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Trump e Musk: Até Onde Pode Ir a Autocracia do MAGA?

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A Nova Era de Trump: Desafios e Implicações para a Democracia Americana

Nas últimas semanas desde seu retorno à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump tem gerado uma onda de inquietação, levantando questionamentos sobre a estabilidade de uma das democracias liberais mais antigas do mundo. Suas ações têm deixado claro que ele está disposto a ignorar barreiras institucionais, emitindo uma série de ordens executivas que desafiam normas e leis já estabelecidas. Além disso, a demissão de inspetores gerais e a tentativa de substituir setores do serviço civil não partidário por aliados leais são apenas algumas das táticas que vêm sendo utilizadas. O mais alarmante é que tais ações até agora têm encontrado pouco ou nenhum obstáculo, com o governo contando com o respaldo de um partido republicano com controle total sobre a presidência, o Congresso e uma Suprema Corte com uma maioria conservadora decisiva.

A Influência de Musk e a Fusão do Poder Político com o Corporativo

A situação se torna ainda mais preocupante com Trump concedendo ao bilionário Elon Musk, um cidadão privado e não eleito, amplos poderes para supervisionar a eficiência do governo. Isso acentua a confusão entre o poder político e o corporativo, levantando questões sobre a integridade das instituições democráticas.

Modernamente, a concentração de poder em um executivo sob controle total nos remete ao exemplo da Hungria, dirigida pelo primeiro-ministro Viktor Orban. Desde que assumiu o poder em 2010, Orban usou sua influência para estabelecer o único regime autocrático da União Europeia, combinando poder político e econômico, enquanto cultivava laços com regimes autocráticos como o de Vladimir Putin.

A ascensão de Trump e suas táticas radicais faz com que se reflita sobre o quanto a transformação autocrática da Hungria pode servir de modelo para seu governo. Embora existam semelhanças na abordagem, a implementação de um modelo "orbaniano" nos Estados Unidos é, até onde se pode ver, extremamente improvável devido a uma série de barreiras institucionais muito mais robustas.

Raízes da Revolta Populista

Para compreender o que está em jogo com Trump e a ameaça que ele representa à ordem democrática liberal, é crucial observar as forças populistas que levaram esses líderes ao poder. O liberalismo pressupõe que o bem público é definido através do debate, promovendo direitos humanos universais e reconhecendo a legitimidade de todos os membros da sociedade.

Nos últimos anos, a busca de progressistas por ampliar direitos e proteções a diversos grupos sociais resultou em um retrocesso que os conservadores se apressaram em explorar. A ideia de "wokeness" e a cultura do cancelamento acabaram por afastar eleitores que se sentem representados por valores tradicionais, como religião e patriotismo.

Este fenômeno levou muitos a encontrarem um bode expiatório para sua insatisfação, frequentemente apontando para imigrantes e minorias como responsáveis pelas crises sociais. No meio desse vácuo, líderes populistas emergem, prometendo resolver problemas sem as amarras da moral liberal, oferecendo liderança forte que apela ao nacionalismo e ao ego coletivo.

Os slogans de Trump, como "America First" (América em Primeiro Lugar) e "Make America Great Again" (Faça a América Grande Novamente), encarnam essa essência populista. Seu discurso respira a defesa de valores nacionais tradicionais e a rejeição de vozes distintas, o que destaca a tentativa de criar uma linha direta entre ele e seus apoiadores.

Liderança e Rhetórica: Um Estudo de Casos

Assim como Orban, Trump explora a ideia de que instituições como a mídia independente e o judiciário estão nas mãos da cultura progressista. Ao fazer isso, ele se autoproclama defensor dos interesses de seu eleitorado, transformando o debate público em um espaço de interesse declarativo e livre das amarras das instituições democráticas.

Orban, em suas iniciativas, tem seqüestrado instituições democráticas. Desde sua ascensão, ele controla ferozmente a mídia húngara, restringe os direitos de ONGs, e tem usado mudanças arbitrárias nas leis eleitorais para manipular resultados. A declaração de estados de emergência, motivada pela pandemia e conflitos externos,51 tornou seu governo praticamente autocrático, assim como sua capacidade de governar por meio de decretos.

Como Trump poderia imitar isso? As limitações estruturais à autocracia de Trump são consideráveis. A democracia nos EUA, com sua complexidade e divisões federais, resiste a uma erosão rápida como a vivida na Hungria. A diversidade dos meios de comunicação e a necessidade de aprovação do Senado para algumas nomeações ainda conferem um grau de supervisão e resistência a abusos de poder.

O Impacto e o Desafio das Oligarquias

Um aspecto crucial da ascensão de Trump, como demonstrado pela influência de Elon Musk, associa-se à questão da oligarquia e do potencial para abuso de poder corporativo. A recente legislação na Ucrânia sobre a "desoligarquização" revela como esses interesses podem comprometer a democracia. A influência de Musk, que se destaca como um verdadeiro oligárquico moderno, almeja um espaço próprio no governo, embora não tenha sido eleito ou formalmente nomeado.

Os negócios de Musk não estão apenas profundamente interligados à política, como SpaceX e Tesla, mas também oferecem uma perspectiva única de autonomia em relação ao governo. Ele não deriva sua riqueza diretamente de relações com o poder, como é o caso de muitos oligarcas do leste europeu, mas suas interações com o governo podem transformar as normas políticas e administrativas.

Dessa maneira, sua atuação pode colonizar espaços que tradicionalmente pertencem ao Estado. Por exemplo, Musk interveio em questões não apenas de política doméstica, mas também nas relações internacionais, levando um ex-primeiro-ministro israelense a chamá-lo de "presidente não oficial".

O Futuro da Democracia Americana em Tempos de Mudanças

Enquanto o cenário húngaro demonstra o caminho que a autocracia pode seguir, a democracia americana, mesmo sob pressão, possui uma resiliência levemente mais forte. A fragmentação do apoio à Trump e a competição de interesses, como os da nova elite econômica representada por Musk, oferecem um panorama complexo e variável.

A capacidade de Trump de solidificar seu poder ainda enfrenta desafios significativos. Apesar de sua base de apoio, sua relação com a cúpula do partido republicano não é tão consolidada quanto a de Orban sobre seu partido Fidesz. E, embora o crescimento de um regime baseado em lealdade tenha sido sua estratégia, as dinâmicas de poder no marco democrático dos EUA permanecem como obstáculos a um controle total.

Os perigos que a democracia enfrenta vão além de Trump em si; são a combinação das forças populistas e a ascensão de figuras oligárquicas como Musk que criam um novo paradigma. Embora a democracia americana esteja longe de um colapso total, a formação de novas alianças e a combinação de interesses econômicos e políticos prometem um futuro repleto de incertezas.

Ao refletirmos sobre esses desafios, é essencial que cidadãos e líderes permaneçam vigilantes e críticos, buscando garantir que os valores democráticos sejam preservados em face de quaisquer tentativas de erosão.

O que você pensa sobre a crescente influência de figuras como Trump e Musk na política americana? Como você acredita que a democracia pode ser protegida em tempos de mudança rápida? Compartilhe suas opiniões e vamos juntos discutir o futuro da nossa sociedade.

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