimização de despesas para melhorar a margem de lucro.
– **Lançamentos Acelerados:** Aumento na velocidade de lançamentos de novos projetos.
– **Redução do Endividamento:** Estratégias para manter a dívida em níveis baixos e gerenciáveis.
– **Pagamento de Dividendos:** Atração de investidores por meio da distribuição de lucros, o que é incomum no setor, onde o foco geralmente é a valorização do capital.
Esse movimento é um sinal claro de que as empresas estão se preparando melhor para enfrentar desafios em um ambiente econômico incerto.
### Indicadores de Confiança no Setor
De acordo com especialistas, mesmo com a Selic em alta, o clima em relação às ações das construtoras continua otimista. O impacto dessas estratégias positivas foi discutido em um relatório recente, onde analistas revisitaram quatro fatores que sustentam a confiança no setor:
1. **Gestão Eficiente:** As empresas estão adotando práticas financeiras que melhoram a performance, mesmo sob pressão de taxas elevadas.
2. **Demandas Sustentáveis:** A resiliência do público potencial faz com que os lançamentos em programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, permaneçam favoráveis.
3. **Estruturas Financeiras Sólidas:** A maioria das construtoras está mantendo relações de Dívida Líquida/Ebitda em níveis saudáveis. Por exemplo, Direcional e Cury operam com ratios de 0,3x e -0,4x, respectivamente.
4. **Adaptabilidade:** A capacidade das empresas de se ajustarem rapidamente ao cenário de juros altos é sinal de maturidade no mercado.
Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, reforça essa visão ao afirmar que, apesar dos desafios econômicos, as construtoras estão obtendo lucros e mantendo rentabilidade.
### Caminhos para a Recuperação do Setor
#### Foco na Baixa Renda
Um dos caminhos adotados pelas construtoras é a aceleração dos lançamentos voltados para a baixa renda, especialmente em programas habitacionais. Os projetos têm margens menores, mas a demanda nesse segmento está menos suscetível aos altos juros, visto que as taxas aplicáveis não são atreladas à Selic. Um exemplo notável é a MRV, que registrou um aumento de 59,7% em seus lançamentos no terceiro trimestre. Isso indica um forte apelo entre os investidores, como observado em um relatório do Itaú BBA.
#### Segmentos de Média e Alta Renda
As construtoras que operam nos segmentos de média e alta renda também estão inovando, oferecendo financiamentos diretos a clientes. Essa estratégia reduz a dependência do público em relação ao crédito bancário e, consequentemente, a sensibilidade a oscilações na Selic. Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da Hike Capital, destaca que essa abordagem é fundamental para garantir a estabilidade financeira das empresas.
### O Impacto dos Dividendos
A distribuição de dividendos tem atraído a atenção de investidores e se tornou um critério crucial para decisões de investimento. Por exemplo, o Bradesco BBI prefere Direcional em detrimento de Tenda após o pagamento de R$ 0,46 por ação em dividendos, evidenciando como essa prática pode ser decisiva para a confiança dos investidores.
Chinchila observa que a distribuição de lucros pode ser interpretada como uma tentativa de atrair interesse em um setor que tradicionalmente apresenta volatilidade.
### O Desafio da Dependência da Selic
Apesar do quadro otimista, especialistas lembram que o setor imobiliário ainda é suscetível a fatores macroeconômicos, como a taxa de juros e estabilidade fiscal. A avaliação crítica de empresas, mesmo com uma gestão aprimorada, deve considerar essas variáveis. Marcos Duarte, da Nova Futura, enfatiza que a expectativa de crescimento está intrinsecamente ligada ao poder de compra do consumidor, que continua amplamente dependente dos juros.
Um relatório da Genial Investimentos expressa preocupações sobre os últimos aumentos nas taxas de juros imobiliários e a restrição da capacidade de financiamento pelos bancos, que continuam a gerar receios no mercado. O setor, ainda que promissor, encontra-se à margem das atenções dos investidores.
### Reflexão sobre o Futuro do Setor
Olhando para frente, é importante reconhecer que, embora as estratégias adotadas pelas construtoras possam atenuar alguns riscos, não eliminam completamente a influência da Selic. Enquanto o Brasil atravessa um ciclo de aumento nas taxas de juros, a perspectiva das ações do setor imobiliário ainda é um tema complexo e multifacetado.
Para os investidores em potencial, isso significa que é crucial manter a vigilância em relação às oscilações do mercado e às políticas monetárias. No entanto, a capacidade de adaptação e inovação demonstrada pelas construtoras pode sinalizar um futuro mais promissor, mesmo em tempos difíceis.
Portanto, as notícias do setor imobiliário trazem um misto de desafios e oportunidades. Você está atento a essas movimentações? O que pensa sobre o futuro das ações imobiliárias no cenário atual? Sua opinião é muito bem-vinda!