A Era do Nacionalismo e o Futuro da Política Externa dos EUA
Nos últimos anos, a presidência de Donald Trump trouxe à tona reflexões profundas sobre os rumos da política externa dos Estados Unidos. Assim como em 2016, muitos se perguntam: como Trump lidará com potências como China e Rússia, além de países emergentes do Sul Global como a Índia? Neste cenário, a política externa americana enfrenta um período de incertezas, mas já podemos olhar para seu primeiro mandato como um indicativo do que está por vir.
O Legado de Trump: Uma Figura Transformacional
Trump volta à Casa Branca, solidificando sua posição como uma figura que redefine a história americana. Presidentes como Franklin D. Roosevelt e Ronald Reagan marcaram épocas em que reconfiguraram a função do governo e a política externa dos EUA de maneiras duradouras. Enquanto Roosevelt estabeleceu a liderança americana em uma ordem multilateral, Reagan buscou maximizar o poder militar e econômico do país. Com Trump, entramos na era do nacionalismo — um período que, claramente, é diferente dos anteriores.
Desde a crise financeira de 2008, observamos uma reviravolta global em direção ao nacionalismo, caracterizada por um aumento do protecionismo e do fechamento de fronteiras. Líderes nacionalistas ganharam destaque em várias partes do mundo, assim como Trump fez nos EUA.
O Papel da Política Externa Americana
Em vez de desafiar essa nova onda de nacionalismo, os EUA, tanto sob Trump quanto sob o presidente Joe Biden, têm se concentrado em consolidar seu poder enquanto tentam restringir o crescimento da China. Estrategicamente, a produção de empregos ou o crescimento econômico de forma global nem sempre foi a prioridade. Em vez disso, a administração adotou tarifas e controles de exportação para diminuir a influência econômica da China. Essa lógica reflete uma transição de uma interdependência econômica para uma resiliência de cadeias de suprimento, movendo-se para uma competição por fatias do mundo econômico, o que muitas vezes exacerba as tensões.
Nacionalismo em Ascensão
Os desafios globais, como mudança climática e desigualdade econômica, não podem ser enfrentados apenas com uma ênfase em interesses americanos, porque essa abordagem frequentemente ignora a complexidade das crises que afetam países em desenvolvimento. A ascensão do nacionalismo econômico e etnonazionalismo afeta a dinâmica internacional e, se não for tratada, pode perpetuar um ciclo de instabilidade.
A Contraposição aos Ideais Internacionais
Quando os EUA derrotaram as potências do Eixo em 1945, havia um consenso de que a ordem imperial antiga já não servia aos interesses da paz mundial. Roosevelt, em sua visão, acreditava que a nova ordem internacional deveria ser construída sobre instituições multilaterais que garantissem uma segurança e prosperidade compartilhadas.
Este ideal começou a desmoronar após o fim da Guerra Fria em 1991, quando os EUA passaram a priorizar sua própria supremacia em detrimento das instituições internacionais. O resultado foi um apagamento das esperanças em uma ordem global justa.
O Impacto da Crise Financeira de 2008
A crise de 2008 teve profundas repercussões na política mundial. Enquanto os EUA buscavam estabilizar sua economia por meio de pacotes de resgate, outros países enfrentavam acumulações insustentáveis de dívida soberana. Essa situação desencadeou um ciclo em que o nacionalismo começou a prosperar, à medida que políticos carismáticos passaram a culpar imigrantes e as elites por problemas econômicos.
No atual cenário, lideranças de várias nações recorreram a políticas protecionistas, buscando defender seus interesses, enquanto a ascensão de líderes como Viktor Orban na Hungria e Narendra Modi na Índia reflete essa inclinação.
Uma Nova Guerra Fria?
Durante seu primeiro mandato, Trump não apenas se beneficiou dessa ressurgência do nacionalismo, mas também a ampliou. Sua estratégia de segurança nacional de 2017 enfatizava uma política "America First", posicionando os interesses norte-americanos acima do bem global. As ações tomadas nesse período, como saídas de tratados internacionais e a implementação de tarifas sobre produtos chineses, intensificaram um combate que já era inevitável.
Biden pretendia uma virada em relação a essa filosofia, mas logo se encontrou preso na mesma teia nacionalista. Suas políticas, embora parecessem mais voltadas para a cooperação, acabaram subordinadas à necessidade de conter a China.
A Ideologia da Competição
O discurso nacionalista não só empoderou corporações já existentes, mas também exacerbou a desigualdade que alimenta essa mesma narrativa. Considerações sobre governos e suas interações com instituições internacionais muitas vezes foram ignoradas, resultando em políticas que não levam em conta os problemas mais amplos enfrentados por países em desenvolvimento.
Uma Nova Abordagem: Cooperação em vez de Competição
Se os EUA realmente desejam enfrentar os problemas globais de forma impactante e significativa, é vital repensar sua estratégia atual. O futuro não deve se resumir a uma competição com a China ou a marginalização de países em desenvolvimento. Em vez disso, deveria se basear em uma visão internacionalista que promova a cooperação e fortaleça as economias e os direitos humanos globalmente.
Para isso, algumas ações poderiam ser consideradas:
- Apoio ao Desenvolvimento Sustentável: Engajar-se com o FMI e o Banco Mundial para oferecer alívio da dívida aos países africanos e reestruturar economias em dificuldades.
- Criação de Alianças Estratégicas: Trabalhar ao lado de nações do Sul Global para enfrentar desafios comuns, como a mudança climática e a desigualdade econômica.
- Promoção de um Diálogo Aberto: Fomentar discussões que visem compreender as preocupações das nações em desenvolvimento, em vez de simplesmente vê-las como peças em um tabuleiro geopolítico.
Ao adotar essa nova abordagem, os EUA têm a chance de não apenas redefinir seu papel no mundo, mas também de estabelecer um caminho que leve a um futuro mais pacífico e próspero para todos.
Reflexões Finais
Sair da era do nacionalismo não é apenas uma questão de reformular estratégias de política externa; é um chamado a um tipo de liderança mais engenhosa e colaborativa. Em um mundo cada vez mais interconectado, onde os problemas são globais, o antimaterialismo do nacionalismo se torna um obstáculo à paz e à prosperidade. A busca por soluções de cooperação não é apenas desejável, mas necessária para construir um futuro melhor para as próximas gerações.
Estamos prontos para essa mudança? O que você pensa sobre a política externa dos EUA atualmente? É hora de embarcar em um diálogo construtivo sobre como podemos avançar coletivamente, em vez de nos segurarmos em uma competição desnecessária. Compartilhe seus pensamentos e contribuições nos comentários!